Na manhã do último dia 27, a educadora ambiental Sônia Naime esteve na sede da GAZETA, quando conversou com a reportagem GP sobre a questão ambiental em Pará de Minas. Sônia fez um balanço, em 1ª mão para o jornal em que ela também é colaboradora, sobre os atuais problemas enfrentados pela cidade neste setor. Não deixe de ler.
“Nós temos hoje uma estrutura ambiental hoje que é vitrine para o Estado de Minas Gerais. Afinal, Pará de Minas está entre os 30 municípios mineiros que realmente estão cumprindo o dever de casa, ou seja, buscando soluções ambientais como, por exemplo, a construção da ETE – Estação de Tratamento de Esgoto. Isso é um ganho 10 para a cidade. Outro local, que agora está começando a ser preservado são as nascentes do Parque do Bariri. Um serviço muito bom, mas que chegou um pouco tarde, porque já perdemos muitas nascentes naquela área ali. O bairro São José já subiu muito na Serra da Torre, destruindo muitas nascentes. Muitas áreas ali foram aterradas para fazer loteamentos. De qualquer forma, sua preservação veio em muito boa hora, um trabalho muito bonito do Vanir Moreira Rios (Mirinho) que está ali de corpo e alma. A cidade precisa agradecer, reconhecer o trabalho dele e principalmente preservar, porque tudo começou com ele, em parceria com a Ama Pangeia e a promotoria (leia-se promotor Delano)”, elogia Sônia.
PRINCIPAIS FALHAS - “1.) Esgoto: Nós vemos muitas construções ainda ligando a rede esgoto de seus banheiros nos cursos d’água que alimentam o ribeirão Paciência. E o que é isso? É falta de educação ambiental; 2.) Lixeiras: na administração do, então prefeito, Tilili, ele mandou que fossem colocadas várias lixeiras no Centro da cidade. Eram lixeiras fortes, feitas de cimento e chumbadas no chão. Ainda assim, o pessoal conseguiu arrancar e destruir tudo. Além de não usarem bem as lixeiras, as pessoas ainda as destruíram? Isso é de um vandalismo e de uma falta de educação imensuráveis!; 3.) Mais lixeiras: depois, em 2004, com o apoio da Turi, nós conseguimos instalar de novo 48 lixeiras no Centro. Era uma lixeira bonitinha, leve, de material flexível até para facilitar o serviço da Engesp. O que aconteceu? Quase todas foram arrancadas e destruídas. Sobraram apenas 3 na praça da Policlínica, duas na praça do Cristo e me parece que duas na porta do Fórum. Naquela ocasião, tínhamos até um projeto, também com a Turi, de colocar uma lixeira em cada ponto de ônibus da cidade, mas o projeto parou ali”. 4.) Parque: “Há alguns anos existia um projeto para se fazer um parque ecológico na Serra do Cristo, mas, por questões de vaidades pessoais de algumas pessoas, até hoje não saiu do papel esse projeto. A Serra do Cristo, também chamada de Chácara Orsini, é o pulmão de Pará de Minas e precisa ser urgentemente preservada. Fora isso, é o principal cartão postal da cidade. O Cristo Redentor e o entorno tem uma vegetação muito antiga. Temos ali espécies da Mata Atlântica, é uma área que deveria se tornar um santuário, mas para isso precisamos cercar com cerca viva o seu entorno e divulgar esse espaço para a comunidade, alertando sobre a importância daquele verde para toda a saúde pública da cidade. Afinal, toda cidade respira e o principal ponto da saúde pública é a qualidade do ar. Na época, tudo deu errado, porque um grupo achava certo construir edificações ali e outro, do qual eu participava, achava isso muito errado. Ou seja, precisávamos de fazer apenas um mapeamento e a construção de pistas de caminhada; não de concreto ou asfalto. Apenas refazer as próprias trilhas que ali já existem. Tudo isso é muito barato, fácil de fazer; não tem nada de sofisticado. Mas o outro grupo queria sofisticação e nada foi feito”...;
OUTROS PONTOS – “Mas o mais importante é Pará de Minas saber que existem vários outros espaços como, por exemplo: 1.) Aquele, do lado do Senai, onde começa o riacho ÁGUA LIMPA, no bairro Senador Valadares. Ali, existe uma área extremamente irrigada, muito abençoada pela natureza. São nascentes que alimentam o Água Limpa que, por sua vez, alimenta o Ribeirão Paciência; 2.) outro exemplo está no bairro Grão Pará, onde, em um canto, também temos uma grande área irrigada, onde também poderia ser construído outro parque ecológico; 3.) Temos também um outro espaço muito bonito perto do clube Arppa, no encontro do novo bairro Cores de Minas com o Recanto da Lagoa. Por sinal, o próprio bairro Cores de Minas terá uma lagoa grande; 4.) ao lado do clube Sesi, no bairro Castelo Branco, também há uma área verde muito bonita, porque, logo acima, nascem 2 córregos, o do Garcia e o Mimoso. Eles descem o morro e, lá embaixo, atrás da Plena Alimentos, eles adentram no ribeirão Paciência”.
