O programa de Intercâmbio de Jovens é um dos projetos rotarianos mais concorridos e que consiste em uma troca de lar por um ano de 2 adolescentes de nacionalidades diferentes. Após diversas provas, os jovens selecionados começam um treinamento para morar no exterior em casas de famílias, enquanto outro jovem vem morar com sua família e outras. A pará-minense Lara Resende, 17, viajou para Taiwan, uma ilha independente localizada na China, no dia 22 de agosto, enquanto o intercambista alemão, Ole Rasem, 16, veio para a cidade, no dia 9 de agosto. A reportagem GP conversou com Christiane Moreira, 44, mãe de Lara, e com o intercambista Ole, através da estagiária do jornal, Bianca Leonel, que, autodidata, conversou com ele em Inglês, a 2ª língua de ambos. Eles contaram sobre as experiências que eles estão vivendo. Fique por dentro.
O INTERCÂMBIO - “Meus pais (Cristina Teodoro e Moacir Ferreira) são rotarianos. Então, desde pequena, a Lara frequentava o Rotary e via os intercambistas aqui. Logo, ela tinha esse sonho de ser intercambista. No ano passado começaram os preparativos, porque tem uma seleção prévia, quando o Rotary analisa se o adolescente é responsável para fazer essa viagem e se tem maturidade para enfrentar o mundo lá fora. É muito difícil ficar longe da minha filha, mas a internet ajuda e a companhia do Ole também. É o melhor ano da vida dos adolescentes e o pior da mãe (riso). Foi muito confuso e estressante conseguir a documentação. Tem que reconhecer firma, recolher assinaturas, preencher formulários, exames de todos os tipos... Enfim, uma burocracia muito grande. Depois de tudo pronto, fomos tomar as providências menos complicadas. Mandamos sandálias Havaianas para as famílias, doce de leite e um livro falando sobre o Brasil. É uma troca cultural. O principal não é nem aprender a língua, é interagir. O Rotary também impõe algumas regras como não beber, fumar, se drogar e nem namorar, pois o namoro pode privá-lo de outras oportunidades”, conta Christiane.
O INTERCAMBISTA - “O Ole tem que se adptar à cultura daqui, não a gente se adaptar à cultura dele. É uma experiência muito nova, enriquecedora tanto para ele quanto para nós. Nós o recebemos como filho, não como hóspede. Claro que eu quero agradar, mas tudo conforme pode. Eu falo com ele que ele não é um turista. Ele tem que frequentar a escola, pedir permissão para sair e se eu falar não é não! Nós temos que entrar no mundo dele e ele no nosso. É muita responsabilidade para gente receber um filho de outra pessoa. A rotina dele está bem puxada. Ele sai o tempo todo, gosta muito de esporte, é muito energético. Estamos procurando encher bem o tempo dele, para que ele possa aproveitar ao máximo essa experiência. Não adianta nada ele ficar o dia inteiro aqui em casa, sozinho. Mas é claro que tenho que saber com quem ele vai, aonde e marcar horário de volta. O meu relacionamento com ele tem sido muito bom, muito tranquilo. O problema é que ele leva tudo muito ao pé da letra (risos)”.
CALOR E RECEPTIVIDADE – Veja agora o que disse o intercambista sobre o Brasil.
“Aqui é muito quente (riso), o clima é bem diferente. No domingo, por exemplo, eu fui ao teatro com um amigo usando só camiseta e ele estava morrendo de frio. Acho isso extremamente estranho, pois vocês estão sempre com frio e eu com calor (riso). Eu me sinto muito bem aqui, pois as pessoas daqui são bem diferentes do povo alemão; são bastante receptivas.
MÁ EDUCAÇÃO – “A escola tem sido a grande diferença para mim, pois no Brasil ninguém respeita aos professores, estão sempre falando alto ou ouvindo música ou mexendo no celular. Na Alemanha, isso é quase impossível; temos que chamar o professor pelo sobrenome e tem um professor aqui que todos chamam de gay. Quando ouvi isso, pela 1ª vez, foi um grande choque para mim. A escola é realmente a maior diferença. Na escola daqui eu não estudo nada, porque não entendo nada ainda. Os professores falam muito rápido e eu não consigo acompanhar. E até engraçado, porque a professora quer que eu faça todos os testes, sendo que eu não entendo nada! Vou entregar a ela o papel em branco! (risos). Mas eu já fiz bastantes amigos. Nos primeiros dias, todo mundo ficava me encarando, mas, ao mesmo tempo, foram bem receptivos e amigáveis. A melhor coisa que me aconteceu foi que no 1º dia a Lara me apresentou os amigos dela”.
DOCES RUINS - “Do que eu mais sinto falta é dos doces alemães, porque os doces do Brasil são muito ruins (riso) com exceção do brigadeiro que é muito gostoso. Mas os doces da Alemanha são melhores. Sinto também falta de meus amigos e da minha família, claro”.