No fim do ano passado, a pará-minense Fatima Aparecida de Oliveira Silva, 43, teve problemas de saúde nas duas pernas que, infelizmente, causou-lhe a amputação da direita. Fatinha, como é mais conhecida, e que sempre teve uma vida agitada, trabalhando na noite da cidade (Cine Pub e Girus), recebeu com exclusividade a reportagem GP em sua casa. Não deixe de ler.
“Comecei a andar de gatinho pela casa”...
“Eu comecei a sentir algumas dores na perna, mas pensei que fosse pelo cansaço, por trabalhar muito em pé. No dia 31 de outubro, fui ao Centro e parecia até que estava me despedindo da rua, pois estava super bem. Entrei num monte de loja, comprei muita coisa. À noite, senti uma forte dor na perna esquerda. Falei com o meu esposo que iria deitar mais cedo, porque estava doendo muito. Deitei, dormi e, quando foi no outro dia, ao colocar o pé no chão, não o senti mais... Isso aconteceu no pé direito; quando coloquei a mão nele, senti que ele estava gelado. Achei estranho, mas pensei que logo ele iria se esquentar, mas não esquentou. Depois de um tempinho, comecei a sentir uma dor intensa… Fiquei sem entender o que estava acontecendo. Nisso, comecei a andar de gatinho pela casa, porque não conseguia firmar o pé no chão. Depois, fui ao P.A., onde eles acharam que era hérnia de disco, porque eu tenho um problema na coluna. Tomei um injeção e fui para casa. Mas aí minha perna foi morfinando. Minha menina viu aquilo e falou que uma perna estava diferente da outra. Minha irmã me falou que nem parecia serem pernas de uma mesma pessoa; meu irmão também achou que estava muito estranho. Então, procuramos um especialista que falou que era má circulação e que eu precisava fazer uma cirurgia, na hora”, relata Fatinha.
“Quando eu vi que minha perna tinha sido amputada, tive alguns momentos de pânico”
“A 1ª cirurgia foi no dia 9 de novembro, mas eu cheguei a fazer 5 cirurgias... houve momentos de tanta dor que eu achei que iria morrer. Não tinha mais esperança, porque a perna estava muito machucada. Minha 5ª e última cirurgia aconteceu em 19 de janeiro, quando o especialista falou que não tinha mais jeito... que tinha que amputar. Mas na hora da amputação, parece que Deus me deu força, porque tinha uma enfermeira que sempre falava comigo para pedir a Deus aceitação. Na hora da amputação, Ele já tinha me dado a aceitação no meu coração. Mas quando eu vi que minha perna tinha sido amputada, foi muito difícil. Tive alguns momentos de pânico,mas, graças a Deus, como eu tenho muitos amigos, vizinhos, minha família, recebi muito apoio. Minha irmã parou de trabalhar para ficar aqui em casa comigo, me ajudando, cuidando de mim e dos meus filhos. Minha casa vivia cheia de gente e eu estava cercada de amor e carinho... foi o que me ajudou. Nessas horas, o que a gente precisa é de atenção, amor, carinho e ajuda de Deus. E eu tive tudo isso. Eu já sabia que as pessoas demostravam certo carinho por mim, mas depois que eu amputei a perna, vi que realmente tem gente que gosta de mim. Eu não senti, hora nenhuma, desprezo de alguém. Vieram pessoas aqui me visitar que eu até me surprendi. Agora, fico pensando nas pessoas que acham que não precisam de ninguém; que só vivem por elas e seus umbigos... Que fim elas terão? Viver sozinho deve de ser muito triste”.
“Como foi o a perna, e não o braço,dá para eu encostar em algum lugar e fazer certas coisas”
“Depois da amputação, pensei que eu iria ficar pior, porque, desde os 11 anos, eu trabalho, correndo prá lá e prá cá, tanto na limpeza, quanto atendendo de garçonete. Como foi o a perna, e não o braço, dá para eu encostar em algum lugar e fazer certas coisas. Gosto muito de trabalhar e hoje, aqui em casa, já vou à cozinha, consigo fazer um almoço, lavar as vasilhas... Algumas coisas, eu até já tentei, mas sei que não dou mias conta, tipo, estender uma roupa, limpar o chão, coisas mais pesadas mesmo. Quando a Ivânia Resende (Atelier de Ideias) veio me visitar, ela pensou que eu já tinha uma perna mecânica. Quando ela me viu na cadeira de rodas e de andador, logo pensou em me ajudar a adquirir uma perna e eu agora estou numa expectativa muito grande! Eu perdi só um pedacinho de mim, mas é muito bom você andar. Só damos valor ao tanto que é bom poder andar, depois que a gente perde uma perna... Infelizmente, essa é a verdade”.
* Uma feijoada benificente com ingresso a R$ 15,00 será realizada no próximo dia 25, sábado, no sindicato rural, das 11H às 16H, com show de Willy e Ney e Célio Galvão. Mais informações: 9946-0755.