O cenário atípico de seca do Rio Piracicaba, que está com o menor nível dos últimos 50 anos, segundo o Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (Daee), virou atração turística. Desde o final de semana, moradores de Piracicaba (SP) e visitantes se aglomeram às margens para ver a situação. Em alguns trechos é possível atravessar o leito a pé em meio às pedras. No final da tarde desta terça-feira (4), um grupo conseguiu entrar com carros no banco de areia que se formou no trecho. As nascentes do Rio Piracicaba fornecem água para o Sistema Cantareira, que é responsável por parte do abastecimento da Grande São Paulo.
"Eu nunca vi o rio dessa forma. É possível andar de carro em vários pontos dele e então resolvemos tomar uma cerveja aqui no meio", disse o operador de som Jefferson Sanches, de 32 anos. O grupo "entrou" no rio em três carros, fincou um sombreiro no banco de areia, colocou cadeiras, churrasqueira, uma mesa pequena e começou a beber cerveja.
Com nível do Rio Piracicaba baixo, carros puderam chegar até banco de areia (Foto: Thomaz Fernandes/G1)
Com nível do rio baixo, 3 carros puderam chegar
ao banco de areia (Foto: Thomaz Fernandes/G1)
O aposentado João Batista Barbieri, de 60 anos, também parou para observar o rio nesta terça-feira. "Eu moro em Piracicaba há 35 anos e nunca vi o rio tão baixo, nem mesmo no meio do ano. E o pior é que os culpados somos nós mesmos", disse.
Os estudantes de gestão ambiental da Universidade de São Paulo (USP) Samuel Cortez, de 20 anos, e Bruno Cardoso, de 21 anos, estão desde domingo (2) em Piracicaba para a realização de estágio. Nesta terça-feira, a dupla aproveitou um espaço na agenda de compromissos para visitar o rio. "Estamos ouvindo falar o tempo todo sobre a situação do Sistema Cantareira e aproveitamos para vir até aqui. Mesmo com o nível baixo, o rio ainda é mais bonito do que podemos encontrar em São Paulo", afirmou Cortez.
Alerta
O nível do Rio Piracicaba atingiu apenas 93 centímetros de profundidade e vazão de 15,8 mil litros de água por segundo por volta das 21h desta terça-feira, de acordo com medição do Comitê das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. É o menor nível para o período desde 1964, quando a medição de profundidade passou a ser feita. A média histórica para os meses de janeiro e fevereiro fica em torno de 3 metros.
Em janeiro de 2011, o cenário era o oposto. Naquele ano, o manancial registrou a maior inundação desde a década de 1980, com a profundidade do rio acima dos 5 metros
Fonte: G1