Não é de hoje que vem aumentando no Brasil o índice da violência contra os educadores não só das escolas públicas como também das particulares aos seus educadores. As ameaças verbais e até físicas contra os professores tem sido, cada vez mais, constantes. Em Pará de Minas, infelizmente, não tem sido diferente. Muitos já ouviram falar delas e alguns até já testemunharam casos de violência na cidade. Para saber mais sobre o assunto, a reportagem GP ouviu duas diretoras da rede estadual local sobre esse delicado problema. A 1ª entrevistada pediu para não ser identificada, temendo sofrer algum tipo de represália por parte dos alunos. Leia o que ela disse.
“Infelizmente é um fato verdadeiro. Aqui na escola, não posso negar, existem casos de agressão verbal e desrespeito para com os professores. Infelizmente, já tivemos até ameaças aqui. Dia após dia, encontramos aqui na escola algum tipo de problema relacionado ao aluno, à família ou aos seus colegas. A violência, de um modo geral, no mundo com todo esse modernismo e sofisticação faz com que os alunos tenham tudo pronto, na hora, gerando dificuldades de diálogo. Já não há mais limites, o ser humano está perdendo os valores”, lamenta a 1ª diretora.
TER OU SER? –“O que a mídia nos mostra é uma realidade, mas sinto que ela foca ainda mais o lado negativo que, com certeza, é o que dá mais ibope. Geralmente, a mídia não apresenta um papel bonito do ser humano com a mesma ênfase que dá a uma notícia relacionada à violência. Seria importante retratar as consequências negativas de tudo isso... A família é importante e deveria estar junto com a escola para acharmos uma solução para esse problema. O que leva o aluno a ter um comportamento violento é um conjunto de coisas que envolvem família, sociedade, esse mundo que vivemos e essa facilidade para obter todas as coisas. Deveríamos trocar o Ter pelo Ser, mas, às vezes, a falta de tempo para viver em família tem sido suprida por coisas materiais e é aí que se encontra o erro, quando são esquecidas as coisas essenciais como o amor próprio e o respeito... Os adolescentes estão pedindo isso: tempo, carinho e afetividade”.
EVOLUÇÃO NEGATIVA –“De um modo geral, a educação tem evoluído em termos de verbas e recursos, mas sobre a parte humana está deixando a desejar e é precisa ser feito algo para resgatar os valores. Apesar de que temos o Proerd que vem fazendo um trabalho ótimo, ajudando e alertando os estudantes sobre essa realidade. Mas, nesses meus 25 anos como profissional, tenho visto uma evolução negativa na escola: os alunos estão mecanizados; a busca pelo necessário está ficando escassa; às vezes, a própria família nos pune, não dando apoio para a escola e concordando com o erro do filho”.
FAMÍLIA E INTERNET - Veja agora o que disse a diretora da Escola Estadual Ademar de Melo, Santos Dumont, Lucinéia da Conceição Vieira Freitas, 54.
“Acredito que a falta de valores, de diálogo e respeito está muito grande. Coisas simples como dar Bom Dia, pedir licença e falar Obrigado estão sendo esquecidas, fazendo com que o desrespeito cresça cada vez mais. Há alunos que têm um comprometimento maior com o estudo, mas há alunos que estão dispersos e, talvez, a causa seja a relação em casa, os atritos familiares, porque isso influencia muito. Com isso, o aluno perde o interesse. Fora isso, existe muito mais coisas fora da escola que chamam a atenção dos alunos do que dentro da sala de aula. A internet, por exemplo, é uma ótima ferramenta, desde que bem utilizada, mas muitas das vezes se torna um fator prejudicial contra eles, porque há alunos que não têm esse limite”, explica Lucinéia
PATRULHA ESCOLAR –“Está acontecendo uma epidemia de violência dentro e fora das escolas e eu fico muito preocupada, quando vejo casos na mídia. Aqui na escola já conseguimos amenizar muito essa parte da violência, usando o diálogo com os pais e alunos. Temos também ajuda da patrulha escolar e do conselho tutelar. Antes, qualquer coisa era motivo de brigas. Hoje, há uma situação específica, quando uma simples troca de olhar, gera agressão. Trata-se dos adolescentes, que estão começando a ficar, a se relacionarem afetivamente. Coisa que com o diálogo esse tipo de conflito se resolveria. aqui na escola os casos são de estarem ameaçando verbalmente um ao outro, dentro e na porta da escola, mas são casos mínimos que a gente resolve com a patrulha escolar”.
MOTIVOS DA VIOLÊNCIA – “Por nossa escola ser de periferia não justifica que ela seja mais violenta do que uma escola central que, às vezes, traz maiores índices de violência. O maior motivo da violência é a falta de diálogo, porque os pais saem cedo para trabalhar e só chegam à noite; às vezes, nem tem contato com os filhos. Os pais deveriam ouvir mais seus filhos, ter algum momento junto a eles. Os alunos estão sem limites, porque não tem pais para dar isso a eles”.
NOTA 7 – “Precisamos melhorar a educação do Brasil para quem, hoje, eu dou nota 7. Sempre corremos atrás de bons resultados e o governo está trabalhando com o plano de intervenção pedagógica (PIP) que ajuda muito. Enfim, a violência esta aí, mas temos que lutar e acreditar. Enquanto tivermos esperanças, nossos caminhos irão melhorar”.
* Esta GAZETA vai realizar no próximo dia 27, 5ª feira, na Escola Estadual Nossa Senhora Auxiliadora um Grande Papo sobre esse preocupante tema. Veja o anúncio ao lado