GENTE PENSANTE
BIÉ BARBOSA, jornalista e publicitário (UFMG), nascido em Pará de Minas em 22/11/53, é casado com Maíza Lage com quem tem 4 filhos. SEU LEMA: “O SENHOR É MEU PASTOR, NADA ME FALTARÁ”! |
VEJA
NA EDIÇÃO 1864: NAS BANCAS DE 30/04 A 06/05. DEPOIS, SÓ NA GAZETA. Veja também a crônica deste mesmo colunista da edição 1863 abaixo:
AFINAL DE CONTAS, ESSE SENTIMENTO CHAMADO SAUDADE TEM A VER COM O QUÊ?
No interessante encontro online de pessoas, casadas e solteiras, a tela dos celulares, tablets ou computadores deles se dividiram em 9 quadrados iguais. Um deles, mais central, foi ocupado pelo psicanalista zen budista que trazia um sorriso constante nos lábios, mostrando grandes dentes alvos sobre a pele cor de madeira escura, como os indianos, e turbante na cabeça. Os outros 8 quadrados da tela foram ocupados pelos participantes, todos com idades entre 35 e 40 anos. O psicanalista perguntou: - Como estão todos vocês? O cara bem-humorado brincou: - Estamos aqui, cada um no seu quadrado (risos). O dirigente do grupo continuou, já que nenhum outro casal disse mais nada: - Espero que todos estejam bem e dispostos a enfrentar mais uma maratona de 60 minutos. Hoje, cada um de vocês vai me falar sobre a saudade. Quem será o 1º ou a 1ª a se pronunciar? A mulher loura, com a pele do rosto esticada e sem expressão, falou: - Quando eu perdi o meu irmão, achei que saudade tinha a ver com o tempo. Ou seja, ele passaria e a minha dor diminuiria, mas ela só aumentou (lágrimas). Então. entendi que saudade não tem nada a ver com o tempo... Um homem, já com vários cabelos brancos e pele mostrando que o tempo o castigou mais que os outros, falou: - Eu até já falei isso para a minha mulher... mas não sei se ela se lembra... (deu uma olhada pra cima, no quadrado ocupado pela esposa). Acho que saudade tem a ver com a distância. Ela surge, quando desaparece o abraço, o cheiro, a proximidade... A esposa dele complementou: - Lembro-me sim e concordo: saudade tem a ver com qualquer tipo de separação... A mulher, com os cabelos raspados do lado direito da cabeça e longos do outro, falou com sua voz roucamente poderosa: - Eu concordo com isso da distância. Eu e o meu marido, por exemplo, brigamos muito e aí nos distanciamos. Não fisicamente, mas emocionalmente. Nessas horas, voltamos a sentir o afeto que nos une e, momentaneamente, parece que deixou de existir. Ou seja, a distância tem esse poder insuperável de fazer a gente esquecer das coisas ruins e só nos lembrarmos das boas... E você, acha que saudade tem mais a ver com o quê? Uma boa leitura!
O editor GP escreve mais uma crônica: A pandemia e a realidade da desigualdade