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14/11/2024


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Retrocesso da arte local (2): A REAÇÃO - 21/06/2012

Tão logo a edição GP de nº 1405 começou a circular, chegou à sede da GAZETA, um e.mail assinado pelo Grupo de Desenho Líder Realista que se diz indignado com a publicação da matéria com o mesmo título acima, quando o professor e artista plástico Edward Moreira afirmou que estão enganando as pessoas ao ensinar arte de maneira ultrapassada na cidade. Confira. “Arte é acima de tudo a emoção aflorada e expressão da alma. Não se compra com diplomas e títulos. É trabalho de conquista. Você reproduz uma flor, tal como ela é, bem como as paisagens e o pôr de sol etc. A criação vem de dentro, sem cópias, sem distensões; são pessoais. É certo que tanto hoje como antigamente existe e existiram muitos métodos para se chegar à perfeição. O método ensina o básico. Inclusive, vários artistas renascentistas utilizaram essa técnica para reproduzir seus desenhos em dimensões maiores para pintura, nos tetos das igrejas, altares o método quadriculado. O método do quadriculado das fotografias é simplesmente para facilitar as 1ªs linhas para a exatidão que necessita. Fotografia é comparada, vistoriada, então, tem que estar perto da perfeição. A arte está na procura de traços, sombras, linhas e no resultado final, independentemente do método utilizado. É pessoal e intransferível! É um trabalho que encanta a todos, é super comercializado. Afinal, quem não quer ter uma fotografia desenhada, real? Ela faz sucesso por onde passa, pois retrata que existiram verdadeiros artistas antigamente, ainda existem e existirão, independentemente de métodos, técnicas e estudos universitários. E nós, do Grupo de Desenho Líder Realista iremos continuar firmes no nosso propósito de reprodução, pois nossa meta é aperfeiçoar nossa técnica, nossos desenhos, seguindo a orientação do professor e artista itaúnense, Du Alves. Cada dia mais, estamos nos realizando, sem deixar de apreciar, valorizar e usar as técnicas ditas modernas. E viva a diversidade cultural”! AUTOAFIRMAÇÃO? – O jornal recebeu também uma outra reação contra a ação de Edward, desta vez do professor, artista plástico e instrutor de oficina de desenho artístico na cidade, o itaunense Du Alves que deu ao seu e.mail o título de Resposta ao Cartunista da GAZETA. Não deixe de ler. “Após receber o apoio e uma excelente receptividade da sociedade de Pará de Minas, ao promover nesta hospitaleira cidade um curso de desenho artístico, fui surpreendido pelo gesto deselegante desse artista local, dono de um autoproclamado expressivo currículo, mas incapaz de compreender a arte como forma ilimitada de expressão. Eu desenho desde criança e já experimentei várias técnicas, inclusive a da observação. Comecei a desenhar mesmo antes de conhecer o lápis, rabiscando em paredes com pedaços de carvão, para, mais tarde, vir cobrir muitas dezenas de metros quadrados em paredes com painéis gigantescos de minha autoria. Ao longo de minha carreira, já criei ilustrações diversas, bem como reproduções por encomenda em temas variados como capas de livros, fotografias, pinturas em telas e painéis, sempre utilizando técnicas e materiais diversos. Além das referidas reproduções em 2D (desenhos e pinturas), também pratico marchetaria e modelagem em argila, podendo assim estudar as imagens em 3 dimensões. Mas quando o assunto é reprodução tendo uma imagem como modelo, a velha e eficiente técnica do Quadriculado garante total satisfação, vez que o seu resultado final é elogiado e admirado unanimemente. Particularmente, eu desenho pelo prazer de desenhar e ensino pelo prazer de sentir a realização pessoal de um aluno, ao vislumbrar o resultado positivo de sua obra. Com base nisso, há muitos anos, fiz da pintura e desenho a minha profissão. Utilizo a referida técnica, não porque não saiba desenhar, mas porque, com ela, consigo um resultado melhor para o desenho hiper realista. Todos que já a utilizaram sabem que essa técnica de desenho proporciona o domínio do traço, sombra e luz, proporção, equilíbrio, perspectiva e fácil relatividade com o objeto ou imagem reproduzida. Creio que a verdadeira arte está no resultado final de um trabalho, refletido na expressão de um expectador, ao contemplar um desenho hiper realista. Assim, tenho plena convicção de que a arte não pode ser julgada pelo artista que deveria produzí-la, pois ela é que escolhe o potencial de cada artista para se transpirar através dele, de acordo com a sua capacidade artística. Dessa maneira, entendo que vir a julgar em público (na GAZETA) o teor de trabalhos que se desconhece por completo, considerando somente um dos detalhes pelos quais eles são produzidos se revela um equivoco ou, quiçá, um expresso ato de desinformação ou má fé. Como alguém pode julgar obras de arte com resultados finais comprovadamente positivos, considerando somente os meios (técnicas) com que elas foram concebidas? Ademais, quem pode dizer como é correto desenhar e qual técnica está ou não ultrapassada? E desde quando uma técnica torna-se ultrapassada, quando ela revela, comprovadamente, resultados positivos? Se existe uma maneira correta de desenhar deve ser aquela que satisfaça o autor e o seu público. Foi por causa de mentes limitadas como a do nosso amigo cartunista que muitos artistas impressionistas no século XIX foram rejeitados no grande Salão de Paris. Trocaram suas obras por pratos de comida para não passar fome. Além disso, muitos artistas tiveram suas obras taxadas de borrões de tinta na tela ou retrocesso da arte local. Portanto, a aula do cartunista formado em Comunicação Social, dirigida aos leitores da GAZETA PARÁ-MINENSE não é válida para nós, pois a entendemos como ultrapassada, já que não existe método errado ou proibido para se produzir arte, como afirmou esse profissional. Basta ver que não importa em qual século alguém tenha usado tal técnica primeiramente; fato é que ela ainda persiste nos dias de hoje e seus resultados são bastante saudáveis como pode ser constatado. Enfim, registre-se que, numa atitude profissionalmente antiética e pessoalmente desrespeitosa, que mais se aparenta à uma tentativa de autoafirmação profissional, um artista de Pará de Minas, ao emitir seu juízo em público de maneira tão contundente, tenta atingir bruscamente o trabalho que desenvolvo nesta cidade, bem como a minha pessoa. Aos verdadeiros artistas não cabe julgar o trabalho alheio. Cabe produzir e, para tanto, tão somente, utilizar os meios disponíveis, seja quais forem para que a sua produção tenha um desfecho positivo e elogioso”.

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