Em 9 de dezembro de 1994 (Edição GP de nº 487), esta GAZETA noticiou o triste caso de Maria Antônia, que teve suas duas pernas mutiladas ao pisar sobre cinzas com fogo em brasa por baixo. Tudo aconteceu, porque o gás de sua casa tinha acabado na hora do jantar e ela não tinha condições para comprar outro botijão. Ao entrar no terreno de uma siderúrgica à procura de lenha, aconteceu a tragédia. Na época, ela teve o apoio de algumas pessoas, como o da secretaria de ação social e até da direção da empresa que não tinha responsabilidade nenhuma no acidente, mas deu início à construção de uma casa para ela que até hoje Maria Antônia não conseguiu finalizar. Agora, 18 anos depois, outra Maria, cujo sobrenome é das Graças Silva, residente no bairro Providência, procurou a reportagem GP para falar de um sonho que ela deseja ver realizado, através desta matéria. Não deixe de ler.
“Eu já me deparei, quando está chovendo, com a dona Maria debaixo das marquises, esperando a chuva passar. Aí, quando a chuva passa, ela sai arrastando com aquelas almofadas protetoras dos joelhos que ela usa se molhando toda. Quantas vezes, ao ver aquilo, eu vou chorando pra casa, pensando em como eu poderia ajudá-la... Sei que ela perdeu as pernas trabalhando, procurando sobrevivência, catando ferro em uma indústria de Pará de Minas. Apesar de tudo, eu nunca a vi negar um sorriso para ninguém. Todos que passam perto dela, ela sempre tem um sorriso para dar. Acho que ela é artesã, porque a vejo vendendo uns tapetinhos”, emociona-se Maria das Graças.
SONHO NOBRE – “O meu sonho, na verdade, um sonho grande, é dar para ela uma cadeira motorizada, porque ela mora no mesmo bairro que eu e vem para o Centro quase todos os dias. Não é um pedido dela, porque ela não me conhece... eu nem sei o endereço dela. Acho que uma prótese pra ela não é o ideal, devido a sua idade, mas uma cadeira de rodas motorizada, dessas que eu vejo pessoas que têm condições, usando. Seria um conforto muito grande para ela que sempre vem ao Centro. Então, eu queria pedir, através da GAZETA para ver se alguém me ajuda a realizar esse sonho. Eu penso em realizar um almoço, vendendo ingressos, mas eu não tenho condições de fazer isso sozinha e também acho que o dinheiro não daria para tanto. Quem sabe, então, se algum empresário ou um dos grandes políticos que temos aqui possam me ajudar, de alguma forma, a ajudá-la. Eu ficarei muito feliz se conseguir. Estou procurando a GAZETA porque sempre que eu precisei de algum favor nesta cidade a GAZETA abriu as portas para mim e, após a veiculação das matérias, várias pessoas se prontificaram a me ajudar. Acredito que como eles me ajudaram, vai aparecer agora alguém que vai me ajudar a conseguir realizar esse meu sonho. Só que desta vez eu não estou pedindo para mim. Quem sabe alguém vai se sensibilizar”?
ELA QUER? – A reportagem GP procurou Maria Antônia, pelo Centro da cidade, até encontrá-la para ver se o sonho de Maria das Graças seria também um desejo dela. Veja o que ela disse.
“Eu mesmo faço as joelheiras que eu uso e que me custam 45 reais por semana. Mas elas machucam bastante os meus joelhos. Eu tenho uma cadeira de rodas para usar dentro de casa, só que ela não é motorizada. Meu sonho também é ter uma cadeira motorizada e poder voltar a trabalhar, coisa que hoje eu não consigo, a não ser fazendo os pequenos tapetes de retalhos que eu sempre faço para vender. Quem sabe, agora, alguém que tiver boa vontade, vai arrumar uma cadeira motorizada para mim”, diz a sempre bem humorada Maria Antônia.