Um dos símbolos mais representativos do Natal é o sino por ele representar a religiosidade ao redor do nascimento de Jesus. Segundo apurou a reportagem GP o sino mais representativo de Pará de Minas é o da extinta matriz da Piedade que está no museu, desde 1984, ano de sua fundação. A GAZETA conversou com a gerente do museu, Ana Maria Campos, que contou todos os detalhes da história desse sino. Vale a pena conferir.
“Esse sino é uma doação vinda da Paróquia São Francisco, quando a Aspac - Associação Pará-minense de Arte e Cultura, foi encarregada da organização inicial do museu. Trata-se de uma associação importante, porque foi ela que fez uma campanha de arrecadação do acervo do museu. Com a demolição da antiga matriz, em 1971, o vigário, então padre Hugo, encaminhou esse sino para a Paróquia São Francisco. Junto com o sino vieram muitos outros materiais importantes”, ressalta Aninha como é mais conhecida.
CASO PITORESCO – “Existem casos folclóricos sobre esse sino. Dizem que, certa vez, no meio da noite, o sino começou a tocar sozinho. Na época, a cidade ainda era pequena e a população toda ficou assustada com o badalo do sino àquela hora. Alguns foram na igreja saber o porquê daquilo, porque todos estavam assustados, pensando em mil coisas, até em assombração (risos). Quando abriram a igreja, saiu de lá um tipo popular que tinha ficado preso lá dentro. Deve ter adormecido (e, ao acordar bateu o sino, pedindo por socorro). Um caso pitoresco!”
4 SINOS – “Este sino é o maior de 4 sinos da antiga matriz. O maior ficava na frente, os 2 médios, nas laterais, e o pequeno, atrás. Os 2 sinos médios se encontram na torre do santuário da Piedade, em perfeito funcionamento. O sino maior se encontra aqui, no museu, em exposição permanente. Devido ao seu peso, não é fácil realizar o seu deslocamento por ele ser muito pesado; nem tivemos condição de pesá-lo. Ele é de bronze e para se ter uma noção foram necessários 5 homens com uma barra de ferro para realizar o seu deslocamento. Ele possui duas particularidades que é o brasão de origem portuguesa do século XIX e uma marca do fabricante próxima da borda, F.G.C. e filhos, possuindo o endereço da fundição, logo abaixo”.
PRECONCEITO - Como Ana Campos não sabe ainda o paradeiro do sino menor da extinta matriz da Piedade, a reportagem GP saiu à procura de seu paradeiro até chegar ao ex-vereador Édson Campolina que contou ao jornal uma história intrigante sobre um sino, também pequeno. Não deixe de ler.
“Quando eu era presidente da Comissão Construtora da Cidade Ozanan, observei que na antiga cadeia, que existia no Centro da cidade e que tinha sido demolida, havia um sino. Pedi ao Estado que eles o doassem ou vendessem para a Cidade Ozanan para ele ser tocado nos horário das alimentações. Me responderam que esse tipo de coisa não podia ser doada ou vendida. Tive a ideia, então, de pedir o sino emprestado e o levei para a Cidade Ozanan, fazendo uma surpresa para o vigário da época (padre Hugo) que, grossamente, me respondeu assim:
- Sino de cadeia não pode ficar na Cidade Ozanan... é inadequado...
Ele disse isso, porque, quando prendiam ou soltavam um preso o sino era batido. Eu respondi para ele que isso não tinha nada a ver e que ele teria de ficar lá. Depois, ele me pediu para tirar e eu disse não. Aí, ele mandou rodear o sino todo com arame farpado para que ninguém pudesse bater nele. Passado o tempo, retornei na Cidade Ozanan e vi que o sino não está mais lá”, lamenta Édson.
ONDE ESTÁ O SINO? – “Perguntei a vários ex-presidentes da cidade Ozanan, mas todos disseram que não sabiam. Aí, procurei o gerente da época, o Adão (Silva Abreu), e ele deu resposta igual. Eu quero saber com ordens de quem esse sino foi retirado de lá, o responsável por aquele sino sou eu! A minha pergunta é: Por que tiraram o sino de lá? Se a GAZETA descobrir o paradeiro do sino, quero voltar com ele para a Cidade Ozanan. Não me interessa saber o que houve ou quem o retirou. Quero apenas voltar com ele pra lá”...
INVESTIGAÇÃO GP – Para saber se o sino do depoimento de Édson seria o mesmo sino da entrevista de Ana, a GAZETA teve de dar mais um mergulho na história. Como a antiga matriz foi demolida em 1971; a antiga cadeia foi inaugurada em 1968; e a Cidade Ozanan foi inaugurada em 1967, é bem provável que o sino que falta no museu seja o mesmo sino que foi retirado da cadeia e levado para a Cidade Ozanan e, de lá, desapareceu. Portanto, valeu a pena a investigação GP que poderá colocar um ponto final nesse mistério, caso o sino apareça.