BIÉ BARBOSA, jornalista e publicitário (UFMG), nascido em Pará de Minas em 22/11/53, é casado com Maíza Lage com quem tem 4 filhos. SEU LEMA: “O SENHOR É MEU PASTOR, NADA ME FALTARÁ”! |
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Veja também a crônica deste mesmo colunista da edição 1904 abaixo:
NÃO ESCORREGUE FEITO QUIABO, NA HORA DE FALAR DE VOCÊ
Aquela mulher de aproximados cinquenta anos estava ansiosa à espera de sua 1ª consulta psiquiátrica. Debateu-se muito consigo mesma até conseguir ter esse enfrentamento. Se ela pudesse, nem teria marcado a consulta, mas a dor que sentia no coração estava constante demais. Porém, o empurrão que faltava quem deu foi cardiologista dela, ao afirmar, com todas as letras, que ela não tinha absolutamente nada no coração. Disse-lhe:
- Às vezes, a dor no coração vem por motivos psicológicos, psicossomáticos, o que não tem nada a ver com ele mesmo, entende? Você, por acaso, não estaria passando por um momento difícil, seja pessoal, profissional ou de relacionamento conjugal?
Ao ouvir aquilo, a paciente cruzou rapidamente seus braços e pernas, dificultando a boa comunicação. Mentiu:
- Não! Está tudo óootimo comigo, tanto no meu trabalho, como em casa (longo suspiro).
Dias depois, porém, estava ela ali, naquela pequena sala alaranjada, com forte cheiro de incenso indiano, se preparando para enfrentar a fera maior: o psiquiatra. Quando a porta se abriu, saiu de lá um paciente de pouca altura, que passou por ela com a cabeça baixa, sem lhe dirigir o olhar, deixando-a mais desconfortável ainda. Nessa hora, ela começou a balançar, nervosamente, a perna direita. Daí a pouco, surgiu na mesma porta um homem muito alto, de quase dois metros que a cumprimentou, perguntou o nome dela e solicitou que ela entrasse. Após sentar-se no divã grená, ele lhe perguntou:
- O que você deseja?
Ela pensou e, depois, respondeu:
- Como escreveu a ucraniana Clarisse Lispector, as pessoas mais felizes não têm as melhores coisas, mas elas sabem tirar o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos...
O psiquiatra não exteriorizou espanto com a incomum resposta, fazendo logo outra pergunta:
- Alguma dor nesses seus caminhos?
- Sabe o que escreveu o alfacinha (*) Fernando Pessoa sobre a dor? Que a vida é uma alegria corrida, entre as dores do parto e do infarto!
O psiquiatra não desistiu de entrar no íntimo da culta cliente, fazendo nova pergunta:
- O que você vai me responder agora sobre esta pergunta que eu vou lhe fazer: o que você veio fazer aqui?
- Eu não sei o que quero ser, mas sei muito bem o que quero me tornar, escreveu o filósofo alemão Nietzsche.
Desta vez, o psiquiatra fisgou a nova paciente:
- Quando uma pessoa fica só citando frases de outras pessoas é porque não quer falar de si mesma. Pode ser inibição, mas também pode ser medo... Seja o que for, é melhor a pessoa ter uma opinião, ainda que irrelevante, do que ficar se escondendo, por detrás das falas de filósofos, poetas e escritores. Aprende-se a falar, falando, e não citando. Não há outro caminho...
E você, também costuma escorregar, que nem quiabo, ao falar sobre si mesmo(a)?
UMA BOA LEITURA!
(*) Alfacinha é um dos termos usados para designar quem nasce em Lisboa/Portugal.
O editor GP escreve mais uma crônica: VOCÊ SENTE-SE CULPADO POR ESSA DESEMANA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA NO BRASIL?