Um dia após o sepultamento de Maria Ilda da Silva Oliveira, a conhecida Maria Ilda do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, a reportagem GP foi informada que ela havia morrido por causa de complicações, após tomar uma vacina antigripal. A partir daí, armou-se uma verdadeira inquietação nos repórteres da GAZETA para apurar a veracidade dos fatos. Porém, só agora, 2 meses depois, o jornal conseguiu, finalmente, falar com o viúvo Nélson da Costa Oliveira que, ainda muito abalado, aceitou conceder essa entrevista exclusiva ao jornal como um alerta à toda população. Não deixe de ler.
PRIMOS 1º - “Eu e a Maria Ilda sempre fomos grandes amigos. Aliás, a gente era primos em 1º grau e isso fez com que a gente passasse toda a infância juntos. Eu não saía da casa dela. Na nossa família teve muito disso, de primo casar com prima; quase todos. Meu irmão Élson namorou com uma prima 1ª e se casou com ela. Na época, eu falei com ele que primo não se casava com prima. Acabou que, em 1979, eu e a Ilda começamos a namorar também e nos casamos em fevereiro de 1985. Éramos muito felizes, companheiros de todas as horas. Sempre pensamos em ter filhos, porém ela não podia... até fez tratamentos, mas não conseguia. Aí, acabou desistindo”, conta Nélson.
55 DIAS – “A Maria Ilda toda vida teve asma crônica e sempre se cuidou. Diante disso, todo ano, ela comprava e tomava vacina de gripe (Influenza). Aliás, eu também tomava com ela essa vacina. Existe essa vacina no posto de saúde, mas a gente sempre comprou em farmácia para tomar. Porém, o médico dela, de Belo Horizonte, receitou, mais uma vez que ela tomasse, mas que ela não deveria comprar mais, porque era direito dela tomar de graça (a vacina em farmácias custa em torno de R$ 60,00). Ela procurou essa vacina por todo lado, até que acabou achando na Policlínica, onde conseguiu tomar no dia 5 de junho, pela manhã. Não sei se eles fizeram algum alerta para ela, na Policlínica, mas o que fez isso com ela foi a vacina. Está no atestado de óbito (veja acima). Só que nenhum médico falou com ela que poderia ocorrer algum problema. Com certeza, ela estava com imunidade baixa. Depois do almoço, naquele dia, ela começou a passar mal e não conseguiu nem ir trabalhar. Mais tarde, ela começou a sentir falta de ar. Fez vaporização, mas não adiantou. Aí, ela pediu para que eu a levasse para o Hospital Nossa Senhora da Conceição. Chegando lá, ela já foi direto para a UTI, onde foi intubada. No outro dia, 6, conseguimos uma vaga no Hospital Madre Tereza e levamos ela para lá, onde foi feito uma bateria de exames. Ela ficou 4 dias intubada, sem dar notícia de nada. Quando ela acordou, ficou muito preocupada com tudo aqui fora. Comigo, com a casa, com o trabalho dela. Ela deu uma recuperada boa e até falaram que iriam tirar ela da UTI. Do dia 10 de junho até o dia 28 de julho, ela estava ótima e eu estava muito confiante, porque ela estava com uma vontade muito grande de viver, mesmo se recuperação fosse lenta. Só que no dia 28, sábado, ela acordou com muita febre e deu uma piorada. No outro dia, domingo, os médicos deixaram todos os parentes entrar na UTI, pois falaram que ela estava muito mal... Muitos acharam que ela não iria mais aguentar, mas eu ainda tinha muita confiança. Só não aguentaria se ela sofresse uma parada cardíaca. Aí, ela não voltava mais”.
A MORTE – “Todo esse tempo, eu ia para Belo Horizonte e voltava para Pará de Minas, todos os dias. Naquele domingo, eu cheguei aqui às 20H30 e quando foi 22H30 o José Maria mais o filho dele, Diego, ligaram aqui para casa falando que ela tinha sofrido uma parada cardíaca. Então, eu perguntei logo se ela tinha morrido, porque os médicos tinham me avisado que ela não poderia ter uma parada cardíaca. O Diego, então, confirmou que ela havia morrido... eu fiquei aqui... a Laura mais o Bonifácio arrumaram toda a papelada. O corpo dela chegou aqui às 5H e o enterro foi às 17H. Durante todo o dia, o velório ficou cheio e eu vi o quanto ela era querida. Todos do Sindicato dos Trabalhadores Rurais estiveram lá. Muita gente mesmo... mas nada disso consegue suprir a dor que eu continuo sentindo, a saudade... Está muito difícil”!
CULPA DE QUEM? – “Ela era uma companheira daquelas, uma mulher lutadora que corria atrás do que queria, até mesmo dessa vacina... Talvez, alguém tenha falado para ela não tomar a vacina no posto... não sei, mas ela tomou assim mesmo. Então, ela assumiu o risco. Eu não falo que alguém seja culpado, até porque sempre fomos muito bem atendidos aqui em Pará de Minas. Sempre fizeram de tudo por ela, quando foi preciso”...