Achando interessante a sua história, a reportagem GP entrevistou com exclusividade a artesã Elizângela Albeni, 34, que abandonou a profissão de Enfermagem para se tornar a Menina do Biscuit. Fique por dentro.
“O biscuit entrou na minha vida meio que por acaso. Eu morava em Juatuba/MG e vi na banca da cidade uma revista sobre essa arte. Comprei a revista, foliei ali mesmo no banco da praça e, no outro dia, já estava em Belo Horizonte para comprar os materiais básicos. Nessa época, ainda não existia massa pronta de biscuit; então, tive que pegar a receita da revista e fazer eu mesma, em casa. Era complicado mexer, pois a massa era super dura e ainda tinha que ser sovada quente. Comecei a fazer os imãs, vendo o passo a passo dessa revista e logo comprei outras. Quando vi, já tinha boas peças para serem vendidas. Claro que as peças não sairam lá grandes coisas; meu 1º trabalho foi o Chapolim e tenho ele até hoje (riso). Este não pude vender, porque era o meu 1º trabalho. A 1ª revista também guardo até hoje como souvenir”, lembra a artesã .
DAS DIFICULDADES AO SUCESSO - “No começo, foi muito difícil, só com o biscuit e sem trabalhar fora. Aí, arrumei um emprego de carteira assinada e, no trabalho, vendia minhas artes. Mas chegou um momento em que vi que conciliar as duas coisas estava me deixando maluca. Meu marido me deu um notebook e eu comprei uma câmara fotográfica. Com a ajuda da internet, montei um fotoblog. Fazia algumas peças e postava sem muita esperança, mas aí começaram a surgir as encomendas. Não me lembro mais da 1ª encomenda que peguei pela internet, mas lembro que tive medo de decepcionar quem estava do outro lado. Mas depois da 1ª vieram mais e mais. E com isto minha confiança aumentou, até que, um dia, saí do trabalho e fiquei só com o biscuit. Hoje em dia, compro a massa pronta e faço qualquer tipo de peça, de lembrancinhas a bolos falsos. Não escolho o público. Vendo para quem quer comprar e o preço é o mesmo, seja para a classe A ou E. As ferramentas que uso são as que eu tiver na mão: palito de dente, pincéis, estecas, agulhas... Hoje, já fiz peças que percorreram por toda parte do Brasil e até para fora como Portugal, Estados Unidos, Itália, Japão e Turquia. Tudo graças a tecnologia da internet”.
AS AULAS - “Hoje tenho um ateliê montado em casa e nele tenho uma mesa grande, prateleiras cheias de peças, muitos materiais, uma tv e o computador que fica ligado o dia todo. Acho que o trabalho artesanal pode ser muito gratificante. Mas ele também pode ser desgastante se começar a invadir o seu espaço familiar. A pessoa que se predispõe a esse trabalho tem que ter consciência de que é um trabalho como outro qualquer e que o descanso é fundamental. Sempre me perguntam se fiz curso, mas só fiz uma aula com o Maurício Siqueira. O resto que eu aprendi praticando e fazendo muita pesquisa na internet. Hoje, dou aulas de biscuit, na loja Kabritto Artesanato (3232-6009). Sempre entra gente nova. Tenho alunas daqui, em São Gonçalo/MG, Betim/MG e região. Elas já estão fazendo biscuit e vendendo também. Em Pará de Minas, cada vez mais, vejo mulheres que, além de donas de casa, buscam ter renda própria, trabalhando com artes manuais. É maravilhoso conseguir conciliar o trabalho e poder ver os filhos crescerem. Cada vez mais, a procura pelas aulas aumenta; tem até gente que faz bolos decorados, porque a técnica é a mesma, só muda a massa. Há alunas que usam as aulas como terapia ocupacional para sair da depressão. Mas em todos os casos, o principal é que elas entram com um objetivo e vêem no biscuit um mundo de possibilidades”.