Quatro pessoas permaneciam presas na manhã desta sexta-feira (14) após a manifestação contra as tarifas do transporte público na capital paulista, informou o Bom Dia São Paulo. Manifestantes voltaram a entrar em confronto com a polícia e mais de 200 foram detidos. Uma forte repressão policial impediu que os manifestantes chegassem em massa à Avenida Paulista. Jornalistas também foram detidos e outros, atingidos por balas de borracha. Um grupo pichou ônibus e bancas de jornais.
Inicialmente, a polícia havia informado que cinco seguiam detidos nesta manhã. Porém, um deles era um adolescente, que foi entregue aos pais. Os quatro detidos vão responder por dano ao patrimônio e formação de quadrilha, assim como 10 manifestantes presos durante a passeata de terça-feira (12).
Como as penas para os dois crimes, somadas, superam os quatro anos de detenção, a fiança não pode ser arbitrada pela autoridade policial, apenas pela Justiça. Nesta manhã, os presos nesta quinta-feira permaneciam no 2º Distrito Policial, no Bom Retiro, no Centro de São Paulo, à espera de transferência para um Centro de Detenção Provisória.
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, voltou a criticar nesta manhã violência dos protestos contra o aumento de tarifas no transporte público e reiterou que não pretende voltar atrás no reajuste. “A Prefeitura não pode se submeter ao jogo de tudo ou nada. Ou é do jeito que eles querem ou não tem conversa."
Ele também lembrou que, na manifestação de terça-feira, foram divulgadas cenas de policiais sendo agredidos. “Eu acredito que São Paulo convive muito bem com a democracia pacífica, com manifestações, protestos e contestações, mas não convive bem com a violência. Então quando há violência por parte dos manifestantes, como foi o caso do policial agredido, a população repudiou. Quando há abuso policial, também a população repudia”, disse.
Protesto
A manifestação começou por volta das 17h em frente ao Theatro Municipal, no Centro de São Paulo. Enquanto lojistas fechavam as portas para evitar depredação, a Polícia Militar prendia dezenas para averiguação.
Segundo a PM, foram apreendidos coquetéis molotov, facas e maconha. De acordo com a delegada Vitória Lobo Guimarães, até o início da madrugada, 198 pessoas haviam sido detidas e encaminhadas ao 78º DP, nos Jardins. Todos foram liberados. Desse total, quatro assinaram um termo circunstanciado; três deles por porte de entorpecentes e um por resistência à prisão. Outras cinco pessoas foram levadas para o 1º DP.
O ato ocupou a Rua Xavier de Toledo, o Viaduto do Chá e seguiu pela Avenida Ipiranga. Ao menos duas pessoas foram presas na esquina das avenidas Ipiranga e São Luís por causa da depredação e pichação de um ônibus.
Os manifestantes, cerca de 5.000 segundo a PM, usavam máscaras e narizes de palhaço. “Não aguentamos mais sermos explorados”, dizia uma das faixas.
A Cavalaria da PM uniu-se ao Choque na Rua Maria Antônia, onde começaram os confrontos. A Universidade Mackenzie, que fica na esquina, fechou as portas.
Segundo o major da PM Lídio, o acordo era para que os manifestantes não subissem em direção à avenida Paulista, o que não foi cumprido. “Se não é para cumprir acordo, aguentem os resultados”, disse.
Os manifestantes tentaram subir a Rua da Consolação, por volta das 19h15, e houve dispersão. Parte seguiu até a Avenida Paulista, que voltou a ser interditada por volta das 21h30. Uma parte do grupo fez barricada uma com objetos queimados na Rua Fernando de Albuquerque.
A polícia avançou com balas de borracha e gás lacrimogêneo sobre os manifestantes, que revidaram jogando pedras e garrafas em direção aos PMs.
O jornal 'Folha de S.Paulo' diz que teve 7 repórteres atingidos no protesto, entre eles Giuliana Vallone e Fábio Braga, que levaram tiros de bala de borracha no rosto. Um cinegrafista foi atingido com spray de pimenta no rosto por um policial.
Um jornalista da revista 'Carta Capital' e um fotógrafo do portal 'Terra' foram levados para o 78º DP, nos Jardins, na Zona Sul da cidade, mas foram liberados por volta das 19h30. Outros detidos relataram ao G1 terem sido levados à delegacia por portarem vinagre e spray.
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, reafirmou no início da noite que não pretende rever o reajuste nas passagens dos transportes. "O valor será mantido porque está muito abaixo da inflação acumulada", afirmou. A tarifa de ônibus, metrô e trens de São Paulo subiu de R$ 3 para R$ 3,20 no começo do mês.
"A Polícia Militar atuou dentro dos preceitos constitucionais para garantir o direito de livre manifestação, contudo é seu dever assegurar os direitos de toda a população, incluindo-se o direito de ir e vir. É totalmente descabida qualquer declaração de que a PM tenha agido com o intuito de insuflar a violência", informou a corporação em nota.
O secretário de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que determinou a apuração de possíveis abusos por parte da Polícia Militar durante a repressão aos manifestantes.
A Anistia Internacional mostrou “preocupação com o aumento da violência na repressão aos protestos contra o aumento das passagens de ônibus no Rio de Janeiro e em São Paulo”. “Também é preocupante o discurso das autoridades sinalizando uma radicalização da repressão e a prisão de jornalistas e manifestantes, em alguns casos enquadrados no crime de formação de quadrilha”, disse em nota.
fonte: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2013/06/cinco-permanecem-detidos-apos-protesto-de-quinta-em-sp.html