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PARÁ-MINENSE CONTA COMO É VIVER EM ANGOLA - 18/07/2013

De 6 em 6 meses, a administradora de empresas Renata Soares de Souza, 32, vem à terra natal visitar sua família, já que vive, há 4 anos e meio, na capital de Angola, Luanda, com seu marido, o também pará-minense Guilherme Melgaço, 37, engenheiro industrial mecânico, com quem tem uma filha, Natália, 3. Durante a última temporada na cidade, Renata conversou com exclusividade com a reportagem GP sobre a sua vida em Angola. Não deixe de ler. “Chegamos em Luanda, que é cidade portuária com um porto muito grande, em abril de 2009, quando o Guilherme foi trabalhar na Odebrecht. A cidade tem em média 5 milhões de habitantes e é bastante diferente do Brasil. Tudo que você possa imaginar aqui, lá é completamente diferente! Quando cheguei lá, foi um impacto muito grande, porque o país viveu 30 anos de guerra civil. Quando cheguei, a guerra já tinha terminado (em 2002), porém o país estava se reestruturando com a construção de novas casas e escolas”, confessa Renata. SEM CLASSE MÉDIA - “Lá, apenas 20% da população tem saneamento básico e a desigualdade é muito grande. 90% da população é pobre; apenas 10% é rica. Não existe classe média, como aqui no Brasil. Ou é milionário ou é paupérrimo! Então, quem tem dinheiro tem muito mesmo, mas quem não tem é miserável de passar fome e não ter onde morar. Ao contrário de favelas daqui, lá existe muitos barracos de lona ainda”. DIFICULDADES - “Depois de 4 anos e meio, ainda não me acostumei ainda... Quando chegamos no país, a Odebrecht tinha 7 mil funcionários brasileiros. Então, acaba que a gente cria um vínculo com essas pessoas e passa a ter uma convivência. Mas adaptar lá realmente não é fácil. O que mais me chocou foi quando, em 2009, logo quando eu cheguei, me deparei com as estradas não pavimentadas... Era tudo de terra! Então, você pensa: como, numa cidade com 5 milhões de habitantes, é possível que possa existir isso? Fiquei chocada! Nos dias de hoje, o país já teve uma grande evolução, bem acelerada”. ALIMENTAÇÃO E COMÉRCIO - “A alimentação de lá é bem parecida com a nossa, não há muita diferença não. Claro que cada lugar que você vai tem algo característico da região, então, a alimentação deles em geral é baseada no funge, uma comida típica à base de mandioca, ao invés de arroz e feijão como acontece no dia a dia, no Brasil. Como é um país que não produz nada, foi considerado, em 2011/2012, como o País Mais Caro do Mundo com custo de vida muito alto. Tudo que chega lá é de importação. Por ser um país com o custo de vida muito alto, a moeda deles é muito desvalorizada. Por causa disso, existe um comércio informal muito grande nas ruas. O que você quiser comprar você encontra na rua. Tem de tudo! O pessoal mais pobre ganha muito pouco e sobrevive de forma precária. Vivem mal, mas acabaram se acostumando com isso, Acontece que algumas pessoas trabalham, mas há muitas que não trabalham também... são preguiçosas”. AS MÃES “Uma coisa que me impressiona lá também é o carinho que as mães têm para com os seus filhos. Nunca vi nada igual! Elas são bastante protetoras e vão ao trabalho com seus filhos pendurados nas costas. Outra coisa é que elas não tem 2, 3 filhos como aqui. Elas costumam ter são 8, 9”... EDUCAÇÃO - “O regime lá é a democracia, mas tem 30 anos que a mesma pessoa está no poder, através das eleições. Desde que estou lá, nunca vi nenhum programa de ajuda para a população. O que eu vejo são algumas empresas que estão entrando no país para reestruturar o país. A parte educacional deles também é fraca e não existe ensino, público ou particular, para crianças com menos de 3 anos. Então, a criança nasce e cresce até os 3 anos de idade, no máximo, em uma creche”. EMPREGO - “Hoje trabalho com eventos e decoração de festas. Tenho alguns clientes angolanos, mas o meu público maior é de brasileiros, uma vez que no condomínio onde eu moro também residem 30 famílias brasileiras. Então, como eles sempre querem fazer uma festa, comemorar um aniversário, acabam me contratando para organizar”. VALE A PENA? - “Tudo tem sido uma experiência muito rica, grande e válida. Para você ir a Luanda, depende do seu objetivo. Se for para trabalhar, crescer vale a pena e eu não vejo porque não indicar. Agora, para ir conhecer Luanda, só para passear, fazer turismo, eu vou falar que lá não tem muito o que conhecer, a não ser apenas a cultura e os costumes diferentes. É preferível conhecer outros países africanos como Joanesburgo que é super bonito, país de 1º mundo. Mas a nossa estadia lá já está chegando ao fim... e neste ano, se Deus quiser, estaremos de volta... Quer dizer, pode ser para o Brasil ou para um outro país, nunca se sabe”. PARÁ DE MINAS - “Estou fora de Pará de Minas há 10 anos e vivendo 4 anos e meio na Luanda. Então, quando chego aqui, sempre observo algumas coisas. O que mais me chama atenção aqui em Pará de Minas é o comércio e a construção. Percebi que há sempre várias construções em andamento. Com isso, concluo que a cidade vem crescendo. Tenho percebido também que Pará de Minas está com as pessoas tendo o poder aquisitivo um pouco maior. As pessoas estão tendo mais condição financeira”. (Matéria sugerida por MAÍZA LAGE).

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