O sonho de reencontrar o filho acabou para o técnico em eletrônica Fábio José da Silva. O menino de 9 anos que morava com a mãe, em Mogi das Cruzes (SP), foi encontrado morto na manhã desta segunda-feira (10) em um apartamento de classe média.
A suspeita da polícia é que ele ingeriu veneno que havia sido preparado para a mãe se matar. Apesar de morar em Suzano e de não ter muito contato com o menino, o técnico contesta a versão sobre a morte do filho. “Queria só ter o amor do meu único filho. Tinha vários planos de como seria nosso reencontro. O que houve para mim não foi fatalidade. Ele não ia tomar aquilo sozinho. Era inteligente. Obrigaram ele a fazer isso e acho que foi ela (ex-mulher)”.
Pai e filho estavam há quase três anos sem se ver. O último contato teria sido no Fórum durante uma audiência. Os problemas de visita começaram logo após a separação entre o técnico e mãe do menino, uma esteticista de 33 anos.“Não entendia essa resistência em eu ver meu filho. Sempre paguei a pensão judicial certinho, mas nossa separação sempre foi de litígio. Uma verdadeira briga na Justiça por causa das visitas”.
Fábio conta que na semana passada depois de muitos processos ele venceu em 1ª instância o direito de visitar o filho. Ele se recorda que a ex também estava estranha durante a audiência. “Semana passada quando sai do Fórum achei ela nervosa, tensa e estranha. Muito esquisito o comportamento dela. No sábado (8) meu advogado me avisou que o juiz havia expedido um mandato para eu poder visitá-lo”, diz.
“Não sei o que aconteceu, se ela estava passando por pressão. Sei que tivemos essa vitória semana passada e agora isso vem e acontece. Acredito que sinceramente não tenha sido uma fatalidade o que ocorreu com meu filho. Está sendo uma barra tudo isso para mim porque fazia mais de dois anos e meio que a gente não se via”, afirma o pai.
O casamento durou cerca de 13 anos, segundo o técnico. Apesar de terem vivido momentos difíceis, a ex nunca deixou de ser boa mãe. “Foi um relacionamento marcado por altos e baixos e bem conturbado nos últimos anos. Ela era difícil de conviver. Mas como mãe sempre foi ótima tanto que nunca entrei com pedido de guarda. Apesar da distância meu filho era uma criança inteligente e bonita. Tenho só boas lembranças”, recorda.
Desespero
A avó paterna, Genelice Josefa da Silva, estava desolada na delegacia. Ela não conseguia acreditar na morte do neto. “Uma mãe amava tanto o filho e acaba matando?. Ele morreu sozinho e eu não pude fazer nada. Deve ter sido uma morte tão dolorida”.
Sobre a falta de contato com o neto e a briga na Justiça com a ex-mulher do filho, a tristeza da avó dava lugar para a revolta. "Eu podia ver meu neto com vida, mas ela não deixava. Agora só posso vê-lo morto. Brigamos tanto por esse direito e agora não adianta”, chora. Já o avô busca por explicações. “Não tínhamos contato. A gente fica acabado por dentro com essa situação. O Matheus foi criado no meu quintal. Não dá para entender”.
A pensionista Eva Alves era a única parente da mãe de Matheus, em Mogi. Porém, segundo a tia, elas também não tinham contato há anos. “Não entendo como isso aconteceu. Gostaria de não ter perdido o contato com ela, mas desde a separação, há uns três anos, ela se afastou. Ela achava que a família não aprovava o novo companheiro. Mas ela era boa mãe, não abria mão do filho”.
Caso
Matheus Dias da Silva, de 9 anos, foi encontrado morto na manhã desta segunda-feira (10) no apartamento em que vivia com a mãe, em Mogi das Cruzes (SP). A suspeita da polícia é que o garoto tenha ingerido veneno deixado na cama pela mãe, que tentou se matar com chumbinho. A mulher de 33 anos foi levada ao hospital com os pulsos cortados e em estado de choque depois que descobriu que o filho havia morrido.
Após ingerir a substância, a polícia acredita que a mulher apenas desmaiou e que, ao acordar na manhã desta segunda, viu o filho morto, cortou os pulsos e feriu o próprio abdômen e pescoço. Ela foi presa em flagrante por homicído dolo eventual. "Ela pode não ter tido a intenção, mas assumiu o risco de matar a criança no instante que deixou o veneno exposto. Isso foi um descuido", afirma o delegado Argentino da Silva Coqueiro.
Fonte: G1