Se todo mundo sabe o que é preciso fazer para emagrecer, por que as pessoas perdem essa guerra? Um dos motivos, segundo o médico geriatra Eduardo Pinho Tavares, diretor da Clinlife, centro médico especializado em emagrecimento, é a compulsão. Em geral, essas nove letrinhas põem a perder um dia inteiro ou até uma semana inteira seguindo à risca uma dieta pobre em calorias.
O monstro da compulsão costuma “despertar” em alguns horários, como o final do dia ou no fim da semana. É nessa hora que “a vítima” pode sucumbir perante um pacote de bolachas ou uma vasilha de pão de queijo.
“É impressionante, mas a maioria das pessoas costuma perder o controle no fim do dia e comer compulsivamente, usando a ansiedade e a frase ‘eu mereço’ como justificativa. É como se ela estivesse hipnotizada, perdendo completamente o foco”, comenta Tavares.
O monstro também costuma despertar diante das tentações do final de semana. Festas, visitas à casa de amigos, reuniões em restaurantes, uma promoção no trabalho, ou até mesmo aquele momento tranquilo em casa, podem servir de álibi para concessões na alimentação.
E assim como as alegrias, os problemas também podem detonar qualquer plano alimentar. Tristeza, problemas familiares e rotina estressante são frequentemente citados como justificativa à alimentação desequilibrada.
A justificativa mais comum para a recaída é o “eu mereço”. Quando estamos felizes, dizemos “eu mereço” para mais um pedaço daquela torta “irresistível”. Quando estamos tristes, o “eu mereço” é para afogar as mágoas. Se pararmos para pensar, desculpas é o que não faltam para cair na armadilha do “eu mereço” e comer de forma errada.
Para a maioria das pessoas vencer o “monstro” da compulsão sozinho não é fácil. “Às vezes ele é tão poderoso que é necessário um exército para derrotá-lo”, diz Tavares. Por isso, ele indica o acompanhamento de uma equipe especializada, envolvendo médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e enfermeiros, para ajudar quem deseja emagrecer.
O médico adianta alguns passos: adotar e seguir uma dieta equilibrada e praticar exercícios físicos são os primeiros passos, para que a matemática das calorias funcione. Alerta, no entanto, que em alguns casos a causa da obesidade é realmente a ansiedade. “O motivo pode ser o excesso do hormônio do estresse (cortisol) na circulação sanguínea, provocando o apetite desenfreado e a retenção de gordura. Noutras situações, é preciso reequilibrar o metabolismo e as disfunções hormonais”, avisa.
“Em todas essas situações, o acompanhamento de profissionais voltados para todos os aspectos físicos e psicológicos que envolvem o emagrecimento pode ajudar muito”, reforça Tavares, lembrando que na média, são necessários pelo menos quatro meses para alcançar o peso e seis meses de controle para mantê-lo.