Na última semana, a igreja São José, em Meireles/MG, foi ao chão e a reportagem GP recebeu ligações de leitores daquele distrito e também de Pará de Minas que definitivamente não concordam com tal demolição. Entre eles, Rodrigo Campos, cedeu o texto abaixo ao jornal. Não deixe de ler.
“Toda cidade do interior tem pelo menos uma praça, uma escola, uma venda, um cemitério e, bem próximo de tudo isso, tem que ter a sua igreja. Meireles é assim, ou melhor, era. Lá agora falta algo importante, falta, nada mais, nada menos, que a alma do povoado. Foi demolida ali a igreja, onde a maioria dos nascidos no povoado foi batizada; onde a maioria dos casamentos foram realizados; onde, no fim de tarde, os mais antigos se sentavam em sua pequena escadaria para prosear; onde a mocidade marcava os encontros pós-reza; ou onde os moleques como eu soavam o sino e faziam outras peraltices. No seu lugar, sob a desculpa do progresso e da expansão da capacidade de receber mais fieis (como se fosse uma indústria da fé), uma igreja maior será construída. Apesar de saber que esse momento chegaria, ao ver a foto do acontecido, senti meu coração apertar e me veio um sentimento de luto. Entendi um pouco mais a dor do seu Mônico, um dos mais antigos moradores do povoado, que provavelmente se casou naquela igreja, batizou seus filhos e netos, que disse que ele e a sua família jamais vão entrar na nova igreja. Acredito que o seu Mônico, por ser o homem religioso que é consiga até superar o trauma, não a tristeza. Em tempos de renúncia do papa, a destruição de uma igrejinha de um povoado como esses demonstram, na prática, o quanto a igreja católica distanciou-se do coração de seus fieis. Sinceramente, ainda não consigo pensar Meireles sem a sua, a nossa igrejinha”.
O OUTRO LADO – Em contato com a Paróquia Nossa Senhora da Piedade, em Pará de Minas, padre Washington explicou que a citada igreja estava interditada há pouco mais de 3 anos. Isso, porque a prefeitura decretou risco no local e, a qualquer momento, a igreja poderia cair, devido às trincas em toda a sua estrutura. Indagado pela reportagem GP se uma reforma não teria resolvido o caso, ele disse que ao avaliar os custos eles ficaram bem mais altos do que erguer uma nova igreja.