BIÉ BARBOSA, jornalista e publicitário (UFMG), nascido em Pará de Minas em 22/11/53, é casado com Maíza Lage com quem tem 4 filhos. SEU LEMA: “O SENHOR É MEU PASTOR, NADA ME FALTARÁ”!

VEJA NA EDIÇÃO 1868: NAS BANCAS DE 28/05 A 03/06. DEPOIS, SÓ NA GAZETA. Veja também a crônica deste mesmo colunista da edição 1867 abaixo: 

O LIVRO, A INVENÇÃO DA ESCRITORA E A VERDADE DO AMIGO

Naquela manhã de céu lindo, todo azul, sem nenhuma nuvem, a escritora e seu marido receberam a visita inesperada de um amigo querido, acompanhado de mais 3 pessoas da família dele. A anfitriã, que ama surpresas, conduziu todos para o belo jardim, onde ficaram protegidos do sol, por meio de um grande ombrelone. Conversaram e riram muito, enquanto tomavam vinho verde, seco, que os visitantes levaram, deliciando-se com pequenas e ligeiramente ácidas porções de frutos do mar, preparadas pelo anfitrião. Ao ouvir a anfitriã elogiar o delicioso sabor do vinho, o visitante, adorando o elogio, explicou:

- Este vinho é de Portugal que, para mim, são os melhores do mundo. Os franceses têm fama, mas não se comparam com os portugueses.

Daí a pouco, o marido da escritora, renomado médico, anunciou que sua esposa iria lançar um novo livro, ainda naquele mês. O visitante, que de papas na língua não tem nada, comentou:

- Virá em boa hora, porque eu acabei de ler o anterior.

A escritora perguntou:

- E o que você achou?

- Achei que você está, cada vez mais, criativa, ao fazer uma biografia. Pelo que eu percebi - porque eu também conheci de perto aquele personagem - você andou inventando alguns trechos (riso irônico).

O marido da escritora riu também e acrescentou:

- Escritor é assim mesmo. Se não tem sobre o que escrever, inventa… (novos risos).

A escritora nada disse. Sequer perguntou que trechos seriam esses que ela teria inventado. Em seguida, levantou-se da mesa e anunciou:

- Vou preparar alguns petiscos diferentes desse.

Na cozinha, enquanto fatiava queijos variados, sua mente cozinhava algo para dar uma resposta ao que acabara de ouvir. Ao retornar falou, olhando profundamente, nos olhos do visitante:

- Você está certo, fulano. Realmente, criei algumas cenas, para tornar a leitura mais atraente. Mas saiba que tudo aquilo que não aconteceu no passado do personagem, passou a acontecer no presente do livro, depois de seu lançamento. Sou como escreveu, lindamente, o português Fernando Pessoa, sobre si mesmo: O poeta é um fingidor. / Finge tão completamente / Que chega a fingir que é dor / A dor que deveras sente...

E você, como reage às verdades que só são ditas pelos amigos verdadeiros? Uma boa leitura!

O editor GP escreve mais uma crônica: Será que as pessoas empoderadas vão, realmente, mudar, depois que tudo isso passar?