O 2º dos 6 filhos de João da Silva Barbosa e de Etila de Assunção, Vicente, mais conhecido como Lico, casou-se com Antonieta de Almeida Assunção (Gêta) com quem teve 10 filhos, 13 netos e 8 bisnetos. Viúvo desde 2002, Lico sempre foi um homem trabalhador, honesto e simples. Batalhou muito para vencer na vida e sempre diz ser muito feliz, porque Deus deu para ele tudo que ele queria. Com lucidez e se emocionando em algumas passagens da entrevista, ele contou para a reportagem GP um pouco de sua história de vida. Não deixe de ler.
“Eu trabalhava na roça, fui criado lá, ajudando muito aos meus pais que eram bem pobres. Depois que eu vim para o Pará, falei pra ele: O senhor vai morar no Pará, pai, vai viver conosco. Aí, comprei uma casinha para ele morar e ele veio. Logo, logo ele arranjou um amigo aqui, o Dr. Pedro Silva que gostava muito do pai e conversava muito com ele. Meu pai era pobre, não tinha estudo, mas o Pedro achava muito bom conversar com ele”, relembra Lico.
SERENATAS - “Sempre fui muito caseiro, desde jovem. Quase não saía, mas gostava muito de tocar violão (riso). Um amigo meu, que era engenheiro civil, não sei o que ele arrumou em Boa Vista, mas umas moças de lá jogaram água fervendo nele. Ele ficou muito triste com aquilo e foi embora para os Estados Unidos. Esses dias, ele voltou e eu ainda não o vi, mas estou doido para me encontrar com ele. Nós fazíamos serenata, eu tocava violão e ele, flauta. Ficávamos a noite inteira andando, tocando, cantando”… (riso).
O CASAMENTO - “Minha esposa Gêta era muito boa... (emoção). Ela morava na roça, mas a minha sogra fazia guarda para o Santíssimo Sacramento, no sábado, e a Gêta vinha junto. Era bem longe daqui e elas vinham a pé, porque elas não andavam de carro, nem de cavalo. Um dia, eu fui também nessa guarda e a conheci. Meu sogro, um homem sem defeito nenhum, me ajudou muito. Namorei a Gêta por 6 meses e, depois, nos casamos”.
O COMERCIANTE – “Eu trabalhava na roça, batendo enxada, mas depois entrei para o comércio. Aqui, nesse sobrado onde eu moro hoje, era uma casa velha. O dono da casa tinha uma loja grande. Eu conversei com ele para ver se ele não me alugava a loja e ele disse que sim. Aí, comecei a negociar. Pouco tempo depois, pedi para ele me vender a loja. Ele disse que não podia, por causa da mãe dele, que estava muito velha. Então, eu fechei um acordo: ele me vendia a loja e a mãe dele ficava na casa, até morrer. Paguei 1 conto de réis pela casa. Depois, quando a mãe dele morreu, ele foi para Belo Horizonte, depois para São Paulo e eu nunca mais ouvi falar dele”.
VISÃO DO MUNDO - “O mundo hoje é outra coisa. Antigamente, era tranquilo, eram menos carros, menos violência. Mas o mundo de hoje não é ruim não, ele é muito bom! Tem algumas pessoas que o estragam, mas o mundo em si é bom. Porém, se eu tivesse que participar dessas coisas atuais de hoje, eu não aceitaria a maneira como as pessoas aceitam a corrupção, a imoralidade e a falta de dignidade”.
RELIGIOSIDADE - “O Santuário de Nossa Senhora da Piedade fui eu quem fiz. O padre Hugo pediu a minha ajuda e, como sou muito católico, ajudei a ele. Ia de porta em porta pedindo esmolas e foi assim que comecei a erguê-lo. Eu mesmo comprava o material, arrumei o engenheiro, ia lá, conversava com os pedreiros… Foram gastos 8 anos para ficar pronto. Lembro-me que eu trouxe 100 caminhões de areia de Belo Horizonte pra começar a construção (riso). Eu tenho que agradecer a Deus por tudo que vivi, porque eu sou uma pessoa muito feliz”.
NOTAS TRISTES - “Um momento triste da minha vida foi a morte da minha esposa... Ela era uma mulher muito boa, muito mesmo. Outro momento foi a morte do meu filho (João)... ele tinha só 25 anos, quando Deus o levou”...
MOMENTO FELIZ – “Há tantas coisas boas: quando eu fiz 100 anos, os nascimentos de cada um de meus netos e bisnetos… tudo isso me faz muito feliz”!