Selo GP - Rodrigo Roreli Laço
Fundação: Francisco Gabriel
Bié Barbosa
Alcance, credibilidade e
imparcialidade, desde 84
ANO 41
Nº 2047
21/11/2024


GENTE PENSANTE
Bié Barbosa

Bié Barbosa

GENTE PENSANTE BIÉ BARBOSA, jornalista e publicitário (UFMG), nascido em Pará de Minas em 22/11/53, é casado com Maíza Lage com quem tem 4 filhos. SEU LEMA: “O SENHOR É MEU PASTOR, NADA ME FALTARÁ”!


O editor GP escreve mais uma crônica: Quando a claridade é invadida por um triste breu

VEJA NA EDIÇÃO 1820: NAS BANCAS DE 19/06 A 25/06.

Veja também a crônica deste mesmo colunista da edição 1819 abaixo: 

NO FIM DA VIDA, SERÁ QUE SOBRA ALGO QUE A GENTE ACHE REALMENTE IMPRESCINDÍVEL?

O encontro de pessoas de 3ª idade foi bem divulgado e com bastante antecedência. Diante disso, esperava-se, no mínimo, umas 100 pessoas, ainda mais se levasse em conta que o palestrante era um renomadíssimo psiquiatra. Tudo bem que tinha de pagar ingresso, mas o preço era bem em conta, compatível com os preços praticados para assistir a uma peça teatral com atores desconhecidos da grande mídia. Ledo engano dos experientes realizadores, uma vez que havia menos pessoas ali do que metade que era esperado e, mesmo assim, em caso de não dar ibope. A produtora de cabelos vermelhos olhou pela fresta da cortina, também carmim, e sentiu um aperto no coração. Falou para o auxiliar, ao seu lado:

- Putz, tanto tempo, dinheiro e patrocinadores jogados no lixo. Não têm 50 pessoas na plateia. Melhor preparar o palestrante que, com certeza, está esperando casa cheia. Daí a pouco, ela entrou no camarim, meio esbaforida, e disse:

- A notícia não é nem um pouco boa, mas tenho que lhe dizer, para preparar o seu espírito...

O psiquiatra ouviu aquilo e foi direto ao ponto:

- Quantas pessoas?

- Se tiver 50 é muito...

- Então, ao invés de palestra, vou fazer outra coisa e não usarei o microfone nem o data show.

Daí a pouco, diante daquela plateia estátical, ele convidou a todos para subirem ao palco, brincando:

- Hoje, as estrelas são vocês!

Fez ali um círculo, quando cada uma daquelas trinta e duas pessoas, com mais de 60 anos, falava algo bem sincero sobre o envelhecimento, à medida que era anunciada pelo psiquiatra. As frases não foram nem um pouco animadoras. Disseram, entre muitas outras, coisas assim:

- Minha mãe dizia que a gente tem de temer a velhice mesmo, porque ela nunca vem sozinha... Nada mais certo!

- Eu estou aqui, porque arte e cultura são confortos para quem está velha como eu.

- Vim até aqui pensando em diminuir a amargura que é ficar velha...

- Quando eu era novo, achava elegante quem usava bengala. Hoje, porém, usando a minha, vi que ela não passa de uma séria necessidade.

Muito ainda se falou sobre a velhice, até que o psiquiatra encerrou o encontro de menos de 60 minutos, citando, de maneira oportuna e brilhante, o compositor e cantor Osvaldo Montenegro:

- Gente, ficar velho é sacar a nossa própria desimportância e, por isso, ficar mais solto!

E você, já percebeu que as coisas que hoje são imprescindíveis na sua vida, na hora de partir não terão mais a menor importância? Uma boa leitura!

Mais da Gazeta

Colunistas