BIÉ BARBOSA, jornalista e publicitário (UFMG), nascido em Pará de Minas em 22/11/53, é casado com Maíza Lage com quem tem 4 filhos. SEU LEMA: “O SENHOR É MEU PASTOR, NADA ME FALTARÁ”!

VEJA NA EDIÇÃO 1853: NAS BANCAS DE 12/02 A 18/02. DEPOIS, SÓ NA GAZETA. Veja também a crônica deste mesmo colunista da edição 1852 abaixo:

QUE FORÇA É ESSA,  BEM MAIOR QUE A PRÓPRIA VONTADE DA GENTE?

O pomar ali era grande e bem cuidado, cheio de mangueiras, laranjeiras, bananeiras, mamoeiros, abacateiros, mexeriqueiras e tantos outros pés de frutas, que sempre enfeitam todas as mesas e aparadores daquela centenária fazenda. Isso, sem falar que, após as duas principais refeições do dia, eram servidos, na maioria das vezes, doce de leite, acompanhado de frutas picadas, como laranjas e mamão. Esses não faltavam, por ser a mais apreciada sobremesa de todos, naquela grande e unida família. Mas tinha também doces de laranjas, de mangas, de goiabas, de figos, dentre outros, entremeados a assuntos, geralmente, políticos, após as refeições. Naquela sexta-feira das férias, além da família, a filha do meio, professora, havia convidado a prima psicóloga, para passar com eles uma temporada. Por sinal, pelo menos uma vez por ano, ela passava uma ou até duas semanas com esses parentes queridos. Sabe daqueles primos que são criados juntos, apesar de morarem em casas diferentes? Pois, morando na mesma rua, as duas primas viveram quase todas as experiências da infância e adolescência juntas. Naquela sexta-feira, após o barulhento e alegre jantar, as duas sentaram-se na mesma rede de casal, na larga varanda, entupida de belas e espessas samambaias. penduradas na grossa madeira que sustenta o velho telhado. Ali, longe de todos, ouvindo apenas o som estridente das cigarras e das rãs no brejo, ao longe, sem contar o chiado da rede de casal, a professora confidenciou para a parente psicóloga:

- Até a uns dias atrás, eu acreditava que eu decidia sobre a minha vida pessoal e profissional. Hoje, porém, sinto que há uma força muito mais poderosa que o meu livre arbítrio, mas nem sei que nome dar a ela... Minha mãe me disse que essa força maior é Deus... O que você acha?

Disse a psicóloga:

- Olha, não vou entrar nessa questão religiosa da nossa família... Dentro do que eu estudei e continuo estudando, essa força chama-se desejo e tem até endereço. Ele reside no inconsciente de todos nós, é realmente poderosa e ataca todo mundo, quando à meia luz. E somos capazes de fazer coisas extremamente vergonhosas que, quando voltamos à clara luz, achamos até que não fomos nós mesmos que fizemos aquilo... Nessas horas, ficamos achando que somos até duas pessoas diferentes e contraditórias. Aí, vêm essas interpretações religiosas, inclusive atribuindo tais atitudes ao demo...

E você, que nome daria à essa coisa que foge ao nosso controle racional, por ser totalmente emocional? Uma boa leitura!

O editor GP escreve mais uma crônica: O que haverá depois desta vida, no planeta Terra?