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14/11/2024


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“Não cheguei a passar fome, mas brinquedo eu nunca tive” - 30/11/2012

A reportagem GP foi procurada por Conceição Mendonça de Oliveira, 46, formada em Letras, mas que exerce a profissão de costureira. Ela, restaura bonecas jogadas na reciclagem. Sãozinha, como é mais conhecida, recolhe essas bonecas, recupera-as e, depois, as doa para crianças que não têm condições de comprar. Na verdade, ela conta com a ajuda de uma equipe: sua amiga Mara Beatriz ajuda a recolher essas bonecas, sua filha Gabriela Mendonça, lava as bonecas e seu sobrinho Caio Vitor ajuda na montagem. Fique por dentro desse boa iniciativa. “No Natal do ano passado, eu fui na Ascamp, levar umas lembrancinhas para as suas funcionárias. Aí, eu vi uma boneca toda suja jogada no lixo. Como eu não tive boneca na infância, pensei logo em pegar aquela para mim. Só que depois pensei assim: se lá tinha uma boneca, pode ter mais e, como sou costureira cheia de dotes, poderia consertar bonecas jogadas fora e doar para crianças que não têm...”, resume Sãozinha. QUEBRA CABEÇA - “Fui para casa com essa ideia na cabeça. No outro dia, liguei para a Andreia, lá da Ascamp, e perguntei se a Ascamp não venderia para mim todas as bonecas que lá fossem encontradas. Qualquer uma: toda desmontada, sem cabeça, sem braço e até as ainda perfeitas. Expliquei a ela que iria reconstruir as bonecas e doar. Ela me disse que se eu fosse doar, ela iria me dar todas as bonecas e assim tem acontecido, durante todo este ano. Vou lá regularmente, uma vez por mês ou de 60 e 60 dias. Aí, apanho os pedaços do lixo para juntar com outros que já tenho em casa. Trago em média, de cada vez que vou lá, umas 20 bonecas. Têm algumas que são perfeitinhas; só precisam de tomar um banho, são perfeitas mesmo com olhinhos, bracinhos, etc.. Já fiz duas doações dessas bonecas. Tem uma senhora na Ascamp que já separa as bonecas para mim, não deixando jogar tanto lixo em cima delas. Aí, como ela tem uma neta que não tinha boneca, eu entreguei uma boneca bem grande para ela. Porém, têm bonecas que eu já encontro com a roupinha já apodrecida pelo tempo de tanto tempo que ela ficou jogada lá, misturada com outras lixos. Enfim, chegando em casa eu as reformo com ajuda da minha filha na lavagem e de meu sobrinho, Caio, que vai montando. No final, eu finalizo tudo, fazendo as roupinhas”. POTE DE OURO - “Eu mexo naquele lixo lá e os meus olhos brilham, quando eu acho uma boneca. É como se eu achasse um pote de ouro. Fico indignada porque a pessoa que jogou a boca fora não fez uma doação diretamente. Se ela não tem para quem doar, deveria doar para uma instituição, creche, restaurante da criança, centro espírita, hospital... Eu chego a ver os olhinhos das crianças brilhando, quando eu entrego para elas essas bonecas. São pessoas muito carentes, exatamente como eu era na minha infância: palperríma. Eu não cheguei a passar fome, mas brinquedo eu nunca tive. Essa alegria que eu vejo, que eu sinto nessas horas me faz muito bem”. 3 PROPÓSITOS - “Neste momento, já tenho em torno de 60 bonecas prontas para doar e mais umas 30 para finalizar. O meu propósito em divulgar esse trabalho na GAZETA são 3: 1°) que outras pessoas possam ter ideia desse tipo para outras coisas como carrinhos para presentear os meninos também; 2º) como faço tudo sozinha, queria que alguém ou alguma empresa me ajudasse a montar as bonecas que eu não consigo. Ou, então, uma pessoa que soubesse costurar naquela boneca Meu Bebê que tem aquele enchimento, porque, sou humilde em falar que não sei pregar; e 3º) tenho a intenção de fazer isso com mais frequência, quando eu me aposentar e, se possível, ensinar algumas meninas a fazer também para elas brincarem e também para fazerem igual a mim, no futuro”. * Quem quiser ajudar a Sãozinha nesse seu maravilhoso projeto social deve de ligar para 9997-8845.

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