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Aos 71 anos, a carteira de habilitação - 12/10/2012

Na Edição GP de nº 1400, esta GAZETA divulgou a matéria Nunca É Tarde Para Vencer, quando retratou o sonho do agricultor Vantuir Gonçalves, 71, morador em Antunes, distrito de Igaratinga/MG, de tirar carteira de habilitação de moto. Agora, 4 meses depois, a reportagem GP soube que, após duas reprovações no exame de direção, Vantuir finalmente conseguiu realizar o seu sonho. Na sede da GAZETA, ele falou com a reportagem GP. Confira. “Foi bastante difícil para mim tirar a carteira, porque eu não tenho a sabedoria adequada, mas com a ajuda de Deus e de meus professores, eu consegui. Tenho que agradecer o Alex, o Eduardo e o Anselmo, porque eles tiveram muita paciência comigo, me explicando como tudo deveria ser feito assim. Em gente como eu, de idade, a cabeça já não ajuda muito, mas até a rampa, que todos têm medo, eu consegui ficar tranquilo. Dia desses, a polícia lá de Igaratinga/MG, me parou e me pediu o documento. Eu, muito bobo, passei para eles o documento de identidade (risos). Aí, eles me pediram o documento do veículo. Aí, eu, todo feliz, mostrei o documento do veículo e o da habilitação, novinha. Essa carteira faz muita falta. Quem quer dirigir precisa de ter o documento. Quem não tiver, não compensa a dirigir, porque, com esse trânsito desse jeito, temos que dirigir pra gente e para os outros com muita atenção. Agora, vou esperar passar um prazo e tirar a carteira de carro também, com certeza”, promete Vantuir. NUNCA É TARDE - O instrutor da Autoescola Igaratinga, Carlos Eduardo Daumas, também falou com a reportagem GP. Confira. “Desde quando o Vantuir chegou na autoescola, a gente sabia das dificuldades dele, devido a sua idade. Então, começamos um trabalho diferente com ele, na sala de aula. Além do computador, multimídia e outras coisas que habitualmente usamos, também tínhamos a preocupação de fazer algo diferente com ele como colocá-lo mais na frente, falar um pouco mais alto, escrever letras maiores no quadro. Mas o mérito maior é dele, pela dedicação e força de vontade. Ele ia às aulas em diferentes horários todos os dias, sempre muito esforçado, lutando para tirar as dúvidas para ter um aprendizado legal. Na 1ª prova, ele tirou 16 pontos; na 2ª, 21. O trabalho foi difícil, por causa da idade dele, mas nunca é tarde para vencer como ele mesmo diz”, diz Carlos Eduardo. AMOR A SI MESMO - A reportagem GP também conversou com Alexandro Eustáquio Pereira, proprietário da Autoescola Igaratinga, e que há 13 anos atua nesse ramo. “Nós que participamos da educação de condutores do trânsito, estamos vendo que muitos dos nossos alunos e conhecidos estão se acidentando e até mesmo morrendo no trânsito. Isso comove muito a gente, ficamos muito chateados. A autoescola tem um papel fundamental na formação do condutor, mas as leis são muito vagas, cobram muito da autoescola e falta muita educação de base. Não adianta um aluno assistir 45 aulas na autoescola, aprender as leis de trânsito, educação e cidadania. Essa mudança tem que vir da sociedade como um todo, porque hoje você vai comprar uma moto, mas a propaganda não mostra que você tem que usar capacete, que você tem que respeitar as leis e tem que passar essa mensagem. Infelizmente, o objetivo do comércio é só venda: velocidade do carro e potência do veículo, mas nossas vias não comportam certas velocidades. Antes, na BR-262 havia acidentes e o motivo era porque ela era estreita e mal sinalizada. Agora, está duplicada, a pavimentação e a sinalização são boas, mas, ainda assim, acontecem os acidentes. Até dentro da cidade o número de fatalidades que estão acontecendo, principalmente com motociclistas, estão competindo com veículos de grande porte. Então, tem de partir de cada um parar com esse espírito de competição que está tendo no trânsito. A gente tem que estar em paz, respeitar as leis e respeitar o próximo no trânsito. Infelizmente, hoje os motoristas estão amando mais sua máquina do que a si mesmos. Segundo a Semana Nacional do Trânsito, nós temos que ter primeiramente educação e amor. Amor a si mesmo e amor ao próximo”, ensina Alexandro Eustáquio.

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