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Garçom, psicólogo e poliglota - 20/02/2014

É normal chegar a um restaurante, ou bar e ser atendido por um garçom, mas um ou outro sempre se sobressai sobre os demais. É o caso, por exemplo, de Deivid Barbosa, 23, que está trabalhando na Choperia Avenida (Presidente Vargas, 445, 3232-3670). Ao ser atendida por ele, a reportagem GP percebeu a diferença e quis conhecer um pouco de sua história. Não deixe de ler. “Aos 14 anos, vendo as dificuldades da minha família, saí de casa para ajudar aos meus pais. Aí, fui trabalhar em uma carvoaria, onde conheci uma mulher com quem tive 2 filhos. Depois me mudei para Pará de Minas, onde recebi uma proposta para trabalhar em São Paulo/SP. Porém, chegando lá, não consegui me estabelecer no trabalho e acabei me deparando com as dificuldades da vida. O mais triste foi quando minha filha ficou internada e eu passei 47 dias com ela no hospital. A mãe dela estava desaparecida, por ter tido uma depressão pós-parto. Devido a uma discussão que eu tive com a minha sogra, eu não podia entrar em casa. Então, dormia do lado de fora do hospital em um banco de praça. Certa vez, uma criança de rua, me pediu 1 real para comprar pão. Aquilo me cortou o coração, pois eu não tinha o que comer… (suspiro). Aí, eu pedi 1 real para um homem que estava próximo, mas ele disse que eu tinha condições de trabalhar e me negou, além de ter usado palavras sujas contra mim. Passados alguns meses fui trabalhar em um frigorífico. Depois de um tempo, qualquer pessoa, para trabalhar lá, precisava passar pelo meu treinamento. E aquele mesmo homem, que havia me insultado, veio parar nas minhas mãos. Ele se assustou demais quando me viu, mas eu o treinei para ser o melhor funcionário dali. Na vida, você não deve pagar o próximo com a mesma moeda ruim, porque você acaba colhendo o que plantou. Depois, procurando por uma nova oportunidade, encontrei a vaga de garçom, mas não sabia fazer a tarefa. Eles me ensinaram e ainda pagaram um curso para mim. Trabalhei por 3 anos e 6 meses lá, quando retornei a Pará de Minas”, resume Deivid. PSICÓLOGO DE BAR – “Sobre minha forma de atender, digo que a educação vem do berço. Por mais simples que sou, carrego aquilo que aprendi; meu jeito sempre foi esse, 24 horas por dia, dentro ou fora do trabalho. Não consigo ser diferente. Eu não sei diferenciar um cliente do outro. Para mim são todos iguais, seja pobre ou rico. É importante dar atenção ao cliente; têm aqueles que estão sorrindo, mas por dentro tem algo incomodando; alguns estão ali para se divertir; outros para se esquecer dos problemas. Eu percebo isso de cara, pelo olhar da pessoa e tento dar um pouco de atenção para que a pessoa sinta-se confortável aqui”. POLIGLOTA – “Quando estou fazendo o meu trabalho, não penso em méritos. Caso eu receba uma gorjeta, fico agradecido, mas não faço tanta questão de gorjetas. Como sempre digo, eu estar ali servindo não é uma obrigação, é um prazer. Tenho conhecimento das línguas espanhola, inglesa, italiana, japonesa e coreana. Já atendi aqui uma senhorita que veio dos E.U.A e eu pude atendê-la muito bem. Com esse meu conhecimento consigo passar uma visão diferente da cidade para os que vem de fora”. NEGÓCIO PRÓPRIO – “A vida é como um jogo de xadrez. Se você mexe a peça errada, eles podem de dar um checkmate e você tem de iniciar tudo do zero, recomeçar. Essa regra se aplica principalmente no mundo dos negócios eu pretendo ter o meu próprio negócio, futuramente. Terá de ser tudo muito bem planejado”. PARÁ DE MINAS – “Eu nunca imaginava estar novamente ao lado da minha mãe, devido as dificuldades pelas quais passei, morando na rua. Passei por momentos baixos em São Paulo. Muitos reclamam da vida que possuem, mas para todo problema existe uma resposta de Deus e é besteira se deprimir e se fechar para o mundo. Sempre terá um novo dia e uma nova chance para cada um de nós. Basta tentar”.

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