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Notícias Deputados
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DEPUTADO ABRE CPI CONTRA A CEMIG


- 06/05/2021

O deputado estadual, professor Claiton Oliveira, recentemente fez o pedido de abertura de uma CPI - Comissão Parlamentar de Inquérito contra a Cemig, em Minas Gerais. Para saber quais são os fundamentos que o levaram a fazer esse pedido, a reportagem GP conversou com ele. Veja.

“Nós fizemos esse pedido de CPI no fim de 2019, quando ficamos assustados com a notícia da venda da Renova, que era um braço da Cemig, que foi criado em São Paulo, e depois ela se expandiu e aí essa empresa ligada a Cemig é vendida por R$ 1 real. Sou procurado por uma pessoa do mercado financeiro, ligado também ao campo energético, que me apresentou uma proposta 4 meses antes, para comprar a mesma Renova por um grupo americano, por R$ 700 milhões. De lá pra cá a gente tem acompanhado algumas situações que são corriqueiras dentro da empresa, por exemplo, nós renovamos agora o texto da CPI, estamos questionando entre outras coisas a contratação de algumas prestadoras de serviços dentro da Cemig, sem nenhum tipo de processo licitatório, que é algo inclusive que tem sido muito questionado pelos servidores da própria empresa,” explica Claiton.

LEFOSSE - “Dou um exemplo aqui da contratação de um escritório chamado Lefosse, de São Paulo, que é um escritório da qual o atual presidente, no passado, teve uma ligação e diz nesse momento que não tem nenhuma ligação com esse escritório de advocacia, mas é no mínimo suspeito essa questão. A denúncia que eu fiz da contratação de uma empresa de recrutamento, a Exec. Ela começou a trabalhar na Cemig, só depois é que o contrato foi lavrado entre as partes, contrato que chega a R$ 1 bilhão. Nos causa estranheza a ligação desse escritório, historicamente com o Partido Novo.”

APARELHAMENTO - “Temos também notícia de aparelhamento da Cemig, com pessoas vindas de São Paulo, portanto, contrariando tudo aquilo que o governador disse em campanha, que não faria o mesmo que foi feito em outros governos, principalmente no governo petista, onde nós temos aí salários exorbitantes, que nesse momento de pandemia chegam a cair na imoralidade, na falta de ética e transparência da administração pública. Temos casos no executivo que são menores, porém se pegarmos a somatória dos salários desses executivos, é um prejuízo muito grande para a empresa e um montante muito maior do que foi gasto no governo Pimentel.”

ATIVOS DA LIGHT - “Temos também para essa CPI investigar a venda dos ativos da Light, que a Cemig comprou ano passado, na época, por um preço que foi duramente questionado no mercado financeiro e nós queremos saber o que a Cemig perdeu ou o que ela lucrou, no momento em que a gente entende que não era hora de vender esses ativos, por conta da crise econômica que estamos vivendo na pandemia. Então são muitos os assuntos para essa CPI e creio que quando nós fizemos a abertura da mesma, nós vamos abrir uma verdadeira caixa preta, pois não vai parar só nesse governo, nós vamos também investigar o que foi feito com a empresa, com relação aos governos anteriores.”

NOVIDADE NENHUMA - “A deputada Beatriz Cerqueira, do PT, tem um pedido, inclusive depois de uma reunião que foi feita com o sindicato, que representa os servidores, então a ideia, já conversei com a deputada, é nós juntarmos os textos, termos aí as 26 assinaturas que são necessárias, porque diante de tantas coisas que tem sido apresentadas pela imprensa inclusive, e aqui destaco o papel de toda a imprensa de Minas Gerais, creio que nós tenhamos com tranquilidade todas as assinaturas. O que eu tenho dito sempre é que querem privatizar a Cemig, isso foi objeto de discussão na campanha, promessa do nosso governador Romeu Zema, mas nós não podemos permitir que esse patrimônio criado por JK possa ser desidratado, nesse momento sucateado como ela tem sido, desconsiderada a história dos servidores que lá estão, que reconhecidamente estão entre os melhores servidores do campo energético do país, trazendo aqui um aparelhamento do Partido Novo, pois se a gente pesquisar, inclusive quem são aqueles que estão trabalhando, ou são militantes, filiados, ou foram candidatos nas últimas eleições, pelo Partido Novo, em São Paulo, ou seja, não estamos vendo novidade nenhuma dessa maneira de fazer política dentro desse nosso patrimônio.”

RECLAMAÇÕES - “O que mais chega no gabinete são reclamações. Tenho sido procurado por vários empresários para que a gente faça uma interlocução junto a empresa, para resolver problemas de empresas que chegam em Minas Gerais, querem nesse momento fazer investimento aqui, mas não encontram suporte necessário na nossa estatal, que está ligada ao campo energético. Ao mesmo tempo, são muitas as reclamações de vários municípios aqui do Estado com falta de energia. Há na assembleia quase que entre unanimidade entre os deputados que isso é de propósito. Nós sabemos da eficiência da Cemig, sabemos que ela precisa inclusive passar por uma reciclagem em termos até mesmo de inovação tecnológica, de novos equipamentos, mas isso não justifica o que está acontecendo com o estado. Parece que é aquela ideia de precarizar para privatizar. Você constrói junto à opinião pública uma empresa ineficiente, retrograda, para justificar um apoio popular a uma possível privatização. Então nós desconfiamos que isso está acontecendo.”

