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Nº 2046
14/11/2024


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GENTE PENSANTE - 05/11/2020

O editor GP escreve mais uma crônica: As eleições que se aproximam e o desenquadramento entre pais e filhos

VEJA NA EDIÇÃO 1840: NAS BANCAS DE 06/11 A 12/11. DEPOIS, SÓ NA GAZETA. Veja também a crônica deste mesmo colunista da edição 1839 abaixo:

AS GARRAS DE FERRO DE UM LAR COM COMANDO MATRIARCAL

Na festa de Natal, família reunida e tocando aquelas centenárias musiquinhas de sempre... Se bem que Natal também é, e não há como negar, uma data suave e alegre, como nenhuma outra, e mora no fundo do coração de todos. Mesmo repetitivas, aquelas músicas fazem renascer momentos vividos e emoções familiares. Enfim, Natal sempre foi, é e será data de recordações sem igual. Naquela noite, chegara a hora da troca de presentes, por meio do comercial Amigo Oculto. Claro que alguns saem do lugar comum e dos preços baixos estabelecidos pela lista de presentes, para dar algo realmente interessante e afetivo. Mas, cá entre nós, trata-se de uma minoria. E foi ali, naquela tradicional e contida família, que o publicitário de cabelos longos anunciou o nome de seu Amigo Oculto:

- Não comprei nenhuma das sugestões dadas por minha Amiga Oculta em sua lista de presentinhos úteis. Comprei algo diferente que, quando vi, foi como se a visse na minha frente. 

E assim, revelou o nome da cunhada, abraçou-a afetuosamente. Era um desenho feito por uma criança que ele havia comprado em uma escola de artes, dando-lhe uma bela moldura. Fez a entrega e parece que agradou, pois recebeu de volta um abraço, igualmente afetuoso. Passados os dias, aquele publicitário não viu o presente pendurado nas paredes cleans do quarto de solteira da cunhada. Pensou até em perguntar, mas, refletindo, achou melhor não fazer isso, para não criar constrangimento. Afinal, gosto é totalmente pessoal e ele realmente se arriscou muito ao comprar um presente que não estava na listinha de sugestões da Amiga Oculta. Os anos se passarem e o silêncio sobre o assunto se fez. Quando a cunhada se casou, ele, que já era casado naquela família, foi, com sua esposa, visitá-la, em seu bem montado apartamento. Foram muito festejados e, como sempre acontece, o casal anfitrião apresentou a eles o novinho lar. Tudo muito belo e moderno com espaços abertos, sem paredes, na área social. Vários ambientes em um só. O publicitário ficou surpreso, ao ver pregado na parede verde oliva o quadro que ele havia dado à cunhada, há mais de 4 anos. Falou emocionado:

- E olha que eu achei que você nem tinha gostado...

- Tá doido? Eu amei!!!

- Mas você não colocou na parede do seu quarto de solteira...

Ela respondeu:

- Aquela era a casa da minha mãe e eu nunca tive consentimento dela para pregar nada no meu próprio quarto. O sistema lá é mais puxado que o patriarcal... é terrivelmente matriarcal!

E você, acha que em lar, onde a mãe é que dá as cartas, não há democracia, mas uma rígida ditadura? Uma boa leitura!

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