O ceramista é um artesão especializado na criação de peças de cerâmica e a sua principal tarefa é moldar a argila e transformá-la em objetos funcionais ou decorativos, por meio de diversas técnicas e habilidades. O processo começa com a seleção adequada da argila, que pode variar em textura, cor e composição. O ceramista trabalha a argila para remover impurezas e obter a consistência ideal para a modelagem. Com suas mãos ou com o auxílio de ferramentas específicas, ele molda a argila, dando forma à peça desejada, como vasos, pratos, tigelas, esculturas e muitos outros. Após a modelagem, as peças são colocadas para secar. Em seguida, vem a etapa da queima, que envolve o aquecimento das peças em forno cerâmico, tornando-as sólidas e duráveis, para, se for o caso, serem esmaltadas e voltar ao forno, quando acontece uma superfície brilhante e lisa. Enfim, o trabalho de um ceramista exige paciência, habilidade manual e criatividade, pois cada peça é única e representa a expressão artística e o talento do artista. Para realizar a 289ª Mostra GP, que ficará exposta na recepção do jornal, nos meses de setembro e outubro, a reportagem GP conversou com artista plástico Thiago Henrique Marques Ribeiro, 32, artista plástico e morador do bairro Jardim das Piteiras. Confira.
“Desde quando eu era nenêm, eu via o meu pai fazendo peças de cerâmica e sempre gostei de amassar barro também, mas também gostava de rabiscar folhas de cadernos. Quando eu tinha 3 anos, fiquei internado, com uma infecção gastrointestinal e eu me lembro, perfeitamente, que na parede do hospital havia muitos desenhos do Mickey. Aí, eu pedi à minha mãe um caderno e um lápis e desenhei, para eu me distrair e, assim, sentir menos dor. É um desenho que eu guardo até hoje, com muito carinho. Eu sei que os traços ficaram terríveis, mas, por causa da minha pouca idade, as pessoas do hospital ficaram encantadas de ver por eu, mesmo sentindo tanta dor, fiquei tão calmo, depois que eu comecei a desenhar. Hoje, a minha inspiração é a minha casa, a minha família e Deus, pois Ele me dá o talento e o dom, além do Menino Jesus. Juntos, são eles que me sustentam e me dão inspiração. Sou bem apegado à arte sacra. No geral, uso matérias recicláveis, como as telhas e espelhos que eu pinto. E uso de diversas formas, de biscuit à argila, colas, madeira, tecido, tinta... Eu não coloco limite no meu conhecimento. Gosto de explorar a capacidade humana,” conclui Thiago.
EXPOSIÇÃO ANTERIOR - “Para a exposição na Casa da Cultura, em específico, eu utilizei a cerâmica, a marcenaria, o tecido e levei também um presépio que eu monto, para mostrar os detalhes de cabeças dos personagens que eu crio. O meu objetivo ali foi me lançar no comércio da arte e mostrar o trabalho da minha família também. Porque algumas pessoas na cidade já conheciam o meu trabalho, mas nem todos sabiam de algumas peças que eu faço. Nós sempre montamos o presépio, mas as pessoas não têm esse costume de vir à minha casa para conhecer as peças que têm aqui. Então, é muito bom poder mostrar as peças, porque eu não faço apenas o presépio. Eu faço também as minhas artes pessoais. Estou sempre estou fazendo artesanato. O tempo inteiro fico tendo ideias e pensando: Eu vou fazer isso, eu vou fazer aquilo! Se eu vejo algum material no chão, já penso que aquilo pode virar algo artístico. Às vezes, reviro caçambas de entulhos, sem a menor vergonha, porque, se isso me faz bem, não posso me importar com o que os outros vão pensar de mim. Reciclo mesmo e faço o possível para economizar a natureza, espalhando a minha arte e fazendo o meu papel.”
A CRIAÇÃO E OS PAIS - “Acordo cedo e agarro, fazendo o que preciso. Mas os meus pais estão sempre me dando opiniões e a minha mãe também me ajuda a pintar. Eles também são patrocinadores, quando eu não tenho condição financeiro, mas preciso de uma cola ou algo do tipo para desenvolver o meu trabalho. Ou seja, eles estão em cada coisa que faço! Eu sou a arte perfeita deles, uma obra que eles fizeram e, hoje em dia, me ajudam a fazer as minhas. A minha mãe é minha fã número 1, que também me ajuda a cuidar do meu filho. E o meu pai é um homem muito forte e trabalhador, de quem eu me orgulho muito!”
ALGUMA DIFICULDADE? - “O meu próprio preconceito foi um inimigo, no início, porque antes eu tinha muita vergonha de mim, porque sentia que eu era muito diferente das outras pessoas. A forma que eu me vestia, me sentia e falava eram diferentes do cotidiano. Não foi fácil aceitar que eu sou um artista, porque eu era cabeça-dura e eu mesmo criei barreiras para o meu sonho. Além disso, há a falta de suporte financeiro, pois eu não ganho nada dos políticos, não faço parte de nenhum programa social, nada. Eu pego o meu salário e acabo investindo tudo no presépio e nos materiais que eu vou precisar. Muitas vezes, deixo até de pagar alguma conta e tenho que pegar emprestado. Eu gostaria de ter um conforto juntamente com a minha família, de ter um carro para poder levar as minhas artes para as exposições, por exemplo. Fora todo o trabalho manual, que é cheio de detalhes e exige muita paciência e um grande olhar artístico, para perceber onde deve ser arrumado ou feito novamente.”
CONSELHO PARA OS NOVOS – “Apenas comece. Faça alguma coisa, qualquer coisa que seja. Até um traço que você enfeita já é alguma coisa, já é um avanço. Não desista, não pare, seja positivo e acredite em você e no seu sonho! Não adianta fugir da arte, porque, de um jeito ou de outro, se ela for pra você, ela encontrará você!”
ALGO MAIS? – “Se alguém tiver interesse em cerâmica ou arraiolo, pode me chamar pelo 9 9820-6664 ou pelo meu instagram (@mcthrap). Pode ter certeza que aceitarei a proposta e farei com todo o carinho, porque o meu sonho é um dia viver da minha arte. Para mim é uma honra saber que as pessoas têm alguma arte minha na casa delas. A 1ª arte que eu vendi foi para o cantor Ventania, de São Tomé das Letras/MG. Ele me disse que a arte que eu produzo é rara. Disse também que nunca viu ninguém fazendo arte como eu faço. Eu nunca mais me esqueci dessas palavras dele. No mais, agradeço a escola de artes e seu diretor, Samuel Lopes, pelo apoio e carinho, porque é lá eu consigo queimar as minhas peças. Sou aluno do João Batista e do Antônio, a quem eu muito agradeço. Eu sou muito grato pela inspiração que é aquele lugar e também à GAZETA, que é o impresso que nos traz as melhores notícias da cidade. Pra mim, é uma honra poder estar contando a minha história aqui!”
O ceramista Thiago Ribeiro, 32: “Às vezes, reviro caçambas de entulhos, sem a menor vergonha, porque, se isso me faz bem, não posso me importar com o que os outros vão pensar de mim. Reciclo mesmo e faço o possível para economizar a natureza, espalhando a minha arte e fazendo o meu papel”