Devido ao crescente consumo e aumento da produção de lixo mundiais, a reportagem GP esteve no Codema e conversou com o biólogo Wiler Castro, responsável pelo Aterro Sanitário de Pará de Minas. Com exclusividade, ele falou sobre a situação em que se encontra o lugar. Fique por dentro.
“O aterro sanitário de Pará de Minas está funcionando desde o final de 2011 e é um equipamento de prestação de serviço que poucos municípios no Brasil têm. Pará de Minas, hoje, produz uma média de 80 toneladas de lixo por dia, uma quantidade enorme que a população não tem ideia de que tudo vai para o aterro. Então, nós temos que dar uma destinação a esse lixo, de acordo com a legislação. Friso que essas 80 toneladas são de apenas lixo domiciliar ou similar, porque existem indústrias, hospital e outras unidades que produzem resíduos que não podem ser levados para o aterro sanitário. Porém, alguns tentam burlar a lei e para não pagar a destinação correta, colocam esses resíduos junto com o lixo domiciliar ou similar. O lixo do hospital, por exemplo, deve ter uma destinação correta, mas o lixo do escritório do hospital pode ser recolhido normalmente pela empresa prestadora do serviço. Isso também vale para outras empresas que necessitam de uma destinação correta de seus resíduos”, denuncia Wiler.
PETRÓLEO – “Outro problema sério que temos é em relação ao resíduo de petróleo, pois como o Aterro Sanitário de Pará de Minas tem classificação 2, que significa somente destinação de resíduo doméstico e similar, não podemos receber esse tipo de resíduo. Acontece, que para não pagar a destinação correta, algumas pessoas que produzem esse resíduo, também coloca-o junto com o resíduo doméstico ou similar. O aterro sanitário não é a solução do problema, porque determinado tipo de material que está indo para lá, daqui a 100 anos ainda estará lá, escondido debaixo do tapete. A solução é minimizar o consumo, reduzir a produção de resíduos e principalmente o resíduo que for gerado ser reciclado ou reaproveitado. Depois que o lixo vai para o aterro ele não recebe nenhum tipo de separação; então, é a população que deve separar o lixo para a Ascamp - ou para qualquer outro catador de resíduo - para dar a destinação correta. Isso tem que ser feito na rua, porque é proibido, por lei, a permanência de qualquer catador dentro do aterro. Tanto é que nós temos uma portaria 24 horas que não permite a entrada de ninguém ou de qualquer material descartável sem autorização”.
25 ANOS – “Nós vemos que no aterro tem muito material que poderia estar sendo utilizado, pois esse material geraria emprego e renda para muitas pessoas. Além disso, é um grande complicador, pois diminui a vida útil do aterro, ocupando mais espaço. O aterro sanitário de Pará de Minas ainda tem 25 anos de vida útil; depois, teremos que arranjar outro lugar para poder colocar o lixo”.
ESPINHA DE PEIXE – “No aterro sanitário temos um sistema de dreno para o chorume, chamado de Espinha de Peixe. Esse chorume é levado 1º para uma lagoa de tratamento anaeróbico, sem a presença de luz e oxigênio; depois, é levado para uma outra lagoa, de tratamento aeróbico, com a presença de luz e oxigênio. Depois desses tratamentos, o resultado é de 98% de água pura. Não é uma água potável, mas ela não polui o ribeirão. Os gases, principalmente o metano, são drenados por um sistema de tambores preenchidos com pedras calçadinha e queimados para não irem para a atmosfera”.