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ANO 40
Nº 2010
11/03/2024


Colunista
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GENTE PENSANTE - 17/09/2021

VEJA NA EDIÇÃO 1884: NAS BANCAS DE 17/09 A 23/09. DEPOIS, SÓ NA GAZETA. Veja também a crônica deste mesmo colunista da edição 1883 abaixo:

SERÁ QUE, NO FUNDO, NO FUNDO, SOMOS, REALMENTE, AS NOSSAS PRÓPRIAS SOMBRAS?

Assustada - acho que está seria o termo correto - a mulher de semblante sério, sessenta anos, talvez mais, chegou, pela 1ª vez, à sala do jovem e risonho psiquiatra, que, ao ouvir um som, abriu a porta e a recebeu, dizendo:

- Entre e sente-se. Estou sem secretária hoje.

Ela obedeceu e ele perguntou o que pergunta sempre, à cada 1ª sessão:

- O que a trouxe aqui?

Ela nada respondeu, mas, depois de um tempo, disse-lhe:

- Estou confusa... Minha vida virou em caos... Perdi o rumo …

- Me diga o que está afligindo você…

- Tudo tinha sido perfeito até aqui, como mãe e esposa, até que, agora, filhos criados - nem sei se foi por isso – passei a me sentir inútil… 

- Então, foi isso que a trouxe aqui?

- Não, necessariamente… O pior tem sido que, diante desse vazio no meu peito, um novo sentimento tem brotado em mim…

- Fale sobre ele.

- Perdi, totalmente, o interesse que eu sempre tive pelo meu marido…

O psiquiatra, aprofundando o tema:

- Desinteresse por ele ser seu marido ou pai de seus filhos?

A analisada entrou em um silêncio profundo e nada mais disse. Quando retornou, falou com voz embargada:

- Não sei responder... Só sei dizer que a minha vida, antes clara e iluminada, hoje não passa de um abismo de sombras…

- Sabia que são as sombras que, realmente, nos definem? Portanto, não se assuste, porque esse sentimento é normal…

- Me desculpe, mas se é normal, por que estou sofrendo tanto e me sentindo tão culpada?

- Veja bem: é exatamente onde não há luz que mora a nossa verdadeira essência, a nossa alma e o que buscamos de verdade.

Ao ouvir isso, a mulher assustou-se e negou os seus próprios sentimentos:

- Mas eu não estou buscando nada… Não é nada disso que você está pensando...

- Olha, todos nós queremos o que buscamos, mesmo quando o negamos... E, quase sempre, trata-se daquilo que queremos esconder de todo mundo e até de nós mesmos…

- Não estou escondendo nada…

- Apesar de ser um processo, realmente, doloroso, no fundo, no fundo é nessas sombras - e não na luz - que reside aquilo que, verdadeiramente, somos… Apresente-me, então, esse ser verdadeiro que você é, apesar dele estar assustando você.

E você, já tentou mergulhar um pouco mais fundo em seu próprio ser, para decifrar a suas próprias sombras?

UMA BOA LEITURA!


O editor GP escreve mais uma crônica: Parada de Minas ou Paris de Minas? (2)


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