Selo GP - Rodrigo Roreli Laço
Fundação: Francisco Gabriel
Bié Barbosa
Alcance, credibilidade e
imparcialidade, desde 84
ANO 41
Nº 2046
14/11/2024


Notícias
Notícias

Concorrido debate discute o uso de crack na cidade - 29/06/2012

Aconteceu na noite de 5ª feira, 12, na Fapam, mais uma audiência pública, promovida pela Comissão Especial para o Enfrentamento do Crack da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, realizada na cidade por requerimento do deputado Antônio Júlio. O objetivo da reunião foi discutir o avanço do consumo de crack na região e as ações do poder público e da iniciativa privada para o seu enfrentamento. Durante a reunião, o presidente da comissão, deputado Paulo Lamac, afirmou que a repressão aos traficantes precisa ser qualificada para saber diferenciar o grande traficante do microvendedor que é, na maior parte, um dependente da droga. Segundo ele, o dependente vende para poder ter dinheiro para adquirir droga para o consumo próprio. Diante disso, ele precisa de tratamento e não de cadeia. Paulo Lamac também falou que os encontros feitos pela comissão têm mostrado que a droga já atinge pessoas de todas as classes sociais, idades e locais. A audiência de Pará de Minas faz parte de uma série de reuniões que a comissão tem realizado em Belo Horizonte e no interior do Estado, a fim de analisar as formas de enfrentamento ao crack, um dos principais desafios da sociedade atual. Segundo ainda o deputado, será elaborado um documento com sugestões de políticas públicas, baseado em 5 eixos: prevenção, tratamento, reinserção social, repressão qualificada e garantia de financiamento para que todas as ações sejam realizadas. PARÁ DE MINAS - De acordo com o coordenador da Defensoria Pública de Pará de Minas, José Walter Nogueira Soares, a pena para o tráfico no Brasil não é pequena – variando de 5 a 10 anos de detenção - podendo ser ampliada, conforme os agravantes. Na opinião dele, não é o tamanho da pena que inibe o tráfico, mas a certeza da punição. Neste sentido, o professor do curso de Direito, Ronaldo Galvão, sugeriu que o judiciário seja mais rigoroso na expropriação do patrimônio dos traficantes, ao considerar que o único interesse do traficante é realmente o dinheiro fácil que ele sempre obtém com a venda de droga. A falta de estrutura para combater a droga em Pará de Minas foi lamentada durante a audiência pública. A delegada da 3ª Delegacia Regional, Eliete Maria Carvalho, afirmou que faltam recursos, tecnologia e equipamentos para criar equipes de inteligência que possam realizar um trabalho mais qualificado de repressão. Ao defender que o uso da droga deve ser considerado um problema de saúde pública, a delegada reclamou que não há na cidade para onde conduzir o dependente. Esta mesma reclamação foi apresentada pelo presidente do Conselho de Segurança Pública local, Paulo Vasconcelos Marinho, que afirmou que o município também não conta com instituições para receber menores infratores. Já o deputado Antônio Júlio lamentou a omissão dos governos federal e estadual no combate ao crack. Ele citou as fortes instituições policiais existentes no Brasil (polícias civil, militar, federal e Forças Armadas) e indagou se elas realmente estão capacitadas para enfrentar os traficantes. Segundo o instrutor do Proerd em Pará de Minas, sargento Wagner Romualdo, foram apreendidas na cidade 1.045 pedras, em 2011. Ou seja, uma média mensal de 87,08. De janeiro a maio deste ano foram apreendidas 365, uma média mensal de 73%, até agora. DEPOIMENTO - Durante a audiência, um ex-dependente de drogas contou que usou drogas durante 15 anos, sendo que 6 deles foram dedicados ao crack. Há 5 anos, Marcelo está sem usar entorpecente e álcool, graças ao apoio da família e ao trabalho oferecido por uma das instituições locais de recuperação, conhecidas como fazendinhas. Sua história foi ouvida com interesse pelo público universitário, em sua maioria, que lotou o auditório da Fapam.

Mais da Gazeta

Colunistas