Ontem, dia 16, 5ª feira, foi comemorado o Dia do Gari, profissional de maior importância na sociedade, uma vez que ele realiza a limpeza e a coleta da sujeira e do lixo que produzimos todo dia nas casas, nas ruas, no comércio, nas fábricas, escolas, hospitais, associações, etc. Mas será que o gari é respeitado como profissional? A reportagem GP esteve na Engesp, empresa responsável pela limpeza urbana da cidade, onde conversou com a varredora Lourdes Duarte e com o coletor Cristiano Silva. Não deixe de ler.
VIDRO NO LIXO - “Tenho 4 anos de profissão e é muito bom trabalhar aqui, por ser algo que eu gosto. Mas, infelizmente, a população ainda não se conscientizou direito e tem gente que ainda coloca vidros no meio do lixo, fazendo com que os coletores cortem suas mãos e braços. Gostaria de dizer, então, para a população ter mais cuidado e também valorizar um pouco mais o nosso trabalho. Existem muitas pessoas boas, que nos tratam bem, mas também há outras que não se importam com a gente, nos tratando até com preconceito. Por onde passamos, deixamos tudo bem limpo e organizado. Aí, passa alguém que joga lixo no chão”, denuncia Lourdes.
DINHEIRO NO LIXO - “O meu trabalho é uma rotina pesada, mas boa e, por onde passo, tento transmitir sempre um clima de alto astral. Meu filho, às vezes, fala comigo que, quando crescer, vai ser coletor como eu e eu digo para ele seguir aquilo que tiver vontade, pois tudo que consegui na vida foi graças a esse emprego. Nessa profissão, têm coisas ruins, mas têm também coisas boas como fazer bastante amizades e eu só tenho a agradecer. A pessoa, para ser gari, nem sempre precisa ter porte forte; o que ela realmente precisa é ter força de vontade e determinação. A população, porém, acha que somos obrigados a levar todo tipo de material, mas na verdade estamos aqui para coletar somente o lixo da cidade. Há poucos meses, quando estive em Brasília/DF, notei que as pessoas de lá tem mais asseio que os pará-minenses. Existem pessoas que me perguntam como eu consigo trabalhar neste tipo de serviço. Porém, nesses meus 12 anos como coletor, nunca sofri preconceito, mas já vi alguns amigos passarem por isso. Uma vez, um dos coletores pediu um copo de água a uma moradora que se fez de desentendida e negou. Certa vez, encontramos R$ 1.700,00 no lixo. Depois, parou um carro e nos perguntou se tínhamos encontrado um envelope com o dinheiro. Quando entregamos o dinheiro, a mulher que vendia joias parece que suspeitou da gente, porque nem ao menos nos agradeceu... Outra vez, encontramos um cheque de R$ 12.000,00. Como tinha endereço, entreguei o cheque que era de uma professora e, através disso, nos tornamos amigos”, conta Cristiano.