A bancária Tabata Letícia D'Orácio Koswoski, de 24 anos, viu seu marido ser morto a facadas há uma semana, durante uma briga de trânsito em São Paulo. Ela diz ter tentado impedir que o técnico Tiago Braz de Oliveira Koswoski, de 33 anos, saísse do carro para revidar uma batida no carro. E aconselha: "Não briguem no trânsito, a outra pessoa realmente não sabe quem é você. Não vale a pena".
"Não acredito que ele morreu, que o mataram dessa forma fria", disse Tabata, em sua primeira entrevista após o assassinato do marido.
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"O cara desce para matar e não sabe quem está matando. Na verdade, ele não se importa com o que está fazendo", desabafou a viúva, que agora enfrenta sozinha o desafio de criar o filho do casal, um menino de pouco mais de 1 ano de idade.
Na madrugada da última sexta-feira (31), o casal e o filho seguiam de carro (um Chevrolet Agile verde) pela Marginal Pinheiros, perto da Ponte do Jaguaré, na Zona Oeste da capital paulista, quando um caminhão (modelo Iveco Daily branco) deu uma fechada no carro da família.
Segundo Tabata, o marido chegou a mudar de faixa e reclamar da fechada com buzina e farol alto. Depois disso, o caminhão teria "cortado" o automóvel outras duas vezes, até que o caminhoneiro deu uma ré e bateu no carro de Koswoski. Para a mulher, a manobra foi proposital e uma forma de revidar as reclamações do marido sobre a direção perigosa do outro motorista.
Nervoso, Koswoski parou o carro e desceu segurando um pedaço de madeira para tentar danificar o outro veículo. Mas o caminhoneiro parou e saiu, com um ajudante, segurando uma faca. A dupla conteve o técnico, que foi morto na pista com uma facada no peito, na frente da mulher – que tentou apartar a briga – e do filho, que estava dentro do Agile.
O policial militar Valdemir José de Farias, de 35 anos, que minutos antes também havia tido o veículo fechado por esse caminhão, passava pelo local e prendeu em flagrante o motorista Everton André de Souza, de 32 anos, e o ajudante Douglas dos Santos, de 22, por homicídio doloso, com intenção de matar. Com a dupla, também foi encontrada uma porção de maconha. O caso foi registrado no 91° Distrito Policial (DP), no Ceasa, mas será investigado pelo 14° DP, em Pinheiros.
A reportagem do G1 não conseguiu localizar os suspeitos ou seus advogados para comentar o assunto. Nesta entrevista, a viúva deu a sua versão para o crime. Contou, por exemplo, que o motorista do caminhão guiava perigosamente e que o marido buzinou e deu luz alta para alertá-lo disso.
'Faca pingando sangue'
"Ele [o caminhão] bateu no meu veículo. No que ele [Tiago] desceu, as duas pessoas [que estavam no caminhão] já desceram, um sem camisa e um gordinho de camisa vermelha. Aí, eles derrubaram o Tiago, rolaram duas vezes no chão, eu saí do carro e tirei o cara sem camisa de cima dele. Na hora que eu tirei ele de cima, o cara [gordinho] estava com uma faca pingando sangue, e o Tiago no chão", lembrou Tabata.
A bancária também falou que havia dito ao marido para ele não sair do veículo nem tirar satisfações com o caminhoneiro. "O mundo está muito intolerante. As pessoas estão intolerantes. É um estresse, uma correria, e as pessoas descontam em qualquer coisa. Então, não briguem no trânsito. Você realmente não sabe quem está lá. A outra pessoa realmente não sabe quem é você", desabafou.
"Pense na sua mulher e no seu filho e não desça do carro. Você tem que ter medo de todas as pessoas, porque não sabe quem vai dar uma facada em você e te matar", afirmou.
Segundo a viúva, o filho do casal pergunta pelo pai, mas ainda não sabe que ele morreu. "Como vou contar ao nosso filho que o pai dele foi assassinado?", questionou. "Quem matou meu marido não matou somente ele, 'matou' também a felicidade do meu filho, que quer saber onde o pai está. 'Matou' a mim, que perdi minha alma gêmea. 'Matou' nossa família e destruiu nossos sonhos", lamentou.