COPASA – “É importante, neste exato momento, a GAZETA ampliar todas essas informações para que possamos despertar nos moradores desses bairros o compromisso de melhorar esses cursos d’água, porque a cidade, mesmo renovando o contrato com a Copasa, precisa preservar esses cursos d’água e mostrá-los para que o povo os preserve, porque, em breve, cerca de 5 ou 6 anos, nós teremos que buscar água para beber nesses mesmos cursos d’água que acabei de citar. Todos os afluentes do ribeirão Paciência nascem em território pará-minense”.
PLANO DIRETOR – “É lamentável que o Plano Diretor não tenha cumprido a parte dele de mapear as nascentes, em 2006. Está na lei essa promessa do Plano Diretor. Se esse mapeamento tivesse acontecido, hoje mais nascentes ainda estariam protegidas”.
COLETA SELETIVA – “Na hora em que Pará de Minas se conscientizar e se educar para a separação do lixo, nós teremos um lixo de coleta seletiva no valor aproximado de 350 mil reais por mês. A comercialização dos recicláveis é muito crescente e quanto mais selecionadas forem as embalagens, quanto mais critério houver nessa seleção, quanto mais bem feita for a prensa desse material melhor será o preço. Dividindo o valor arrecadado pelo valor do salário mínimo poderíamos criar até 310 empregos diretos só na coleta seletiva. Mas eu sei que a Ascamp não está dando conta; sei também que o galpão da Ascamp não está suportando mais; sei ainda que não há uma intensa campanha publicitária em torno dessa educação; sei também que muita gente separa o lixo e a Ascamp não busca e esse lixo acaba sendo recolhido e levado pela Engesp para o Aterro Sanitário. Ou seja, lá está sendo enterrado um monte de dinheiro”.
FALTAS GRAVES – “Enfim, a solução para tudo isso é a educação ambiental que é a maior falta da população. Já temos muita coisa boa pronta, como muitas leis bem específicas, mas as pessoas sequer tomam conhecimento de seus conteúdos. Estamos falando disso há 10 anos e têm pessoas que até hoje falam que não sabem do que se trata. E não é apenas a educação ambiental que falta em Pará de Minas. Falta educação no trânsito, faltam gentilezas urbanas, falta educação de cultura; até hoje, ouço pessoas dizerem que não ouvem as rádios pará-minenses, que não assistem a TVI, que não lêem os jornais da nossa terra. Então, são situações que dependem muito do compromisso do povo em querer mudar. Mas eu não perco as esperanças e não abro mão de insistir neste assunto... Sei que uma hora a gente chega lá. Para tanto, já estamos realizando um curso ambiental, o Ceaba – Curso Educação Ambiental Básico para Adultos, que começou a quase 2 meses com o patrocínio da Plena Alimentos. Esse curso está chegando junto com o projeto da prefeitura, Agentes Ambientais Mirins, da prefeitura. Sendo assim, esperamos que, nos próximos anos, a gente possa educar a criança e o adulto, ao mesmo tempo”.