Chamou atenção da reportagem GP uma pequena nota inserida na coluna Gente Que é Gente, na edição anterior a esta, quando foi divulgado um e.mail de um belo-horizontino fazendo elogios ao trabalho musical de Urbano Medeiros na recuperação de drogados. Como, no último dia 22, foi comemorado o Dia Nacional da Música e também do Músico, a reportagem GP aproveitou o gancho para correr atrás de Urbano que, em seu apartamento, no Centro, concedeu com exclusividade esta interessante entrevista GP. Não deixe de ler.
“Fico muito feliz pelo dia da música ser comemorado no dia 22 de novembro, porque é também o Dia de Santa Cecília que foi uma mártir. Inclusive, sua família foi batizada por um papa que se chamava Urbano. Tenho até a foto. Na hora em que Santa Cecília estava sendo decapitada, os órgãos da igreja tocaram sozinhos. Foi um milagre! É por isso que Santa Cecília é nossa protetora (dos músicos). É por causa desse milagre que no dia 22 também é comemorado o Dia do Músico e da Música”, explica Urbano.
SOBRE O E.MAIL - “Faço um trabalho anônimo nos hospitais daqui, de Nova Serrana/MG, Belo Horizonte, Divinópolis/MG, Itaúna/MG, zona rural e onde tenha doentes, desesperados, alcoólatras... Já toquei até em momento de parto difícil. É um trabalho de sigilo, confidencial. Todos os dias atendo na minha casa casos e mais casos de pessoas que estão precisando desse bálsamo espiritual que vem através da música. Quando toco para uma pessoa, não estou apenas levando a ela um relaxamento ou um divertimento. Estou levando uma prece em forma de som. Há poucos dias, fui chamado no cemitério, porque havia falecido uma senhora maravilhosa de Pará de Minas e que, quinzenalmente, eu ia em sua casa tocar para ela. Ela sofreu durante uns 20 anos, paralítica em uma cama. Porém, ela reagia muito bem com a minha música. Então, toquei no sepultamento dela e o cemitério inteiro parou. Ficou apenas um silêncio tão grande que, se voasse uma mosca, pareceria até um trator. Aquilo foi um sinal de que estou no caminho certo. Não faço isso para ganhar dinheiro, não cobro um tostão das pessoas. Além de não cobrar, às vezes até pago pela condução, pois não tenho carro. Enfim, sou um sacerdote da música, porque a visão que tenho de música é uma visão totalmente diferente. É uma música aplicada para os enfermos, aidéticos, pessoas que estão precisando de um equilíbrio interior. Minha música é também para quebrar preconceitos de qualquer espécie. Então, não faço música simplesmente para a diversão. Faço música para a reflexão, para a melhoria do planeta Terra que está tão doente”.
MÚSICA RUIM - “A qualidade da música no Brasil hoje, infelizmente, está péssima. Falo isso com o coração na mão. Nunca vi tanta música ruim como tem hoje. Agora, se você quiser música boa, você tem de entrar para o seu quarto e ouvir um cd bom. O que tem sido imposto pelo Capitalismo aos jovens e às pessoas é uma música de péssima qualidade que não edifica, não melhora nada. Só piora! Outro dia, fiz um atendimento na casa de um rapaz que está em fase terminal e, quando toquei uma música boa para ele, ele falou:
- Nossa Senhora! Essa música é diferente de tudo aquilo que eu já ouvi até agora.
Da mesma forma que um psiquiatra prescreve remédios para equilibrar as pessoas, eu doo música. Existem 3 formas de fazer isso: 1ª) Passiva: a pessoa recebe minha música de uma forma passiva, deitada; 2ª) ativa: a pessoa aprende a tocar um instrumento comigo; 3ª) participativa: a pessoa se interage, tocando comigo. Sou filho adotivo de Pará de Minas, mas adoro esta cidade. Quero, até que a minha última gota de sangue seja derramada, trabalhar em benefício do bem de nossa cidade e da saúde mental e espiritual do nosso povo”.