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Ex- dependente abre o jogo - 19/07/2012

Em um recente debate anti-crack realizado na cidade e noticiado na edição GP de nº 1408, chamou atenção da reportagem GP o breve depoimento do ex-dependente de drogas Marcelo Xavier Assunção e Silva, 32, filho de Mariolga Xavier e Geraldo Assunção/Dinho, hoje casado, sem filhos. À reportagem GP com exclusividade, Marcelo contou com riqueza de detalhes tudo sobre o uso de drogas e a superação. Não deixe de ler e de divulgar. “Comecei a usar drogas bem novinho. Fui 1º na bebida, no cigarro e, em seguida, conheci as drogas. Eu tinha amigos que usavam drogas e outros que não, mas me interessei mais pelos que usavam”, confessa Marcelo. A MACONHA – “Quando fumei o 1° baseado (cigarro de maconha) eu não tinha nem 15 anos, mas só fumava nos fins de semana. Fiquei um bom tempo fumando maconha nos fins de semana. Depois, comecei a usar também no meio da semana, até chegar ao ponto de fumar todo dia. Como eu ajudava na oficina que meu pai tinha, eu mesmo sustentava o meu vício”. A COCAÍNA - “Em 1994, conheci a cocaína. Foi tudo do mesmo jeito: 1º apenas nos fins de semana, quando eu ia a festas e cheirava sempre. Depois, mesmo sendo caro, eu já estava cheirando todo dia. Chegou a um ponto que eu cheirava quando tinha e na hora que tinha. Com o tempo, comecei a dar prejuízo para a minha família e a ter problemas de saúde como queimação na garganta, úlcera que me fazia evacuar sangue e as minhas pernas, quando eu andava, às vezes dava umas falhadas. Eu estava começando a morrer. Cheguei a pesar 60KG. Foi quando um amigo meu me convidou a ir para uma Fazendinha, mas como estava perto do carnaval, eu falei para os meus pais que eu iria para a fazendinha, mas só depois do carnaval. Pensei assim: Vou enfiar a cara nas drogas nesse carnaval e depois vou para a Fazedinha e não uso mais. Fui para a fazedinha em 2000 e fui graduado em 2001. Graduei novo, com 21 anos, e por ser novo demais, não tinha a cabeça muito no lugar”. O CRACK – “Quando chegou o Natal de 2001, pensei que poderia beber só uma cervejinha, porque sabia que não poderia mais usar drogas. Só que quem usa drogas não pode beber. Toda vez que você bebe, você vai querer algo mais e vai acabar procurando as drogas. Na casa da minha família, comecei a beber, fiquei tonto e alguns tios meus perguntaram se eu tinha começado tudo de novo. Eu falei que não, que era só bebida. Aí, eu saí para a rua, tonto e com dinheiro, porque como eu tinha parado de mexer com as drogas, eu tinha juntado bastante dinheiro. Saí para a rua e já fui direto procurar cocaína. Fui na casa de uns amigos que não tinham a cocaína e me falaram que cocaína estava difícil de achar e que a nova onda era o crack. Dei uma fumada para ver como era, mas o crack basta usar uma única vez e a gente já fica viciado. Eu fumei aquele dia, fumei muito, mas fiquei com medo. Durante a semana nem pensei no que tinha acontecido. Quando chegou a 6ª feira, pensei em fumar de novo e comecei a fumar cada vez mais. Viciei muito. Fiquei como um mendigo: mal, sem roupas para usar. Dinheiro nenhum para mim era suficiente. Fiquei sem crédito, sem caráter, sem nada. Aí, novamente, um amigo meu me convidou para ir, desta vez ao A.A. (Alcólatras Anônimos). Depois dele insistir muito, eu decidi ir, mas estava indo só por causa dele. Fui durante 3 semanas, mas ainda estava usando o crack, só que diminuindo. Indo no A.A. e lembrando de tudo aquilo que passei na Fazedinha, me deu até um certo remorso, porque eu fiquei na Fazedinha tanto tempo, 9 meses... se eu não tivesse tido a recaída, tivesse ficado sem mexer com mais nada eu já estaria livre há 10 anos... mas não adianta ficar lamentando, porque já aconteceu, já passou”... AS AMIZADES – “Antigamente eu pensava que eram os meus amigos que tinham me levado para as drogas, mas isso só tem 10% de verdade, porque se eu não tivesse ido atrás, ninguém teria colocado na minha boca. Ou seja, eles não me procuraram, não me ligaram, não me convidaram. Fui eu quem fui atrás. Então, meu pior inimigo sou eu mesmo. A única pessoa que pode me levar à queda sou eu mesmo! Amizade pode influenciar, mas é muito pouco”. A COMPULSIVIDADE – “Há pessoas que já nascem adictos (dependentes de álcool e droga), porque elas têm um distúrbio no cérebro. Então, ele já tem uma tendência para o uso de álcool e drogas; só precisa usar uma vez. Eu conheço pessoas que fumam maconha, de vez em quando, e se não tiver, não liga, não fuma, não corre atrás, não busca nem nada. Conheço pessoas que, de vez em quando, cheira cocaína e depois passa um ano sem usar. O adípto como eu, não... Eu tenho compulsividade para as bebidas, para as drogas. Várias pessoas têm. Basta chamar que elas vão”... A RECUPERAÇÃO – “Eu não posso beber nem usar drogas mais, mas também não posso ficar o resto da minha vida trancado dentro de casa. Então, eu reaprendi a viver sem bebida e sem drogas e ser feliz dessa maneira. Hoje, eu sou o homem mais feliz do mundo e não preciso de nenhuma substância química, nem álcool para me fazer feliz. Se eu estiver num lugar que tiver bebida, eu não me importo. Eu não tenho mais ânsia pela bebida, porque sei que eu não posso beber, em hipótese alguma, porque a bebida me levará novamente às drogas. Se eu ver que em algum lugar tem droga, eu vou embora na hora. Se a pessoa que estiver comigo não quiser ir, eu vou sozinho. Podem até pensar que sou ignorante, mas não é isso. Hoje, eu penso assim: 1º eu, 2º eu e 3º eu! Afinal de contas, se eu estiver bem, meu casamento vai estar bem, a minha esposa vai estar feliz, os meus pais vão dormir a noite inteira, em paz. Penso 1º em mim, depois nos outros. Se eu cair, sei que eu perco tudo de novo”! A FÉ – “Lembrando do que passei na Fazendinha, fazendo as visitas que sempre faço, estando sempre dentro de uma sala do A.A., frequentando as coisas da igreja católica é a maneira que, graças a Deus, estou agora completando quase 5 anos sem usar droga ou bebida. E o mais importante é agora ter Deus na minha vida, porque se você não tiver com Ele, hora nenhuma você consegue ficar sem droga e álcool”.

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