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Nº 2046
14/11/2024


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“Doutor, e agora? Minha filha de 15 anos está grávida” - 14/11/2013

Na maioria dos casos, a adolescência é uma fase bastante conturbada em razão das descobertas e formação da identidade, quando as conversas envolvem namoro, brincadeiras e tabus. É uma fase do desenvolvimento humano que está entre a infância e a fase adulta. Adolescência e gravidez, quando ocorrem juntas, podem acarretar sérias consequências para todos os familiares, mas principalmente para os adolescentes envolvidos, pois envolvem crises e conflitos. O que acontece é que esses jovens não estão preparados emocionalmente nem financeiramente para assumir tamanha responsabilidade. Isso faz com que muitos adolescentes saiam de casa, cometam abortos, deixem os estudos ou abandonem os bebês por não saber o que fazer, fugindo da própria realidade. A falta dos comportamentos conservadores entre eles, o hábito de ficar (encontros eventuais), a não utilização de métodos contraceptivos ou a tentativa de esconder dos pais a vida sexual ativa fazem com que, a cada dia, a atividade sexual infantil e juvenil cresça e, consequentemente, aumentando o número de gravidezes na adolescência. Para aprofundar um pouco mais nesse assunto que assusta Pará de Minas, a reportagem GP entrevistou o ginecologista Francisco Vidal Chicata Olazabal. Saiba mais. “É um tema muito importante e oportuno, pois realmente o índice de gestações em adolescentes está muito alto, principalmente as adolescentes na faixa de 14 aos 18 anos. As gestações nesta idade são consideradas de alto risco, principalmente nas meninas com menos 16 anos, afetando o emocional, o psicológico e, principalmente, o corpo dessas adolescentes que ainda pode não estar preparado para uma gestação. Em geral, são gestações não planejadas e, muito menos, desejadas. No mundo em que vivemos hoje, cheio de informações, esse liberalismo sexual faz com que as pessoas fiquem mais irresponsáveis”, explica o médico Francisco Chicata. A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA – “A gravidez precoce pode estar relacionada com diferentes fatores, desde estrutura familiar, formação psicológica e baixa autoestima. Por isso, o apoio da família é muito importante, pois a família é a base que poderá proporcionar compreensão, diálogo, segurança, afeto e auxílio para que tanto os adolescentes envolvidos quanto a criança que foi gerada se desenvolvam saudavelmente. Com o apoio da família, aborto e dificuldades de amamentação têm seus riscos diminuídos. Alterações na gestação envolvem diferentes alterações no organismo da jovem grávida e sintomas como depressão e humor podem piorar ou melhorar. Para muitos desses jovens, não há perspectiva no futuro, não há planos de vida. Somado a isso, a falta de orientação sexual e de informações pertinentes, a mídia que passa aos jovens a intenção de sensualidade, libido, beleza e liberdade sexual, além da comum fase de fazer tudo por impulso, sem pensar nas consequências, aumenta ainda mais a incidência de gestação juvenil”. STATUS, SEPARAÇÕES, TVS E ESCOLAS – “Hoje em dia, nós fazemos uma medicina baseada em evidências e o que mais observamos nesses casos é a existência de uma estrutura familiar desorganizada. Talvez, por causa da correria do dia a dia... Pais preocupados demais em dar uma situação econômica melhor para a família acabam se esquecendo que os filhos estão crescendo e que eles necessitam e precisam de orientação e atenção. Também se observa um alto índice de separações entre os casais. Aí, os filhos realmente são esquecidos. Ao mesmo tempo, na televisão se vê um liberalismo total, principalmente nas novelas, que expõe o sexo de forma bem explícita. Não se vê nas tvs programas voltados para a orientação sexual. E nas escolas me parece que não se aprofunda muito nesses temas”. RISCO DE MORTE – “Não podemos esquecer que não é só a garota que vai passar por esse processo, porque o rapaz também tem participação nesse ato irresponsável, porque quando 1 não quer 2 não brigam. E isso atinge também os pais que, consequentemente, tentam achar culpados, chegando ao ponto de abandonar os filhos, num momento difícil como esse. A princípio, esses futuros papais ficam assustados, mas, depois, passam a participar da gestação, acompanhando o pré-natal, sem ter noção do que realmente vem pela frente... Muitos sonhos e aspirações vão ficar pelo caminho. Essa fase da adolescência e muito complexa. Além dos hormônios que se afloram, levando a mudanças no corpo, há outras preocupações como escola, vestibular e outros. Quando essas meninas engravidam, elas nem imaginam o risco que elas estão correndo, desde abortos espontâneos até abortos clandestinos com risco de morte, pois o momento é desesperador e elas não pensam nas consequências”. CAMISINHA – “Uma das orientações que eu posso dar para essa juventude é que pensem antes de fazer e, se forem fazer, que seja feito com responsabilidade, usando métodos contraceptivos, principalmente camisinha. Não podemos esquecer que as doenças sexualmente transmissíveis estão na rua. Trabalho na área da ginecologia e obstetrícia há mais de 28 anos e o faço com muita dedicação. Durante esse tempo todo, já acompanhei e acompanho, sempre com muito cuidado e carinho, as gestantes adolescentes. É muito importante que a adolescente faça o pré-natal para que possa compreender melhor o que está acontecendo com o seu corpo, com o seu bebê, prevenindo doenças e podendo conversar abertamente com um profissional, sanando as dúvidas que atordoam e angustiam essas jovens”.

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