TARIFAS CARAS - “Uma das mais caras do brasil, inclusive nesse momento existem vários pedidos, várias discussões na assembleia legislativa da diminuição dessas tarifas, dessas taxas, de fato que aquilo que está sendo cobrado não justifica o que está sendo entregue a população. São reclamações recorrentes também, e me parece que será discutido na próxima assembleia de Cemig e tomara que a empresa possa fazer uma revisão dessas questões, porque ninguém aguenta pagar tanta taxa em minas gerais.”

PRIVATIZAÇÃO DA CEMIG - “Basta pegar, por exemplo, quais são os últimos balancetes dos rendimentos da Cemig. Me lembro, inclusive, que o 1° presidente da gestão de Romeu Zema, ele foi contratado exatamente para começar um processo de privatização da empresa. Nos primeiros 6 meses, numa visita a assembleia, eu fiz uma pergunta para ele, a cerca disso, e ele respondeu exatamente com o que foi perguntado: professor Claiton, deputado, eu não me sinto nesse momento seguro em falar em privatização da Cemig. Pelo lucro que a empresa gera ao Estado, pelo lucro que a empresa gera a gestão pública no estado de Minas Gerais. Então essa relação é uma relação crítica, não tem como separar.”

PARCELAMENTO - “Assim que surgiu a pandemia, uma das 1ªs ações da assembleia, os projetos de lei em que foram aprovados exatamente para proteger a nossa população mais vulnerável, os mais pobres, vinha nessa questão de possíveis parcelamentos na conta de energia, possíveis parcelamentos da conta de água, e um dos projetos de lei, fui um dos criadores, nós fizemos um projetão, porque eram vários projetos nesse sentido, não foi sancionado pelo governador, especificamente essa questão do campo energético, porque dizia o governador que a Cemig estava ali sob uma ajusdicao, uma questão legal junto a Aneel, e junto a outros órgãos federais. Quando foi no início desse ano, e houve essa iniciativa de um grande projeto de lei chamado Recomeça Minas, que tinha exatamente esse propósito de conceder aquelas pessoas que não estão conseguindo honrar com seus compromissos, seja na esfera privada ou comercial, uma das coisas que mais ouvimos, principalmente nas audiências públicas que foram feitas recentemente, era de comerciantes, pequenos empresários, pessoas que tocam seu negócio em casa, mas que pagam seus impostos, de que necessitavam desse parcelamento.”

INICIATIVA DO LEGISLATIVO - “Esse parcelamento estava colocado no nosso projeto de lei e o governo do Estado se antecipou, fazendo então esse parcelamento, mas quero dizer que é uma inciativa da assembleia legislativa, que é também uma pressão da população de minas, que o governo atendeu. Mas aí eu faço uma pergunta: o governo que diz que as suas estatais estão com problemas econômicos e financeiros, publicita isso, no Fantástico, intervalo do Jornal Nacional, tv paga, como intervalo da Globo News, onde exatamente quem está sendo impactado por esse projeto não tem acesso a esse tipo de meio de comunicação, que seria uma tv paga. Então até mesmo na questão da publicidade, percebemos que o governo está querendo encampar isso, trazer para si, mas é bom lembrar que se trata de uma iniciativa do legislativo mineiro, com a população, depois de tanto ouvirmos.”

CAIXA PRETA - “Vários meios de comunicação têm se manifestado favoravelmente a abertura dessa CPI. Nós estamos com a CPI do fura filas nesse momento, mas tenho certeza que o nosso presidente Augustinho Patrus é quem decide se a abertura da CPI irá ouvir a voz do povo, dos servidores da Cemig, dos deputados que querem essa investigação, e sobretudo dos órgãos de imprensa, do interior de Minas, que são representantes legítimos dessa população, já que estão o tempo todo ouvindo o povo, os anseios. E quero dizer para essas pessoas que essa conta alta, essas taxas exorbitantes cobradas na conta da Cemig, são fruto exatamente dessa ausência de transparência da empresa, desses cabides de emprego, dos conselhos que existem na empresa para cobrir os salários dos secretários, de uma castra privilegiada que chega a ganhar 142 mil hoje, o que pagaria aproximadamente 75 professores em minas gerais, 34 policiais militares, e também hoje o salário de aproximadamente 12 médicos plantonistas que estão ingressando sua carreira no Estado. Assim que concluirmos essa CPI tenho certeza que o presidente Augustinho Patrus liberará meu texto para que colhamos as 26 assinaturas, e tenho certeza que colheremos muito mais que 26 para abrirmos uma caixa preta que o povo mineiro precisa conhecer, chamada Cemig.”


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