BIÉ BARBOSA, jornalista e publicitário (UFMG), nascido em Pará de Minas em 22/11/53, é casado com Maíza Lage com quem tem 4 filhos. SEU LEMA: “O SENHOR É MEU PASTOR, NADA ME FALTARÁ”! |
VEJA NA EDIÇÃO 1824: NAS BANCAS DE 17/07 A 23/07.
Veja também a crônica deste mesmo colunista da edição 1823 abaixo:
O CAMINHAR A 2 E O CONFLITO DAS EDUCAÇÕES RECEBIDAS
Na pequena estrada de terra, emoldurada por buganvílias floridas - brancas, vermelhas e arroxeadas - as duas amigas caminhavam e conversavam. Aproveitaram que os maridos também haviam conversado até altas horas, bebendo, no hotel-fazenda, onde estavam hospedados em 2ª lua de mel, e agora dormiam. Quando passavam sobre uma pinguela de madeira, que quase beijava as claríssimas águas do riacho de nome Soberbo, a mulher de rabo chamou a atenção da mulher de coquinho para as folhas amareladas e amarronzadas de todos os formatos que passavam velozes, carregadas pelas águas, abaixo de seus pés. Disse:
- Acho lindo este tom amarelado que o inverno dá às plantações. Olha só isso!
- Lindo demais! Você já esteve na Europa, durante o inverno?
- Deus me livre! Odeio frio e só vou ao Velho Mundo, durante o verão.
A mulher de coquinho comentou:
- Você não sabe o que está perdendo. É simplesmente maravilhoso! As folhas todas, sem exceção, amarelam-se de uma só vez e cobrem o chão como um tapete vangogueano.
- Vou deixar esse tapete só pra você, amiga (muitos risos). Mudando de assunto, vou confidenciar uma coisa a você. Já achava, mas depois de casada, tenho achado grande, e cada vez maior, a diferença de educação que eu recebi em minha casa, da educação recebida pelo fulano, na casa dele. Isso tem gerado algumas pedrinhas no meio desse nosso caminhar a 2.
- Nem me fale! Estou vivendo o mesmo drama e vou confidenciar, também, uma coisa a você: estou achando bem difícil, viu? Você conhece a minha família e sabe como a coisa é lá em casa. Meus pais sempre foram bem liberais. Desde pequena, fui incentivada a ter ideias próprias e, inclusive, a debatê-las com os meus pais e irmãos, de forma bem aberta, durante as refeições. Entrei em uma família, onde o pai fala uma coisa e ninguém pode ir contra. O pior é que todos devem pensar diferentemente dele, mas ninguém tem coragem de enfrentar a fera. Muito diferente, quilômetros de distância, da educação que recebi...
A mulher de rabo disse:
- Eu entendo muito bem o que você está me falando, pois estou vivendo exatamente a mesma coisa, só que ao contrário. Ou seja, a minha família me deu uma criação mais repressora e a do cicrano foi bem mais liberal. Enfim, o oposto do seu caso, mas o mesmo e velho conflito.
- Tamo juntas, então! (mais risos).
E você, acha muito diferente a educação que você recebeu daquela recebida por seu cônjuge? Uma boa leitura!