BIÉ BARBOSA, jornalista e publicitário (UFMG), nascido em Pará de Minas em 22/11/53, é casado com Maíza Lage com quem tem 4 filhos. SEU LEMA: “O SENHOR É MEU PASTOR, NADA ME FALTARÁ”!

* VOCÊ ENCONTRA A GAZETA NAS SEGUINTES PADARIAS: BARIRI (São José), CAFÉ COM LEITE (São Luiz) e FRANÇA (rua Direita); * MERCEARIA DONA BENTA (São José) * NAS BANCAS: FELIPE (em frente à EE Governador Valadares); FRANCISCO (em frente ao Santander); LEONARDO (praça das “bolas”) * E POSTO STOP SHOP (avenida Ovídio de Abreu).

Veja também a crônica deste mesmo colunista da edição 1953 abaixo:

PARA QUE SERÁ QUE A GENTE NASCE?

Na inesquecível palestra sobre a filósofa alemã Hannah Arendt, para aproximadamente quarenta alunos, quando a palestrante citou uma frase dessa grande estudiosa sobre o sempre louco comportamento humano, teve início um grande debate. Disse ela:

- Escreveu Hannah que os seres humanos, embora devam morrer, não nascerem para morrer, mas, sim, para começar algo novo. Cada ser é único, de modo que a cada nascimento, algo, exclusivamente, novo vem ao mundo!

Um daqueles estudantes de filosofia não concordou e, quando a bela secretária chegou até ele com o microfone, ele disse com voz firme:

- Não que Hannah Arendt esteja errada. Quem sou eu para não concordar com a sua bela obra. Porém, acho que quando ela escreveu isso, esqueceu de levar em conta as diferenças sociais gritantes que existem, mundo afora, bem distante de onde ela residia, a evoluída Alemanha. Não há como conceber que as crianças pobres, nascidas na América do Sul, África e Índia, por exemplo, terão condições de concorrer, nessa desigual corrida da vida, com aquelas nascidas em berço de ouro, dando início a algo novo...

A palestrante retomou a fala não, sem antes, esperar encerrar os calorosos aplausos da plateia para a fala do colega de filosofia:

- Você lembrou muito bem as diferenças sociais existentes no mundo, mas veja bem: Hannah Arendt não foi uma socióloga, mas, sim, uma filósofa. E filosofia é um campo do conhecimento que estuda a existência humana, por meio da análise racional, criando conceitos. Você sabe disso! O que ela quis dizer é que ninguém jamais é igual a qualquer outro ser que já tenha vivido, esteja vivendo, como nós, ou há de viver. Porém, ela admite, que apenas os melhores que, constantemente, provam ser os melhores e que preferem a fama imortal às coisas mortais, são, realmente, humanos. Os outros, contentes com quaisquer prazeres que a natureza lhes traz, sempre viverão e morrerão como os animais...

O estudante de filosofia agradeceu a bem fundamentada defesa da palestrante, mas acrescentou:

- Apesar disso, gosto mais do que escreveu o filósofo Heidegger sobre o mesmo tema do nascimento. Ele disse que nós, seres humanos, ao nascermos, somos lançados no mundo, em um determinado lugar, tempo e situação que não foram, não são e nunca serão de nossa escolha. Então, viver, para ele, quer dizer dar sentido a esse nosso cair no espaço e no tempo.

Novamente, o brilhante aluno de filosofia foi aplaudido e a palestra que era

para ser ótima, a partir daí, foi simplesmente esplêndida, porque a brilhante palestrante fez novas e impagáveis citações sobre a filósofa Hannah Arendt, motivo real daquele encontro.

E você, o que pensa sobre cada ser humano, ao nascer?

UMA BOA LEITURA!

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