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9 meses depois, como anda o “Bairro das Casinhas”? - 06/09/2012

Passados 9 meses da entrega das 484 chaves das casas populares do Residencial Parque do Cedro, bairro Prefeito Walter Martins Ferreira, popularmente conhecido como Bairro das Casinhas, através do programa Minha Casa, Minha Vida, a reportagem GP quis saber o que os moradores estão achando de residir ali, em suas próprias residências. O fantástico programa ergue casas de 2 quartos ao preço final de R$ 41.950,00, em 120 prestações (10 anos) de R$ 349,58, sendo que o mutuário paga 10% da renda familiar declarada (mínimo de R$ 50,00 e máximo de R$ 135,95). O restante (para completar os R$ 349,58) são quitados pelo governo federal. ILEGALIDADES - “Antes de vir morar aqui, realmente eu pensava que seria uma favela. Logo depois que mudei para cá, percebi que estava equivocada. Minha rua é muito tranquila, os meus vizinhos são muito bons, não tenho problema com ninguém que vive aqui e a criminalidade é menor do que eu esperava ser, entre outras coisas. A prestação da casa é de apenas 10% da renda mensal minha e de meu marido. Porém, a escola fica muito longe. O posto de saúde daqui atende também os moradores do Padre Libério. Sempre que a gente precisa ir lá está a maior muvuca. As lotações estão sempre cheias. Na época, o prefeito disse para os moradores que iria dar o Transcard para as crianças estudarem, mas não cumpriu... Há moradores que construíram comércios nas casas e está escrito no contrato que não podia fazer isso. E tem gente também que está vendendo as casas, coisa que também não pode”- ELENICE FÁTIMA, 31, moradora na rua João Carlos Batista, casada com Divaldo Vieira de Souza, 40, mãe de Felipe, 8 e Fernanda, 15. GRAÇAS A DEUS - “É bom morar aqui, porque saí do aluguel, o preço daqui é bem melhor e dá pra gente controlar as despesas. Fora isso, o bairro é muito tranquilo. A única coisa ruim é que falta uma guarita no ponto de ônibus, porque o sol e a chuva atrapalham muito. O resto está tudo bem e eu agradeço essa oportunidade, primeiramente a Deus e, depois, às autoridades. Mas confesso que tive de correr muito para conseguir” - TIAGO AUGUSTO D’ASSUNÇÃO, 24, morador na rua João Carlos Batista, casado com ÂNGELA com quem tem o filho Gabriel, 3, e um bebê que nascerá até março. PROMESSAS - “O bom de morar aqui é que agora eu tenho a minha casa, fiquei livre de favores e de pagar aluguel e pago apenas 10% do meu salário. Mas temos umas dificuldades aqui como a terra que é muito vermelha, tem muita poeira e suja muito. Fora isso, há coisas que foram prometidas, mas que até hoje não foram cumpridas como um ônibus gratuito para levar as crianças daqui para as escolas. A escola Dona Cotinha está sobrecarregada com muitos alunos em cada sala. As crianças ficaram prejudicadas com isso, porque não tem como o professor ensinar bem com uma sala superlotada de alunos. Foi prometido também um financiamento com preço acessível pra gente murar a casa e isso não aconteceu (Construcard). Como a casa é aberta, não temos privacidade, nem segurança” - SUELI TELES DE TOLEDO, 50, viúva de Geraldo Otávio Pimenta Filho, com quem teve 6 filhos: Thiago, 30, Mateus, 22, Lucas, 20, Sara, 14, Gabriel, 11, e Emanuel, 8. O OUTRO LADO – Como sempre faz, a reportagem GP também ouviu as pessoas responsáveis pelas áreas criticadas. Em contato com a secretaria de ação social, veja o que o disse Ângela Cristina Cardoso Vieira. “O trabalho da Secretaria de Ação Social é fazer as inscrições dos pleiteados para conseguir essa moradia. Com isso é aberto um período de inscrição, feitas pela internet ou pessoalmente, na secretaria. Após, é feita a seleção desses possíveis moradores. Uma parte dessa seleção é feita pela secretaria de assistência social e a outra parte, pela Caixa. Depois, acontece o sorteio das casas, a assinatura dos contratos e a entrega das chaves. Aí, novamente, a secretaria volta a agir, fazendo um trabalho social pós-ocupação dessa moradia. O objetivo desse trabalho social é mobilizar todo mundo para viver em comunidade, ensinar como funcionará e o que pode estar sendo desenvolvido naquele local, melhorando os equipamentos sociais oferecidos. No fim de tudo, a secretaria conseguiu criar uma associação comunitária no bairro”, explica Ângela Cristina que sugeriu a reportagem GP procurar outros responsáveis para dar as outras respostas reivindicadas. SUPERLOTAÇÃO E ÔNIBUS - Em contato com