Deputado Antônio Júlio: “O que é feito para proibir? O que é feito após a violência? Em quê nós podemos contribuir? O que é importante? Como vamos atender essas mulheres, vítimas de violência?
Após uma semana intensa de discussões em torno do tema Violência Contra a Mulher, na assembleia legislativa, o deputado estadual Antônio Júlio de Faria convocou a imprensa de sua terra natal em seu gabinete local, para falar sobre o mesmo tema, focando nas demandas, políticas de atendimento e perspectivas. Ele também convidou a todos para participarem de um debate que aconteceria na câmara, no dia 16. Confira.
“Esse assunto da violência contra mulher é decorrente, uma vez que em todos os lugares as pessoas falam a mesma coisa, mas você não vê nenhuma ação de efetivação. Mas aqui em Pará de Minas a coisa tem sido diferente. Na Delegacia de Crimes Contra as Mulheres, a delegada Mônica Siqueira vinha trabalhando com um pouco de dificuldade na questão de voluntários. Aí, resolvemos arrumar dinheiro e conseguir um recurso com o Governo de Estado para fazermos um plano piloto em Pará de Minas que é NAPS- Núcleo de Apoio Psicossocial. E assim, temos 3 psicólogas e uma advogada que atendem todas as demandas. A partir daí, fizemos um estudo e é este o motivo do debate. O deputado Dalmo, que vem representando a comissão criada na assembléia, vamos juntos tentar achar soluções, porque até agora tem ficado só nos discursos. O que é feito para proibir? O que é feito após a violência? Em quê nós podemos contribuir? O que é importante? Como vamos atender essas mulheres, vítimas de violência? O debate será para isso. Nós vamos mostrar a experiência adquirida neste últimos 4 meses, através desse grupo que tem recebido recurso público, investimentos da Adased, recursos do Governo de Estado para acharmos saídas sobre o estudo do projeto que está sendo pesquisado. É difícil a questão da mulher, é mais uma questão de família e todos nós que advogamos nesses assuntos sabemos que a mulher que recebe um tapa do marido está sendo maltratada e ela, às vezes, até denuncia, mas na hora que começa o andamento do processo ela desiste, vai lá e retira a queixa. Com isso, o problema continua. Então, nós estamos querendo mudar esse foco, achar a forma que podemos ajudar dentro da realidade das famílias pará-minenses. Esse é o objetivo desse encontro. Tenho certeza que Pará de Minas, com esse projeto desenvolvido com a Delegacia de Mulheres, terá um resultado inicial bastante importante”, espera Antônio Júlio.
O DEBATE – Na noite do dia 16, 4ª feira, 16, a câmara municipal ficou lotada com a presença maior de mulheres, todas atentas ao polêmico assunto. A mesa debatedora foi composta pelo presidente da Casa, Marcílio de Souza, vereador Silvério Severino, secretária de assistência social, Maria Angélica Varela Franco, Eliana Piola (coordenadora da Cepam – Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para Mulheres e da Sedese – Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social) representando o Governo de Minas Gerais, delegada Mônica Siqueira (delegacia da mulher), d0eputado estadual Dalmo Ribeiro Silva (presidente da Comissão Especial da Violência Contra a Mulher da Assembléia Legislativa) e 3 psicólogas que fazem parte do projeto. Após o oportuno debate, a reportagem GP entrevistou os principais envolvidos nesse projeto. Confira.
SEM PUNIÇÃO – “À convite do deputado Antônio Julio, presido hoje a Comissão Especial da Violência Contra a Mulher da Assembleia Legislativa, da qual tivemos a iniciativa de criar em Minas essa comissão. Vale contar que em todo o Brasil somente Minas Gerais tem essa comissão para percorrer todo o Estado, oferecendo resultados, diagnósticos a respeito da violência contra a mulher. O problema é seríssimo, estamos vendo vidas cefadas, mulheres espancadas, desamparadas, filhos nas casas dos tios, dos avós... Lamentavelmente, hoje a punição não tem sido como realmente deveria ser”, revolta-se o deputado Dalmo Ribeiro.
É CRIME - “Pará de Minas, através de algumas lideranças, provocou no Estado um impacto para que esse debate acontecesse. Estamos trabalhando com a perspectiva de ter um Centro de Referência da Mulher que possa oferecer à mulher em situação de violência um atendimento psico-social e jurídico. Mais do que isso, buscar também mecanismo em qualificação profissional, de geração de renda, como forma de um enfrentamento à violência. Uma dependência econômica acaba por gerar essas condições que a mulher sujeita a passar por violência. Estamos otimistas e vamos sair daqui com uma rede mais articulada, pois violência contra a mulher é crime e isso não é uma questão entre marido e mulher. é uma responsabilidade da sociedade, do poder publico e do Estado”, esbraveja Eliana Piola.
SITUAÇÃO PREOCUPANTE - “Hoje é uma data muito importante, pois a sociedade está prestigiando e se mobilizando, além de estarmos informando um pouco da situação da violência doméstica em Pará de Minas que é preocupante. Vários casos são resgistrados semanalmente na cidade e estamos aqui ouvindo sugestões e questionamentos para que possamos desenvolver melhor o nosso trabalho. Temos uma banca na assembleia, liderada pelo deputado Dalmo, e que trata especificamente da violência contra a mulher, através de reuniões realizadas toda 3ª feira. Ali são feitos os questionamentos e os apoios que podem ser dados às mulheres”, explica a delegada responsável pela delegacia de mulher local, Monica Siqueira.