BIÉ BARBOSA, jornalista e publicitário (UFMG), nascido em Pará de Minas em 22/11/53, é casado com Maíza Lage com quem tem 4 filhos. SEU LEMA: “O SENHOR É MEU PASTOR, NADA ME FALTARÁ”!

VEJA NA EDIÇÃO 1856: NAS BANCAS DE 05/03 A 11/03. DEPOIS, SÓ NA GAZETA. Veja também a crônica deste mesmo colunista da edição 1855 abaixo: 

OS ETERNOS CONFLITOS ENTRE PAIS E SEUS FILHOS ADOLESCENTES

Há mais tempo, o pai vinha preocupando-se demais com o comportamento do filho adolescente prestes a fazer as provas do Enem. Com as escolas fechadas e os professores do cursinho dando aulas online, aquele pai percebeu que o interesse do rapaz pelos estudos estava cada dia menor. Talvez até já fosse assim, mas, no tempo em que o filho ainda ia para a escola, não via de perto o que poderia estar acontecendo. Ou seja, como a grande maioria dos pais, transferia para a escola o papel de também educar e não apenas ensinar. Por comodismo, misturou o importante papel de educar, que é dos pais. com o, dos professores, não menos importante, que é o, de ensinar. Deixou, assim, a educação do filho por conta da escola, quem nunca educa, apenas ensina. Agora, porém, com a pandemia, estava vendo, diariamente, o mau resultado de sua criação ausente. Para passar aquela situação a limpo, aproveitou o fim de semana em que a sua família visitaria os avós paternos, na roça. Chegando lá, à noite, enquanto sua esposa tomava banho no banheiro sem box e piso de vermelhão, e ele usava o vaso sanitário, falou pra ela, após puxar uma corrente fina que descia de uma pequena caixa d’água de plástico na parede, fazendo cair o líquido que afogou, ruidosamente, as suas fezes:

- Vou aproveitar que estamos aqui na roça para conversar com o nosso filho. O que você acha?

Ela implorou, limpando com as mãos a espuma do shampoo, que escorria alva sobre toda a sua face:

- Pelo amor de Deus, não vai dar certo isso. Nosso filho está vivendo o mais difícil momento da vida – a adolescência - e vai se rebelar. Poupe os seus pais dessa discussão familiar. Falaremos com ele, quando voltarmos, pode ser?

Mas foi como se ela não tivesse dito nada, porque o cabeça dura, na hora do jantar, à beira do grande fogão de lenha, com o cheiro forte de querosene vindo das lamparinas, anulando, quase que totalmente, o aroma do frango caipira com quiabo, ele disse para o filho, de repente:

- Tenho observado que você não está levando a sério os seus estudos para fazer o Enem.

O rapaz respondeu, em tom áspero e embolado:

- Sei muito bem o que estou fazendo...

- Olha aqui, rapazinho - bradou o pai em tom mais elevado.

O garoto empurrou o prato com força sobre a mesa, arrastou pra trás a pesada cadeira e correu para o quarto.

A mãe, enfermeira de curso superior, pediu desculpas aos sogros e falou, virando-se para o marido:

- Eu avisei... Adolescente não tem dúvida sobre o que ele vê e sente. Está tudo à flor da pele. Faltam-lhe, ainda, as virtudes da maturidade, que só são aprendidas com os tapas da própria vida. Não adianta forçar...

E você, como vê esses eternos conflitos entre pais e seus filhos adolescentes? Uma boa leitura!

O editor GP escreve mais uma crônica: As dificuldades diárias de se viver junto com alguém