BIÉ BARBOSA, jornalista e publicitário (UFMG), nascido em Pará de Minas em 22/11/53, é casado com Maíza Lage com quem tem 4 filhos. SEU LEMA: “O SENHOR É MEU PASTOR, NADA ME FALTARÁ”! |
VEJA NA EDIÇÃO 1847: NAS BANCAS DE 25/12 A 31/12. DEPOIS, SÓ NA GAZETA. Veja também a crônica deste mesmo colunista da edição 1846 abaixo:
O PESADO FARDO DE CARREGAR UMA CULPA, MESMO NÃO SENDO CULPADO...
Colegas de faculdade, os 2 estudantes tiveram diferentes recepções no mercado de trabalho. O mais alegre, ainda no 4º período, já estava contratado como estagiário remunerado, coisa rara na área profissional que eles escolheram. O menos alegre sofria, desde então, porque faltavam apenas 2 meses para a formatura e ele não havia conseguido ainda pular da teoria da universidade federal, para a prática, no mercado de trabalho. Passada a grande noite de formatura os 2, como os outros demais 17 colegas que chegaram à reta final do curso, naturalmente, se distanciaram. O rapaz mais alegre, porém, sentia falta da convivência diária com o colega menos alegre. Comentou com sua esposa, no café da manhã:
- Nunca mais vi o fulano... Até o dia da nossa formatura ele ainda não tinha conseguido colocação no mercado.
A esposa, advogada, disse-lhe:
- Lembra que sua mãe avisou, antes do vestibular, que o mercado de vocês é muito restrito, uma verdadeira panelinha? Ainda bem que você teve sorte! Sem contar que também é inteligente, né? Me puxou... (riso).
Coincidência ou não, exatamente naquele mesmo dia, surgiu uma vaga na empresa onde o rapaz mais alegre trabalhava. Ao saber dela, procurou o departamento de RH - Recursos Humanos e sugeriu o nome do colega, ainda desempregado. Em seguida, ligou para ele e deu a notícia da oportunidade, sugerindo que ele enviasse rapidamente o currículo e demais dados. 2 dias depois, o colega já estava na última fase da seleção com a vaga sendo disputada entre ele e apenas mais um candidato. No outro dia, saiu a boa nova, quando o amigo que o indicou correu, para lhe dar a notícia:
- Ei, você foi o escolhido! Vai trabalhar comigo!
Comemoraram aos gritos e, como era sexta-feira, combinaram de se encontrar no barzinho perto da faculdade, como nos velhos tempos. Sentaram-se, beberam, comeram petiscos, contaram muitos casos e falaram do sonho de trabalharem juntos. Lá pelas tantas, tudo que falavam era motivo de muitos risos. Riam tanto que até choravam. De repente, o moço menos alegre parou de gargalhar, ficou seríssimo e falou:
- Vamos parar com isso! Rir demais assim não é bom...
- Como assim? O que aconteceu?
- Nada não... É que eu me lembrei que eu estava também muito feliz, rindo muito, durante a 1ª vitória do Lula, quando me ligaram para me avisar que o meu pai tinha morrido.
- Que isso, cara? Uma coisa não teve nada a ver com a outra. Tire essa culpa das costas. Ele não morreu, porque você estava alegre, claro que não... Pare com isso, pelo amor de Deus!
E você, já se culpou por alguma coisa, mesmo sabendo que não ela aconteceu por sua culpa? Uma boa leitura!