BIÉ BARBOSA, jornalista e publicitário (UFMG), nascido em Pará de Minas em 22/11/53, é casado com Maíza Lage com quem tem 4 filhos. SEU LEMA: “O SENHOR É MEU PASTOR, NADA ME FALTARÁ”! |
* VOCÊ ENCONTRA A GAZETA NAS SEGUINTES PADARIAS: BARIRI (São José), CAFÉ COM LEITE (São Luiz) e FRANÇA (rua Direita); * MERCEARIA DONA BENTA (São José) * NAS BANCAS: FELIPE (em frente à EE Governador Valadares); FRANCISCO (em frente ao Santander); LEONARDO (praça das “bolas”) * E POSTO STOP SHOP (avenida Ovídio de Abreu).
Veja também a crônica deste mesmo colunista da edição 1928 abaixo:
ENTRE A VIDA REAL E A QUE SE INVENTA
Bem nova ainda, 16 anos, aquela garota de cabelos roxos escondendo cabelos raspados por baixo já sabia que a sua sexualidade não era a tradicional, tipo papai e mamãe. Porém, nasceu em uma família, que apesar de jovem era das mais tradicionais, inclusive com conceitos retrógrados.
- Amarrada pelas falas familiares - era o que ela dizia que sentia às melhores amigas.
Um dia, porém, assistiu em sua escola um debate sobre sexualidade, com tema escolhido pelos próprios alunos. Os convidados para discorrer sobre o assunto eram uma psicóloga e um ginecologista. Durante o evento, choveram perguntas por escrito da jovem plateia, quase todos solicitando anonimato de seus nomes. A garota de cabelos roxos não enviou perguntas, mas chamava a atenção pela expressão de interesse em seu rosto, durante os 60 minutos do evento. Encerrado o aplaudido debate, ela esperou a plateia se dirigir para a cantina, de onde exalava um delicioso cheiro de galinhada. Quando o auditório se esvaziou, ela aproximou-se da psicóloga e foi direta ao ponto:
- Sou LGBTQQICAAPF2K.
A psicóloga sorriu e indagou:
- Boa noite, tudo bem? Arrumaram tantas letras para definir sexualidades que até eu me perco... Você sabe o significado de todas elas?
- Sei sim: L de lésbicas, G de gays, B de bissexuais, T de transexuais ou transgêneros, o 1º Q é de queer, o 2º, questionam, C de curioso, o 1º A é de
assexuados, o 2º, aliados, P de pansexuais/polissexuais, F de familiares, 2 de espíritos, K de kink e + de etecétera.
A psicóloga suspirou:
- Ufa! Nem eu sei mais onde me enquadrar (riso). E você, tão nova, já sabe o seu lugar?
- Sei sim, sou transexual, mas meus pais não me aceitam. Fingem que não me veem como eu realmente sou e eu estou sofrendo... (emoção).
A psicóloga pegou as duas mãos da garota e falou, calmamente:
- É como se você fosse um peixe preso ao anzol, não é? Mas chegará uma hora em que ele tirará o anzol e se libertará nas águas.
A menina disse tristonha:
- Não sei se conseguirei...
- Se você não conseguir será porque você optará por uma estrada sem sol, mas acho que com você não será assim.
A garota insistiu:
- Não é tão fácil assim.
- Tudo na vida passa! Sabia que as estrelas que vemos no céu hoje já passaram, porque nem existem mais? Um dia, tudo na vida passa. Até as estrelas... E lhe digo mais: a vida é aquilo que a gente inventa!
A estudante perguntou espantada:
- O que eu vou inventar, então?
- Ah, inventa que você é feliz!
E você, já descobriu como é simples ser feliz?
UMA BOA LEITURA!
* O fim do diálogo desta crônica foi baseado na música Nenhum de Nós, de Oswaldo Montenegro.
O editor GP escreve mais uma crônica: JÁ VIU ALGUÉM NASCER COM APELIDO?