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54% dos emigrantes já estão de volta ao Brasil - 15/06/2012

Viver muitos anos em outro país, não para estudar, mas para trabalhar e ter melhor qualidade de vida. Aventura, correria, pequenos empregos de todo tipo até encontrar um que se encaixe em seu real perfil. Passar por 3 crises até que uma delas, violentíssima, o traz de volta ao Brasil. Resumindo, essa é a história do pará-minense Mozart Moura, 44, pintor de paredes, que, anos atrás, foi cartunista deste jornal. Na sede da GAZETA, ele contou para a reportagem GP como foi a sua vida na Europa e como tem sido a sua readaptação no Brasil, agora residindo com a esposa em Pitangui/MG. Vale a pena conferir. “Fui para Lisboa/Portugal em 1988 e fiquei lá até 2008. De 2008 até 2010, morei em Alicante, na Espanha... O início de qualquer emigração é difícil, mesmo tendo amigos e parentes para ajudar. Você próprio tem que se adaptar com a sociedade, com o dia a dia do novo país. Acho que para qualquer pessoa que sai de um lugar e vai para outro, é difícil se adaptar. Ninguém conhece você ali, não há referências... então, você tem que batalhar o dobro para mostrar o que você vale. Mas, aos poucos, fui superando os obstáculos, fui crescendo, me profissionalizando”, revela Mozart. O INÍCIO - “Cheguei em Portugal para trabalhar na área de projetos elétricos, mas antes eu precisava de fazer uma equivalência, o que era muito difícil na época, pois havia poucos emigrantes. Então, o emprego que apareceu foi trabalhar em um restaurante, mas aquilo não era o meu estilo. Então, logo depois comecei a trabalhar como ajudante de pintor, onde me adaptei bem. Gostei do serviço e segui em frente, onde, de ajudante, passei a encarregado e de encarregado a patrão. Montei uma equipe como empreiteiro e ali fiquei. Nos anos de 2004 a 2006, foi excelente. Até deixei de pegar alguns serviços, pois tinha pegado prédios de até 10 andares para pintar. Era só serviço grande.” O MEIO – “Eu vivenciei duas crises menores na Europa: em 1993 e 2004. Aí, veio essa crise avassaladora de 2008... não tinha muito serviço... os bancos começaram a quebrar... por isso, não tinha mais empréstimos e se não tem empréstimo, não há dinheiro para comprar casa... se não tinha compra de casa, não tinha mais construção, muito menos pintura. Foi uma bola de neve que, cada dia mais, foi só se agravando. Os setores mais atingidos foram o da construção civil e do automobilístico. Quando passou um ano e eu só tinha pegado 3 trabalhos, eu cheguei à conclusão de que a Europa tinha acabado para mim... que havia chegado a hora de eu vir embora. Essa crise foi a gota d’água... eu tinha reserva financeira aqui, mas não fazia sentido eu pegar dinheiro no Brasil para viver lá. Emigrante não pode pegar dinheiro economizado de volta, não faz sentido”. O FIM - “Decidi, então, vir embora e minha sorte foi que eu não comprei imóveis lá, apenas coisas básicas para viver e um carro. Os brasileiros que compraram apartamentos ficaram na pior, porque os financiamentos ficaram presos e se você não paga, o banco toma. Muitos tiveram filhos lá e agora querem voltar, mas não podem. Eu, felizmente, não tive nada disso, o que facilitou a minha volta. Hoje, é difícil ver emigrante na Europa. Mais da metade dos emigrantes brasileiros, em torno de 54%, que estava lá, já estão no Brasil. Até 2008, você via emigrante à rodo”... O REINÍCIO – “A crise apenas antecipou essa volta, porque, um dia, eu voltaria mesmo... Afinal, este é o meu país, mas, da mesma forma que chegar na Europa foi complicado, voltar para o Brasil também foi. É difícil se readaptar.. Muitos me perguntam se eu prefiro aqui ou a Europa e eu sempre digo que é aqui. Morei 22 anos no Brasil e 22, na Europa. Então, sei diferenciar bastante. Nesses 22 anos em que eu morei fora, nunca deixei de ficar um ano sem vir aqui. Aliás, cheguei a vir aqui até duas vezes por ano. Cheguei no Brasil com a intenção de construir para vender, só que os lotes em Pará de Minas estavam muito mais caros que os de Pitangui/MG (terra de sua esposa). Então, meu cunhado me chamou para fazermos uma sociedade e construirmos lá, onde o retorno financeiro tem sido bem melhor (por causa dos lotes mais em conta). Estou lá, construindo, fazendo amizades, ficando... E por quê não? É apenas mais um lugar para eu conhecer e desbravar! (riso).

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