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“Sempre percebo as pessoas me olhando e cochichando” - 02/08/2012

A reportagem GP esteve na residência do cadeirante Valdemir Gomes da Silva, 35, casado com Lilia Barcelos, 26, e pais de Wendel da Silva, de 2 meses, quando ele falou um pouco de suas dificuldades no mercado de trabalho. Também falou sobre o preconceito que, infelizmente, ainda existe na sociedade. Não deixe de ler. “Nasci com uma paralisia cerebral. Ou seja, quando nasci, tive uma falta de oxigenação no cérebro que afetou a minha parte motora e a minha fala. Hoje em dia, minha fala já está melhor”, explica Valdemir. O PRÓXIMO PREFEITO - “A prefeitura, no aspecto de ajuda na locomoção dos cadeirantes, está de parabéns, pois fez bastante rampas de acesso. Mas se falarmos em oportunidades de emprego, ela peca, pois não há oportunidades de empregos para deficientes na cidade, em especial para os cadeirantes. Há pouco tempo, fiz um curso de auxiliar administrativo, mas, quando fui em uma empresa de Pará de Minas, eles sequer aceitaram receber o meu currículo. Eles pensam que só porque sou cadeirante não sei fazer nada. Mas eu faço trabalhos de escola, escaneamento de fotos, xerox, convites de aniversário, etc. Mas não é todo dia que aparece serviço. Na verdade, é muito raro alguém vir até aqui para me pedir qualquer tipo desses serviços. Para usar o computador eu uso um adaptador chamado Tamanduá. Trata-se de um dispositivo com uma haste que eu prendo na minha cabeça e ela eu digito o que eu quiser. Gostaria de fazer um pedido aos empresários locais e também ao nosso próximo prefeito e aos próximos vereadores. Olhem mais o lado dos cadeirantes, porque não vivemos apenas de rampas de acesso. Queremos ter emprego e dignidade”. HÁ OU NÃO HÁ PRECONCEITO? – “Nós vivemos em um mundo em que são poucas as pessoas que não têm preconceito. Quando vou à rua sempre percebo as pessoas me olhando e cochichando. Não sei porquê, já que todos nós somos filhos de Deus e perante a Ele todos somos iguais”. FIQUE POR DENTRO - Na última 3ª feira, 24, a lei nº 8.213/1991 que obriga as empresas com 100 ou mais empregados a preencher de 2% a 5% de seus cargos com portadores de deficiência completou 21 anos. Contudo, empregadores e candidatos estão tendo dificuldades para ocupar essas cotas, por causa de 2 fatores. Confira: 1. Há carência de profissionais capacitados em razão da formação básica; e 2. o preconceito continua a ser um enorme desafio. O último censo do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, realizado em 2010, aponta que 23,9% da população possui algum tipo de deficiência. Desses, aproximadamente 27 milhões têm idade para trabalhar no mercado formal de trabalho com direitos trabalhistas e previdenciários. De acordo com os dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho e Emprego, havia 44,1 milhões de trabalhadores com carteira assinada até o fim de 2010. Desse universo, 306 mil foram declarados como pessoas com deficiência, representando apenas 0,7% do total de pessoas com contrato formal de trabalho no período. Hoje, existem mais de 70 mil vagas em aberto no país, uma vez que apenas 236 mil das 937 mil vagas reservadas pela lei foram preenchidas. (Matéria sugerida por HELOISA ISIDORO).

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