a secretaria de educação, a reportagem GP conversou com Maria das Graças de Oliveira Figueiredo. Confira. “1.) A escola Dona Cotinha está com um número grande de alunos, por causa dessas pessoas que mudaram para o bairro Walter Martins. Porém, do 1º ao 5º ano, não consideramos superlotação, porque estamos na faixa de 30 alunos em cada turma. A questão maior é do 6º ao 9º ano, pois o 7º ano está com 41 crianças em cada turma (3 turmas). Porém, optamos por deixar as turmas maiores para atender a criança próxima à sua residência; 2.) Sobre o Transcard, ele está sendo oferecido pela secretaria, através do departamento de transporte escolar, a todos os estudantes que moram a mais de 2KM de distância da escola onde estuda. Para receber esse beneficio, é necessário fazer um cadastro na secretaria de educação; 3.) Já a questão do ônibus gratuito, a secretária de educação, Cristina Gabriela, está fazendo um levantamento para saber o número de crianças que necessita do serviço para ver a possibilidade da secretaria ceder esse ônibus até a escola Dona Cotinha”, garante Maria das Graças COMÉRCIO CASEIRO - A reportagem GP também ouviu o gerente de atendimento local da Caixa Econômica Federal, Aloísio Ferreira de Araújo. “1.) Esse residencial foi um grande ganho para toda a região de Pará de Minas. É um empreendimento feito em parceria com a Caixa, o Governo Federal e a prefeitura e beneficiou quase 500 famílias. Para cumprir esse contrato, essas famílias têm umas condições assinadas por elas. Dentre essas claúsulas contratuais, está que a casa é para exclusiva moradia do proponente do financiamento e de sua família. Ou seja, tudo que fugir disso, é motivo para recisão do contrato. Quem fizer comércio, emprestar, alugar, ceder ou colocar qualquer outra coisa fora daquilo que está no contrato, está infringindo uma cláusula contratual. Com isso, esse contrato pode, em caso de uma denúncia formal, um departamento específico da Caixa, sediado em Belo Horizonte, virá até aqui fazer uma vistoria no local. Comprovada a denúncia, essa pessoa será obrigada a devolver o imóvel ou então será convidada a pagar o valor integral do financiamento. É importante deixar claro que a pessoa que perder a casa, por algum motivo, ficará impedida e não conseguirá esse mesmo benefício da Caixa, nunca mais; 2.) Sobre o Construcard, no dia da entrega das chaves, o superintendente Constantino disse que a Caixa dispõe de uma linha de crédito que poderia estar sendo usado para realizar melhorias na casa. Essa linha de crédito está aberta, sempre esteve, mas, para se ter direito, tem que passar por um processo de análise de crédito e nem todas pessoas que moram lá têm condição para fazê-lo. Porém, diversas pessoas já construíram muros e melhoraram os imóveis”, esclarece Aloísio Ferreira de Aráujo, gerente de atendimento da Caixa local. MUVUCA NA SAÚDE? – Sobre a saúde, a reportagem GP conversou com a secretária de saúde, Maria Amália Arruda. Veja. “Eu vejo que a fala dessa moradora é um equívoco, pois, muito pelo contrário, o posto de saúde é a última unidade que recentemente foi inaugurada e absorveu as famílias das casas populares. Esse posto tem duas equipes de saúde que contém 2 médicos, 2 enfermeiros e um auxiliar de enfermagem. É um posto que faz coleta de sangue e tem um ponto de eletrocardiograma que faz com que o paciente não precise vir ao Centro. É um posto que acolheu com sua estrutura física muito bem, inclusive a população do Walter Martins. O período da manhã tem uma frequência maior de pessoas, porque os médicos atendem nesse período, tanto no posto de saúde, quanto na Policlínica ou no Casmuc e isso gera uma frequência maior de pacientes. O que pode ter acontecido é que no dia que a moradora esteve no posto viu esse movimento mais intenso e fez esse comentário dessa forma, mas isso realmente não procede”, contrapõe Maria Amália. E A GUARITA? – A reportagem GP também entrou em contato com a secretaria de planejamento, na 4ª feira, 5, tanto de manhã como de tarde, deixou recados com a telefonista, mas não obteve resposta até o fechamento dessa edição. Porém, a GAZETA está aberta, caso ela queira também se defender. * Em breve, a prefeitura e o Governo Federal entregarão mais 494 chaves. Essas novas casas são iguais às anteriores, porém com energia solar, piso em cerâmica, cozinha e banheiro azulejados até a metade. Número de inscrições realizadas: 5.771 pessoas.

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