Os quatro quarteirões fechados que cercam a praça da Savassi, em Belo Horizonte, ganharam, nesta segunda-feira (24), uma decoração especial: 20 réplicas de 1m85 da Mônica, personagem dos quadrinhos criada por Mauricio de Sousa. As peças foram customizadas por artistas de diferente áreas, como o ilustrador Alex Senna e a grafiteira Tikka Meszaros.
Intitulada “Mônica Parade”, a intervenção urbana aconteceu no ano passado em São Paulo como celebração dos 50 anos da protagonista e agora permanecem na capital mineira até o dia 24 de abril. “A escolha foi estratégica, pois aqui há grande consumo dos quadrinhos”, revela o presidente da Panini, editora dos quadrinhos da “Turma da Mônica” e patrocinadora da exposição, José Martins. O mercado de Minas Gerais é o terceiro maior consumidor dos quadrinhos da Mauricio de Sousa Produções (MSP), empresa responsável pela produção, licenças e distribuição.
Para inaugurar a mostra, estavam presentes o cartunista e suas filhas Mônica e Magali, musas inspiradoras das personagens do pai. A inédita presença do trio para uma coletiva para imprensa causou frisson entre os transeuntes. Quem passava queria tirar fotos, conversar um pouco com eles e pegar autógrafos.
Não é para menos. A Turma da Mônica não só faz parte da infância de milhares de brasileiros, mas se tornou um importante instrumento de alfabetização. “Os personagens possuem características muito próximas das pessoas comuns. Todo mundo tem uma Mônica ou um Chico Bento na família e assim por diante. E todo menino já foi ‘cascão’ um dia”, brinca Mauricio de Sousa ao explicar o êxito de sua criação.
Fora do país esse aspecto também foi reconhecido. Na China, as revistas foram elogiadas, conta o quadrinista, por tratarem sobre ética de uma forma educacional e, na Indonésia, a dentuça, como é conhecida, é um símbolo do feminismo. “Todas as histórias publicadas nos outros países são as mesmas que saem aqui. Conseguimos criar uma galeria de personagens universais”, diz Sousa. Ao todo, o MSP trabalha com 70 personagens.
O principal deles é a estrela da exposição, inspirada na filha de mesmo nome, que admite as semelhanças com seu alter-ego. “Como ela, era muito irritada também, mas tive que abandonar o coelho (Sansão) mais cedo, sou bem calma hoje. Mas a verdade é que não consigo me imaginar sem ela”, diz Mônica.
Sua irmã Magali, moradora de Belo Horizonte há 20 anos, também se vê na personagem inspirada nela. “Acho que sou parecida com ela”, diz enquanto come uma salada de frutas. No próximo semestre, aliás, começam as comemorações do cinquentenário da comilona da Turma. “Ela também tem que envelhecer né?”, brinca Mônica.
Outra novidade será a inclusão de mais um integrante ao grupo, o Marcelinho. “Ele foi inspirado no meu filho mais novo e vai entrar em abril na Turma para falar de economia e de finanças. Pensei nessas característica, porque esse meu filho fica me regrando quando quero comprar algo. É sempre assim, não preciso inventar nada”, diz Sousa.
E agora? Infelizmente, Belo Horizonte recebeu menos da metade das Mônicas criadas para a exposição em São Paulo. Lá, foram 50 esculturas espalhadas por diversos bairros da cidade. Passada a exposição, 30 foram leiloadas, gerando R$ 440 mil em recursos para o Fundo da Unicef.
A peça que recebeu o maior lance, R$ 80 mil, foi inspirada na pintora Frida Kahlo. Quem a concebeu foi o artista plástico Reynaldo Berto. “Fiquei muito orgulhoso de fazer parte deste seleto grupo e tive a ideia depois de uma viagem ao México, onde me apaixonei ainda mais pela cultura local e pela artista”, diz Berto, que compara: “A Mônica e a Frida são mulheres de personalidade forte”.
As peças que estão na capital mineira, porém, não serão leiloadas. “Elas terão um destino diferente”, comenta Mônica, que também não confirmou se as peças serão exibidas em outra cidade.
Agenda
O quê. “Mônica Parade” em BH
Quando. Até o dia 24 de abril
Onde. Praça da Savassi
Fonte: O Tempo
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