GENTE PENSANTE
BIÉ BARBOSA, jornalista e publicitário (UFMG), nascido em Pará de Minas em 22/11/53, é casado com Maíza Lage com quem tem 4 filhos. SEU LEMA: “O SENHOR É MEU PASTOR, NADA ME FALTARÁ”! |
VEJA
NA EDIÇÃO 1858: NAS BANCAS DE 19/03 A 25/03. DEPOIS, SÓ NA GAZETA. Veja também a crônica deste mesmo colunista da edição 1857 abaixo:
O PRAZER DE TORNAR-SE INDEPENDENTE, AINDA QUE A DURAS PENAS
Ainda jovem, o rapaz de cabelos descoloridos, conseguiu, depois de muita insistência, a autorização de seus pais para morar no exterior, 9 horas distante da casa onde ele nasceu e havia morado, até então. Na despedida, no aeroporto, após o choro descontrolado da mãe, que realmente estava sofrendo de ver o primogênito, com apenas 16 anos, dar um voo tão alto em sua vida. Por sua vez, a despedida do pai foi mais seca, chamando o garoto à responsabilidade:
- Até aqui, você teve tudo de mãos beijadas, inclusive dinheiro para cobrir as suas despesas extras, que não são poucas, não é? Agora, vou enviar tantos dólares para você, todo mês, e eles têm de dar. Na casa de seus novos pais, eles vão dar a você apenas casa e comida. O resto é com você! Então, economize para o seu dinheiro durar até o fim do mês. Espero que você cresça com esta experiência, tornando-se um homem de verdade!
Ainda assustado com o que acabara de ouvir, aquele rapaz começou a receber os abraços dos muitos amigos, irmãos e parentes que também foram se despedir dele. Aí, a alegria e a farra acabaram reinando, com muitos balões de gás verdes e amarelos e faixas azuis e vermelhas, com escritos em inglês. Antes de entrar para a Sala de Embarque, ele olhou para trás, sorriu amarelado e, aí, chorou, mas, rapidamente, seguiu em frente. Ao chegar no outro país, ficou bastante alegre com tantas novidades: casa, família, irmãos, escola de 1° mundo, comida e até temperatura diferente. Tudo novo e ele delirava, dia após dia, por estar sendo, pela 1ª vez, o dono de seu nariz. Porém, do 3° mês em diante, sentiu o 1° baque, porque o dinheiro extra, ganhado dos parentes e da própria mãe, acabou-se e ele teria de viver só da mesada, como alertara seu pai. Aí, nos fins de semana, ao sair com os amigos estrangeiros, muitas vezes dizia que não queria comer ou beber algo, quando, na verdade, estava morrendo de vontade. E o pior: tinha de ficar ali, na mesa do bar, sentindo o cheiro e vendo os outros sorrindo felizes e mastigando. Numa dessas noites, quando os amigos comeram o prato que ele mais amava – pizza, ao voltar para casa, sozinho, cabisbaixo, ele não acreditou no que viu no chão, sobre a neve: uma nota de 20 dólares. Piscou os olhos duas vezes, para acreditar no que via. Depois, apanhou, rapidamente, a verde nota, voltou para o restaurante, pediu uma pizza grande, devorou-a e ainda ficou com 9 dólares de troco...
E você, lembra-se da 1ª vez que sentiu-se o prazer de ser independente de seus pais? Uma boa leitura!
O editor GP escreve mais uma crônica: Há sempre uma dor ainda maior que a minha, que a sua, que a nossa