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Nº 2042
18/10/2024


Eventos GP
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286ª MOSTRA GP: RESTAURAÇÃO E TRABALHO EM MARCENARIA - 01/03/2024

A 286ª Mostra GP, com o marceneiro Luiz Fernando de Freitas, 64, natural de Divinópolis/MG, divorciado, três filhos, Camila, Frederico e Karina, já está exposta na recepção deste GP Jornal, a partir de hoje, dia 1º, até o próximo dia 30 de abril. Esta mostra está apresentando os trabalhos do artista com restauração em madeira. Confira a entrevista que o detalhista artista Fernando Freitas, que hoje mora em Florestal/MG, concedeu, na sede do jornal, à reportagem GP. 

“Sempre trabalhei com marcenaria e nas férias escolares eu ia para casa do meu avô, que era proprietário de uma fábrica de móveis. Anos mais tarde, meu pai montou a própria fábrica dele, em Abaete/MG, e eu, como filho mais velho, comecei a trabalhar com ele. Mas eu não estudei para trabalhar como marceneiro. Então, aconteceu tudo na prática, ajudando ao meu pai e ao meu avô em seus trabalhos. Portanto, a minha vocação veio da família mesmo, que já trabalhava no ramo, há muito tempo. Acredito que para desenvolver algum trabalho envolvendo arte a pessoa tem de estar muito em paz consigo mesma, porque só assim os pensamentos fluem. Também me inspiro em peças que eu vejo, nas minhas andanças pela vida,” conclui Fernando. 

FALE DO SEU TRABALHO - “Trabalho com madeiras e o meu trabalho já começa com a boa escolha da madeira a ser utilizada, da parafina que não mude a cor da peça, apenas trata e dá brilho e das colas. Neste momento, estou desenvolvendo um trabalho, pela 1ª vez, com resina epoxi. Agora, quando a peça é destinada para cortes de alimentos, eu uso o óleo mineral encontrado em farmácias. Tenho mais de 50 anos de profissão e, no início, dada à dificuldade financeira da família, comecei a desenvolver pequenos brinquedos e peças para mim e para os meus irmãos. Hoje, estou desenvolvendo uma tábua de frios que tem o jogo da velha para que as crianças possam brincar, enquanto os pais tomam um vinho. Estou desenvolvendo esse trabalho, porque estou muito preocupado com essa nova geração, grudada na telinha. Mas o meu trabalho mesmo é a restauração em peças, que para muitas pessoas já perderam o valor e são descartadas ou em peças que possuem um grande valor sentimental, mas estão condenadas, pela ação do tempo. Como gosto de reutilizar, eu parto do princípio que não se deve jogar nada fora e todo trabalho é uma surpresa, no final!”

E AS RESTAURAÇÕES? - “Posso dizer que o trabalho mais marcante de restauração que eu fiz foi realizado em Formiga/MG, quando eu fiquei responsável pela paróquia São Vicente Férrer. Esse tipo de restauração proporciona um mergulho na história, de maneira mais profunda, e abre questionamentos, tipo Se hoje eu tenho essas ferramentas mais eficazes, como que, naquela época, eles conseguiram fazer um trabalho tão perfeito e com tão poucos recursos? Aí, chego à conclusão que, naquela época, não existia essa cobrança que se tem hoje e o artista dispunha de tempo para usar toda sua criatividade, criar obras milimetricamente detalhadas e, naturalmente, no final era feita uma obra fantástica! Nesse tipo de trabalho exige-se também o estudo, para que a obra fique o mais próximo possível do original. Exemplo: nesse trabalho de Formiga, tinha a madeira pau Brasil, mas, estudando, descobrimos que tinham outras madeiras que se assemelhavam a ele, como o mogno. Fora isso, no trabalho de restauração é importante demais conservar, o máximo possível, do original.”

TEMPO GASTO EM UMA RESTAURAÇÃO - “Isso é indefinido, depende da inspiração do artista, do tamanho da peça e da quantidade de detalhes que cada peça possui.”

COMO FAZ PARA ADQUIRIR? - “Se alguém se interessar pelo meu trabalho eu também vendo. Basta ligar no (31) 9 8268-8580. Também crio peças, totalmente artesanais, a partir da inspiração da pessoa.”

ALGO MAIS? - Sinto falta de ter um espaço, onde eu poderia passar o meu conhecimento pra frente, como o meu avô e meu pai fizeram comigo.”


O artista Fernando Freitas: “Acredito que para desenvolver algum trabalho envolvendo arte a pessoa tem de estar muito em paz consigo mesma, porque só assim os pensamentos fluem”

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