Não é comum, mas também não é raro, a ciência e a religiosidade, por comungarem pensamentos diferentes, baterem de frente em alguns momentos da vida. De um lado, a espiritualidade, do outro, a matéria. Em Pará de Minas, algo desse tipo aconteceu, quando um representante da igreja católica foi barrado na portaria do Hospital Nossa Senhora da Conceição. O fato dividiu opiniões, quando uns não acharam nada de mais e a maioria, um absurdo, um desacato a Deus. Entre os descontentes, houve quem ligasse para a reportagem GP para informar que o conhecido pará-minense, padre Nélson, hoje residente em Belo Horizonte/MG, esteve na cidade para visitar uma amiga que estava internada no hospital, mas que ele havia sido barrado. Para apurar a verdade, esta GAZETA entrou em contato com uma das 4 irmãs de padre Nélson que, com absoluta exclusividade, confirmou o fato, dando detalhes de como tudo que aconteceu. Não deixe de ler.
“Meu irmão, padre Nélson, tem uma grande amiga que é a Maria Zolina, mais conhecida como Zola, há quase 50 anos. Essa amizade é bonita de ver, porque é uma amizade sólida, fraterna que cresceu e está aí até hoje. Acontece que ela está idosa e precisou ser hospitalizada. Meu irmão vem a Pará de Minas só de 2 em 2 meses e, dessa vez, ficou sabendo que a Zola estava internada. Então, ele foi até o hospital para visitá-la, antes voltar para Belo Horizonte/MG. Eram 10H e ele falou que iria dar uma benção nela, através de uma visita. Entretanto, na portaria do hospital eles não o deixaram entrar”, conta a irmã de padre Nélson que pediu para que seu nome não fosse citado nesta matéria.
NÃO, NÃO E NÃO – “Diante disso, ele apresentou a sua carteira de padre e pediu para conversar com a diretoria para ver se alguém abria uma exceção rápida para ele entrar. Aí, alguém da portaria foi lá dentro e voltou com a resposta negativa: naquele horário era realmente impossível entrar e que ele deveria voltar no horário de visitas. Como ele estava apenas de passagem pela cidade e à tarde tinha um compromisso agendado em Belo Horizonte/MG, não pode esperar. Dessa forma, a irmã da amiga do meu irmão, que estava no quarto com ela, de acompanhante, desceu na portaria para eles conversarem na porta do hospital mesmo. Meu irmão foi embora muito chateado, porque em Belo Horizonte/MG, onde ele é vigário, ele entra em qualquer hospital, em qualquer horário, seja de dia ou à noite para abençoar os enfermos. A nossa maior chateação é que Pará de Minas é a terra natal dele. Ou seja, ele foi barrado em sua própria terra e para fazer uma coisa boa: dar uma benção... Não achamos isso legal! A Zola, além de ter perdido a visita de um amigo, perdeu também a benção exclusiva que seria dada pra ela”.
O OUTRO LADO – A reportagem GP também ouviu o Hospital Nossa Senhora da Conceição. Leia o que eles disseram.
“Em atenção à legislação pertinente, o hospital assegura o acesso às suas dependências de religiosos de todas as confissões para dar atendimento aos pacientes internados, desde que em comum acordo com esses ou com seus familiares, no caso de doentes que já não mais estejam no gozo de suas faculdades mentais. Entretanto, a fim de não por em risco as condições do paciente e visando preservar a segurança do ambiente hospitalar e, em conformidade com a lei, o hospital mantém normas internas que estabelecem horários para atendimento aos pacientes pelos religiosos. Dessa forma, os religiosos, na forma da lei e desde que atendam as normas internas do hospital, principalmente no que se refere ao Horário de Visitas, poderão dar atendimento aos pacientes internados, das 14 às 16H”.
* Padre pode ser barrado de entrar no hospital? Para participar de mais uma Enquete GP, entre agora no novo site da GAZETA (www.gazetaparaminense.com.br) e responda. O resultado sai na edição de nº 1414, do dia 10 de agosto.