Na última semana, a população foi surpreendida por uma ação de duas secretarias, em conjunto, a da cultura e a da ação social, que entraram em um acordo para proibir a entrada de pessoas no coreto da praça Torquato de Almeida, Centro da cidade. Sendo assim, o secretário de cultura, Lu Pereira e o de ação social, vice-prefeito Geraldinho Cuíca, decidiram colocar correntes nas duas entradas do local. Alguns leitores da GAZETA ligaram para dizer que não acharam correta essa medida que, segundo eles, está longe de ser uma solução para o caso. Afinal, toda praça é publica e, como próprio nome já diz, foi feita para uso do povo. Um deles frisou: “Fechar uma casa ou estabelecimento comercial com corrente é até normal, porque é particular, mas não um espaço público como o coreto”.
Diante disso, a reportagem GP procurou o secretário de cultura, Lu Pereira, que falou sobre a polêmica decisão tomada, porque o espaço vinha sendo usado por mendigos, usuários de drogas e prostitutas Confira.
“Essa foi uma situação que encontramos assim que assumimos a prefeitura e era uma situação que já estava instalada. Recebemos reclamações de moradores e comerciantes da praça. Ele sempre ficou aberto e todo mundo podia ter trânsito livre, mas nós vimos que era um problema, porque o coreto é um Patrimônio Cultural do município e que foi feito para a divulgação da cultura. E se a situação continuasse do jeito que estava, chegaríamos ao ponto de não ter como tirá-los mais de lá. Então, nós agimos juntamente com a secretaria de ação social. O Geraldinho Cuíca foi lá 3 ou 4 vezes conversar, cadastrar, ver qual era o problema deles e pedir para que eles saíssem do local. No começo, houve uma certa resistência. Saíram num dia e voltaram no outro. Foi aí que nós travamos as entradas. Não que isso vá impedir porque qualquer um pode pular, mas é para lembrar que aquele local é um espaço público, mas que é fechado. Com essa medida, se alguém entrar ali, passa a ser invasão e a gente vai tomar medidas mais enérgicas. Esse não é um problema que só vemos ali. Existe também no coreto da Igreja Nossa Senhora da Conceição. Enfim, é um trabalho de ação social e a secretaria de ação social já está fazendo o cadastramento dessas pessoas para ver a situação de risco delas”, transfere o secretário.
E A VOZ DO POVO?
A reportagem GP foi também para a praça, onde está o coreto para ouvir a opinião dos transeuntes. Confira.
1. “Achei errado terem fechado. Se chove as pessoas costumavam se abrigar no coreto. E agora? Vamos ter que correr para as lojas? A ação não somente prejudicou os desabrigados que dormiam lá, como prejudicou também a população”. Márcio Henrique Pereira Martins, 17, garçom, Nossa Senhora das Graças; 2. “Fechar o coreto foi uma coisa boa. O coreto localiza-se em uma praça, um lugar público que deve manter-se preservado e arrumado. Os desabrigados não devem dormir ali... mas deveriam construir outro lugar para eles”. Evandro Pereira Magalhães, 50, pedreiro, bairro Ascenção; 3. “Não concordo com as correntes. Está certo que o coreto estava sofrendo atos de vandalismos e abrigando alguns mendigos, mas o coreto foi reformado e agora vão mantê-lo fechado? Acho uma injustiça! Temos a questão da chuva, as crianças querendo brincar, as pessoas que querem dançar e o coreto fechado. Essa atitude prejudicou todo mundo.” Iago Nogueira, 17, atendente de supermercado, Belvedere; 4. “Foi melhor ter fechado, pois os desabrigados ficavam invadindo. O coreto é algo da população, mas com eles monopolizando o lugar fica difícil. Acredito ter sido uma ação corretíssima”. Feliciano da Silva de Souza, 50, aposentado, Nossa Senhora de Fátima; 5. “Como frequentador da praça, achei uma besteira muito grande terem fechado o coreto. Os andarilhos vêm para a cidade, não têm lugar para dormir e, assim, acabam dormindo no coreto. Se a comunidade não quer que eles durmam lá, que arrumem abrigo para eles, como fizeram em Divinópolis/MG”. Libério de Moura, 26, catador de material reciclável, JK; 6. “Achei errado, pois é um lugar público. Se não quisessem que os desabrigados dormissem ali, colocassem um segurança ou alguém para vigiar. Não deveriam ter fechado o coreto para todos”. Roberto Silva, 29, transportador de aves, Recanto da Lagoa.