Nos últimos dias, a cidade foi tomada por um forte sentimento de fé. Os badalos dos sinos, as celebrações, as músicas, as orações e as procissões lembraram os pará-minenses sobre a sua padroeira, Nossa Senhora da Piedade. Um dos grandes símbolos dessa devoção patafufa é a antiga imagem da padroeira que ficava no altar principal da antiga matriz, mas que foi substituída por uma cópia da imagem da Pietá de Miguelangelo, quando surgiu o santuário. Entretanto, a antiga imagem nunca foi esquecida pelos pará-minenses. Talvez por sua beleza e cores fortes, sem falar de seu valor histórico. Ela, que raramente é exposta ao público, começou, de uns tempos pra cá, a ser vista durante as festividades de seu dia. Porém, o que mais intriga na história dessa imagem é que ninguém sabe ao certo sobre a sua origem, apesar de alguns afirmarem que ela teria vindo de Portugal. Em conversa com a diretora do museu, Ana Campos, ela afirmou que nem mesmo o falecido padre Hugo sabia da origem dessa imagem da santa. A reportagem GP, descobriu porém que a pessoa que mais se aproximou do enigma dessa valiosa imagem foi o artista plástico José Efigênio Pinto Coelho, residente em Ouro Preto/MG, que ficou encarregado de fazer a restauração da imagem, no ano de 1981. Ele, cuidadosamente, escreveu um texto que foi entregue ao Santuário e que, pela 1ª vez, sai dos acervos da paróquia para esta inédita divulgação. Vale a pena conferir.
“A imagem de Nossa Senhora da Piedade da matriz de Pará de Minas é uma escultura feita em cedro mineiro. Sua data aproximada é da metade do século XIX. É uma peça do barroco tardio, rígida, sem movimento, roupa colada no corpo, cintura fina e baixa. O ator com características de artista ingênuo, traçou a proporção entre mãe e filho, bastante disforme, onde o filho aparece pequeno como uma criança e a mãe, enorme, como se fosse responsável por tudo de mal que Lhe acontecera. Esta é uma característica do Barroco Mineiro, a valorização da Virgem. A pintura tem duas técnicas distintas: 1.) O manto azul original, com uma pintura em ouro de concha, formando arabescos. Técnica encontrada na região de Diamantina/MG. A pintura em azul é uma tempera; 2.) O vestido e o Cristo são pinturas posteriores, feitas a óleo, no ano de 1919, conforme atesta a assinatura do autor encontrada na base da sua face de trás: “Ângelo Pagnaco, 1919 – novembro 30”. Aliás, esse artista também é o responsável pelas pinturas do teto da antiga matriz de Pará de Minas, cujas telas também foram restauradas por mim, em 1980”.